Cérebro – mantenha-o seu sempre jovem

Alimente e malhe seu cérebro para chegar à velhice com lucidez e autonomia. Quem nunca ouviu a frase “só quero viver enquanto a minha cabeça estiver funcionando bem”? A declaração tem muito a ver com o medo da perda de memória ao longo dos anos e o comprometimento da independência e do domínio sobre si próprio.
Mas engana-se quem pensa que a idade em si é um fator de risco para a amnésia.
Embora a ciência tenha dúvida sobre o assunto, felizmente ela já sabe muita coisa sobre como manter seu depósito de lembranças em segurança.

Mecanismo de funcionamento

Existem dois tipos de armazenamento na memória, o de curto e o de longo prazo. O primeiro é aquele usado quando se precisa gravar o número de um telefone. Depois de utilizada, a informação é descartada. Mas, quando a necessidade é gravar a tabuada, utiliza-se o segundo mecanismo.
E, para isso, imagens, sons, cheiros e outras variáveis fazem toda a diferença na sua assimilação pelo cérebro, pois o conjunto de dados fortalece as conexões que formam a lembrança.
Como não tem capacidade infinita, a memória usa o esquecimento como um recurso de edição, de modo que muitas informações são desprezadas quando já cumpriram sua finalidade.
Afinal, porque lembrar do aniversário de seu primo de segundo grau se vocês não se veem há décadas? Ao que tudo indica, é durante o sono que o incrível HD (Hard Disk ou disco rígido, lugar onde são gravadas as informações do computador) biológico se organiza e recupera.

E a idade?

Não, ela não determina se as memórias vão permanecer ou ser esquecidas. Na verdade, a amnésia só ocorre por algum problema neurológico. Se não existe doença, uma pessoa idos é tão possível guardar informações quanto uma jovem.
Os neurônios responsáveis por armazenar lembranças são mais lentos em relação aos demais e funcionam com a repetição de estímulos – isso explica porque as músicas permanecem intactas na cabeça.
Então, com o envelhecimento do organismo, é natural que o processo de gravação exija mais repetições, apenas.

É importante ressaltar também que aos 20 anos a quantidade de informações captadas pelo cérebro é infinitamente menor do que o depósito mental de que quem chegou ao 50.
Portanto, é natural que o acesso aos dados seja mais lento, principalmente quando se tenta fazer muita coisa ao mesmo tempo – lembrar o nome de alguém enquanto fala ao telefone, assistindo televisão e beliscando um aperitivo.
Muitas vezes, o problema não é de memória, mas de atenção.

E os “brancos”?

Se você foi ao supermercado para comprar leite, mas voltou só com o pão, presunto e queijo, não ache que está sofrendo de perda de memória. “Clinicamente pode-se dizer que a falta de memória é um problema quando passa a interferir no cotidiano da pessoa. Ser esquecido não significa ter amnésia”, diz Schultz.
Na verdade quem tem problemas de memória costuma não se dar conta disso e são as pessoas ao redor que percebem o esquecimento crônico.
Mesmo diante dessa situação, não há motivo para pânico, pois uma investigação minuciosa vai indicar qual é o melhor tratamento.

Hora de malhar

Como a sabedoria popular orienta que é melhor prevenir do que remediar, você pode se antecipar e investir em hábitos que melhoram o desempenho do cérebro. Fazer exercícios físicos, por exemplo, favorece as funções cognitivas.
A prática combate os radicais livres, que são os maiores responsáveis pelas doenças degenerativas, e ajuda a renovar as células do cérebro.
Durante atividade física intensa, o corpo produz novos neurônios, especialmente na região do hipocampo, ligado à qualidade das memórias”, explica o neurologista Rodrigo Shultz, membro da Academia Brasileira de Neurologia.

Cérebro sarado

O treino específico para o cérebro também é fundamental na manutenção de sua capacidade. É nisso que acredita o cientista o neurocientista norte- americano Larry Katz, autor do livro Mantenha seu cérebro vivo. Ele criou a chamada neuróbica, uma ginástica específica  que consiste em realizar as atividades rotineiras de forma diferente.
O objetivo é sair da zona de conforto, explorar novas experiências por meio dos sentidos e, consequentemente, estimular áreas diferentes do cérebro.
Então saia do automático e comece a trabalhar!

  • Brinque de andar de costas pela casa.
  • troque o relógio do braço no qual está acostumado a colocá-lo.
  • Tente vestir-se de olhos fechados.
  • Vire fotografias de cabeça para baixo e tente observar detalhes ainda não reparados.
  • Veja as horas refletidas no espelho.
  • Inverta o lado do mouse no seu computador.
  • Escove os dentes com a mão esquerda. Se for canhoto, a direita.
  • Faça caminhos diferentes para ir ao trabalho.
  • Escolha uma foto de revista e dê a ela, ou ao tema abordado, 25 adjetivos.
  • Quando for a um restaurante, peça algo diferente do habitual, tente observar os sabores sutis e identificar os ingredientes utilizados. Confira os seus palpites com o garçom.
  • Ao entrar em um ambiente cheio de gente, tente identificar quantas pessoas estão do seu lado direito e ao esquerdo. Depois, observe os objetos de decoração, feche os olhos e numere-os mentalmente.
  • Escolha uma frase de um livro e tente montar uma outra frase usando as mesmas palavras.
  • Que tal jogar algo que nunca jogou?
  • Compre um quebra cabeça de muitas peças e tente montá-lo cada vez mais rápido. Use um relógio para cronometrar.
  • Vá as compras de supermercado com uma lista, mas guarde-a no bolso. Tente comprar com base no que você lembrar. No final confira sua lista com os itens do carrinho.
  • Experimente aprender uma palavra nova por dia.
    Quando for adequado, use-a para conversar.
  • Pense em uma palavra e escolha outras cinco com a mesma letra inicial.
  • Ouça o noticiário de manhã e, no fim do dia, tente recuperar com a mente as notícias que lembrar.

Alimentos para a cabeça

“Diversos fatores podem interferir na performance cognitiva do indivíduo, como idade, estresse, sono e alimentação. Existem alguns alimentos que quando incorporados à dieta cotidiana trazem benefícios e proteção quanto a perda de memória.
Podemos citar os ácidos graxos ômega 3, presentes em peixe e na linhaça, por exemplo”, conta a nutricionista Andreia Naves.
A seguir confira os nutrientes que ajudam o cérebro a funcionar melhor e onde encontrá-lo.

Vitamina B1 (tiamina)

Essencial na transformação da glicose se ingerida na alimentação, aumenta a formação de adenosina trifosfato (ATP), responsável pelo armazenamento de energia. Vale lembrar que 20% do vigor é utilizado pelo cérebro.

Fontes: carne vermelha, castanha-,do-pará, pistache, avelã e aveia

Vitamina B2 (Riboflavina)

Regula a glutationa, substância que protege as células, inclusive do sistema nervoso, da ação nociva dos radicais livres.

Fontes: fígado, amêndoa, iogurte, frutos do mar, grãos e cereais integrais.

Vitamina B3 Niacina)

Participa da manutenção de substância químicas que regulam os neurônios e hormônios.

Fontes: fígado, aves, carnes magras, leite ovos, frutas secas, brócolis e cenoura.

Vitamina B6

Importante na formação de neurotransmissores, seu déficit diminui a formação de serotonina, relacionada a sensação de prazer e bem-estar.

Fontes: gérmen de trigo, carne suína, cereais integrais e leguminosas.

Vitamina B12 e ácido fólico

Juntos, combatem os processos  degenerativos do cérebro, por participarem da síntese de DNA.

Fontes: leite e derivados, ovos, peixes e carne vermelha.

Vitamina C

Seu poder antioxidante ajuda a combater reações tóxicas que ocorrem nas células, e é muito importante na formação de acetilcolina, neurotransmissor fundamental para o sistema nervoso.

Fontes: acerola, limão, laranja, kiwi, caju, tomate e morango.

Vitamina D

Auxilia na regeneração de neurônios e regula a fixação de cálcio, que atua em receptores neurais importantes para a memória.

Fontes: peixes, leite fortificado e óleo de fígado de bacalhau.

Cálcio

Participa da formação de óxido nítrico, um gás com ação vasodilatadora no organismo e que beneficia a formação de memória.

Fontes: leite e derivados, vegetais de folhas verde-escuras, cereais integrais e ovos.

Magnésio

Presentes nos receptores NMDA (Nmetil-D-aspárticos) que existem no hipocampo, é indispensável para a formação das lembranças.

Fontes: vegetais folhosos, cereais integrais (especialmente aveia  e arroz), frutos do mar e sementes.

ômega 3

Ácido graxo poli-insaturado precursor do DHA (ácido docosahexaenóico), que tem participação ativa na formação e manutenção do sistema nervoso, incluindo a constituição dos neurônios. também combate o estresse oxidativo que degrada as células nervosas.

Fontes: peixes (especialmente de águas salgadas).

Colina

Vitamina essencial do complexo B, é precursora da acetilcolina, que participa do desenvolvimento do cérebro por meio da renovação celular.

Fonte: ovo.

Evite!

Os alimentos tanto podem colaborar com a memória como prejudicá-la. “A gordura saturada dos alimentos industrializados favorece a perda de memória, devido aos processos inflamatórios que causa.
Já o açúcar, quando consumido sem moderação, eleva rapidamente a produção de insulina, que desencadeia reações químicas que agridem as células cerebrais”, alerta a nutricionista Eliane Pádua.
Outro exemplo de alimento ruim para a cabeça é a carne vermelha, que, se consumida sem moderação, estimula a produção de homocisteína, substância tóxica para os neurônios que pode até favorecer o desenvolvimento de Alzheimer.
O consumo descontrolado de álcool pode causar déficit temporário de memória, atenção e aprendizado, levando à morte de neurônios e prejudicando a formação de novas células cerebrais.

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