Diabetes x Insulina

No mundo todo, mais de 250 milhões de pessoas são portadoras de diabetes, patologia que é considerada uma das mais graves doenças do século. Só no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, são mais de 11 milhões de diabéticos e a cada ano que passa, esses números aumenta ainda mais.
Mas, apesar desse aumento assustador, o diabetes não é uma doença dos “tempos modernos”.
Já era uma doença bastante conhecida na Antiguidade, quando era diagnosticada pelo sabor adocicado da urina de seus portadores.
Por causa dessa característica, foi denominada “diabetes melittus”, que significa “doce como o mel”.
Daquela época até 1921, quando a insulina foi descoberta, médicos e pesquisadores registraram uma série de curiosidades a respeito do diabetes.

O papiro de Ebers

Um papiro egípcio datado de 1552 a. foi o primeiro documento encontrado com uma descrição bem documentada sobre o diabetes.  Chamado de Papiro de Ebers, esse antigo documento mede 20 metros de comprimento. Nele, são relatadas as mais comuns doenças que acometiam a população do Antigo Egito.
Considerado o mais importante documento médico já encontrado, nele estão descritos as doenças, seus sintomas e as receitas indicadas.
O diabetes merece destaque especial no Papiro de Ebers, que descreve como sintomas do diabetes, o emagrecimento rápido do paciente, a sede contínua e a vontade constante de urinar.
Para tratar o diabetes, os médicos da época prescreviam o consumo de folhas de hortelã, dieta e oferendas aos deuses Isis e Osíris.

Na medicina Ayurvédica

Muitos séculos depois que os egípcios escreveram o Papiro de Ebers, em aproximadamente 500 a.C, o indiano Susruta, considerado um dos pais da medicina Ayurvédica, fez um estudo completo sobre 1.200 doenças, entre elas o diabetes.
Susruta também foi o primeiro a descobrir que existiam dois tipos de diabetes: um que acometia pessoas jovens e era muito perigoso, levando seus portadores à morte e outro que era mais frequentes em adultos acima do peso.
para os dois casos, o indiano receitava dieta e atividades esportivas.

A origem do nome

A origem do nome “diabetes” é bastante antiga, vem do grego e quer dizer “sifão”, numa referência muito clara ao excesso de urina e à sede contínua, sintomas típicos da doença.
Somente anos mais tarde, quando os médicos do Ocidente descobriram que o portador de diabetes tem a urina adocicada é que foi acrescido o nome “mellitus”, que significa mel em latim.
Foi então que a doença passou a ser chamada de Diabetes mellitus.

Segundo documentos históricos, em aproximadamente 250 a.C, o grego Paulo de Aegina recomendava aos portadores de diabetes o uso de remédios à base de ervas, vinho e vinagre. Um século depois, Areteu da Capadócia escreveu o que se considera o mais completo estudo do diabetes da época.
Embora tenha nascido em Anatólia, região onde hoje é a Turquia, Areteu viveu praticamente a vida toda em Roma, onde teve contato com muitos portadores de diabetes.
Assim como Paulo de Aegina, Areteu também recomendava o consumo de vinho com água, além de uma rígida dieta para os diabéticos.

O diagnóstico feito provando-se a urina do paciente perduro da Antiguidade até a Idade Média, período em que os médicos árabes fizeram os primeiros relatos detalhados de pacientes em coma glicêmico.
Para evitar que o paciente chegasse a esse estágio da doença, eles recomendavam uma dieta rica em grãos, seguindo assim as recomendações que hipócrates já fazia na sua época.

A descoberta da insulina

O diabetes só voltou a ser estudado a partir de 1600, por médicos europeus. Na época, os dois métodos existentes para tratar pacientes diabéticos eram bastante distinto entre si: um sugeria uma dieta para repor o açúcar eliminado pela urina e o outro prescrevia a restrição de carboidratos.

Somente em 1775, o britânico Matthew Dobson detectou uma substância doce e cristalina presente na urina dos diabéticos, mais tarde identificada pelo químico francês Michel Eugène Chevreul como insulina.
A partir dessa descoberta, as pesquisas se intensificaram e assim, logo nas primeiras décadas de 1800, foi criado um aparelho denominado “diabetômetro”, capaz de medir a taxa de glicose presente na urina do paciente.

Em 1869, o médico alemão Paul Langerhans descobriu células ilhotas no pâncreas e, um ano depois, o médico francês Bouchardt passou a defender a ideia de se criar uma dieta específica para cada portador de diabetes.
Duas décadas depois, em 1889, os médicos alemães Joseph von Mehring e Oskar Minkowski ao retirar o pâncreas de um cachorro, concluíram que aquele órgão era fundamental para o metabolismo sanguíneo.
Foi a partir dessa descoberta que as pesquisas passaram a relacionar o funcionamento do pâncreas com o diabetes.

Em 1910, o fisiologista inglês Edward Albert Sharpey-Schafer propôs que a substância química que é produzida pelo pâncreas, exceto nas pessoas com diabetes, receba o nome de “insulina”. Embora o diabetes fosse o foco de várias pesquisas científicas, não existia ainda um tratamento comprovadamente eficaz.
Não se pensava em utilizar a insulina como tratamento e o único tipo de prescrição dos médicos para os pacientes eram as dietas como as do leite, do arroz, da batata e até a dieta do ópio, que prometia curar o diabetes definitivamente.

Descoberta da insulina impulsiona novas pesquisas

Quando Sharpey-Schafer descobriu que o metabolismo sanguíneo dependia de uma substância química produzida pelo pâncreas, à qual ele deu o nome de “insulina”, médicos e cientistas do mundo todo passaram a dedicar-se mais profundamente às pesquisas sobre diabetes.
Um deles foi o cirurgião-ortopedista canadense Frederick Banting (14 de Novembro 1891/21 de fevereiro 1941), foto ao lado, que, em 1920, após ler um artigo científico escrito por Moses Barron sobre as ilhotas de Langerhans, deu início a uma série de pesquisa sobre a insulina.
Supervisionado por John Macleod e auxiliado pelo estudante Charles Best, Frederick Banting foi para Toronto, onde realizou inúmeras pesquisas.
Isolam do pâncreas de cães uma substância capaz de eliminar os sintomas do diabete O extrato é batizado de insulina.
Ganhou o prêmio de Fisiologia ou Medicina em 1923.
É considerado um dos descobridores da insulina.

 

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