Por que não consigo engravidar?

A dificuldade para engravidar é um problema que atinge cerca de 20% dos casais no mundo. Alguns hábitos ou fatores podem dificultar a gravidez, como tabagismo, alcoolismo, dependência química e sedentarismo, além de maus hábitos alimentares e contato frequente com poluentes.
Algumas doenças sistêmicas como o lúpus eritematoso; a endometriose, na mulher; ou a varicocele, no homem, também podem prejudicar.

Outro obstáculo cada vez mais visto atualmente é a idade avançada da mulher, que adia a maternidade geralmente por motivos profissionais.
Com isso, quando decide engravidar, ela já está com quantidade e qualidade dos óvulos prejudicada, gerando embriões com alterações cromossômicas e diminuição nas chances de gravidez, além do aumento do risco de aborto.

A endometriose, chamada de “doença da mulher moderna”, é outra causa importante, que leva a alterações ovulatórias, obstrução e aderência das trompas; além dos problemas que dificultam ou impedem a gravidez relacionados à fertilidade do homem.

Um casal deve começar a procurar orientação médica para engravidar depois de 12 a 18 meses sem a utilização de nenhum método medicamento anticoncepcional. Se a mulher tiver mais de 35 anos, convém antecipar a pesquisa e iniciar a orientação mais precocemente.

A investigação inicial é feita por meio de exames como o espermograma, que avalia o número, a mobilidade e outras características dos espermatozoides; a histerossalpingografia, que atesta a permeabilidade do canal genital; a ultrassonografia transvaginal e a dosagem de progesterona, que pesquisam a função ovariana.
Em casos de suspeita de outros problemas, como a endometriose ou aderências, exames complementares serão necessários.

No caso de necessidade de técnicas de fertilização, os resultados variam conforme os resultados dos exames e características do casal. Em mulheres jovens, as taxas chegam a 55%, mas as chances caem conforme a idade da mulher aumenta.

Calcula-se que 1 em cada 8 casais tem dificuldade para engravidar. Em cerca de 40% dos casos, a causa da infertilidade está relacionada a problemas com a saúde da mulher e em 40%, a do homem. Também existe a possibilidade de ser uma combinação do casal em 20% das situações.
No geral, antes dos 35 anos, é considerado normal a mulher levar até 1 ano para ficar grávida.
A partir daí, o prazo cai para 6 meses.
Mas nem sempre a questão é fisiológica.
Às vezes, até mesmo a ansiedade atrapalha.
Se esse for o seu caso, saiba que algumas mudanças no estilo de vida podem aumentar as chances de gravidez.
A seguir, listamos dez dicas de especialistas em reprodução humana para você aproveitar ao máximo sua fertilidade.
Confira!

 –  Olho na saúde

O primeiro passo para usar a fertilidade a seu favor é observar se está tudo bem com o organismo. Verifique se anda sentindo algum incômodo, dores que até então não chamaram a atenção, mudanças bruscas de peso ou de humor. Comente com o médico.
Sintomas como esses, por exemplo, podem indicar uma disfunção da tireoide, que compromete as chances de engravidar.
Atenção também com as doenças sexualmente transmissíveis.
Muitas vezes, elas passam despercebidas, não são tratadas e também podem dificultar a gravidez.

 – Acerte o passo com a natureza

Saber das manhas da fecundação também a favorece. Um espermatozoide sobrevive de três a quatro dias no corpo da mulher. Mas o óvulo tem vida menor, cerca de 12 horas. Se o gameta masculino chegar ao organismo feminino antes do dia da ovulação, aumentam as chances de concepção.
Aí começam os problemas, porque a ovulação, na teoria, acontece no 14º dia do ciclo menstrual, mas na prática é difícil saber o dia exato.
Então, é melhor ter relações todos os dias nesse período? Não, porque a quantidade de espermatozoides diminui com a freqüência de ejaculações.
É preciso encontrar um equilíbrio.
Os médicos aconselham manter relações sexuais dia sim, dia não pelo menos nas duas semanas que antecedem a ovulação.

 – Aposte nas vitaminas

O ácido fólico, bem como outras vitaminas encontradas em complexos específicos para gestantes, previne malformações no feto porque melhora a qualidade do óvulo e diminui a ocorrência de problemas em sua divisão celular e implantação no útero, depois de fecundado.
Os suplementos, também receitados para os homens, ainda favorecem a motilidade e a qualidade dos espermatozoides, dando-lhes mais energia.
Peça orientação ao médico sobre o que tomar.

 – Diminua o cigarro

O ideal mesmo é parar de fumar. Nas mulheres, o cigarro pode afetar a produção de hormônios importantes para o equilíbrio do organismo, como o estrógeno. O déficit desse hormônio, por exemplo, interfere no amadurecimento dos folículos, que serão os futuros óvulos, e no desenvolvimento destes, mais tarde.
Os homens que fumam podem ter espermatozoides com um menor potencial de fertilização, pois a nicotina prejudica sua morfologia.

 – Evite o álcool

Tomar uma garrafa de vinho ou cinco doses de outra bebida alcoólica destilada por semana pode reduzir até 40% a chance de uma gravidez. Isso porque o álcool interfere tanto no funcionamento do ovário, desregulando o ciclo menstrual, quanto no dos testículos, que vão produzir espermatozoides de má qualidade.
Sem falar no efeito negativo que pode causar no desempenho sexual.

 – Fuja das drogas

Naturais ou sintéticas, como a maconha e os anabolizantes, as drogas não combinam com o desejo de engravidar. Assim como o álcool, atuam nos ovários e nos testículos, afetando a qualidade dos gametas produzidos. Os efeitos colaterais também não têm nada a ver com sexo.

 – Equilibre a balança

Aqui não é somente uma questão de números, mas de vida saudável, já que um estilo desregrado de alimentação geralmente leva ao excesso de peso, que resulta na alteração da produção de hormônios sexuais importantes para a ocorrência de uma gestação. Evite frituras, gorduras e doces, e faça exercícios.
Uma boa corrida a dois no parque pode até ser bem afrodisíaca…

 – Seja flexível

Não acredite só no que é cientificamente comprovado. Confira também dicas populares. Uma delas: se logo depois de uma relação, a mulher continuar deitada na cama, relaxando, as chances de engravidar aumentam. Vale até tirar uma soneca. Se colocar um travesseiro no quadril para se manter mais elevada, é melhor ainda.
O que não pode é levantar, ir tomar banho, etc.
Pouquíssimos médicos assinam embaixo, mas não custa tentar.
Mal não faz.

 – Fique zen

Bem, depois de seguir as orientações anteriores, só falta relaxar. Sim, porque o estresse ou ansiedade, segundo a experiência dos médicos em consultórios, altera, sim, a fertilidade. Pense que, no mínimo, quem está estressado vira para o lado e dorme. Apele para meditações, aromaterapia. O importante é relaxar.

 – Invista nos chamegos

E relaxada você estará mais propensa a criar clima de romance com o parceiro. Porque, lógico, quem quer engravidar precisa transar. Muito. Do contrário, de nada adiantou ler tudo isto.

Principais causas de infertilidade feminina

Problemas ovulatórios, obstruções na trompa, doenças uterinas, infecções no colo do útero e fatores imunológicos estão entre as principais causas de infertilidade feminina.
“Muitas mulheres apresentam dificuldades para ovular causadas pela Síndrome dos Ovários Policísticos ou por disfunções na tireoide ou nas glândulas supra-renais”, diz Joji Ueno, que também é Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da USP.

As obstruções nas trompas podem ser causadas pela endometriose ou algum tipo de aderência que dificulte a mobilidade, ou seja, o transporte do óvulo até o útero que é realizado pela trompa. Em alguns casos, os problemas estão localizados no útero, causados por miomas e pólipos.
“As infecções do colo do útero também impedem a gravidez porque deixam o muco vaginal hostil, não permitindo a sobrevivência e a passagem do espermatozoide”, afirma o médico.

Há casos também em que a mulher não engravida porque seu sistema imunológico entende o espermatozoide como um intruso e o rejeita. Somados aos fatores biológicos, segundo o médico, estão também o uso de drogas, álcool, remédios sem prescrição e hábitos de vida sedentários que podem causar infertilidade também.

Por alterações hormonais, a mulher pode ter períodos sem menstruação (amenorreia). Na presença de ciclos menstruais regulares, a mulher pode não ovular, pode ovular ovócitos imaturos ou ovócitos com alterações (morfológicas e/ou genéticas).
Vários distúrbios hormonais contribuem para a disfunção ovulatória, como o excesso de prolactina, dos androgênios (ovário policístico), ou das hormonas tiroideias (doenças da tireoide).
Nos casos mais graves pode ocorrer insuficiência ovárica prematura, situação em que o ovário deixa de produzir folículos (mulheres <35 anos).
Nestes casos, a mulher deve efetuar teste genético para o X-frágil).

Síndrome dos Ovários Policísticos

O ovário policístico  apresenta sinais e sintomas que levantam a sua suspeita, como obesidade, pilosidade aumentada, acne, irregularidades menstruais. Os quistos impedem a formação de ovócitos maduros ou mesmo a ovulação porque respondem aos níveis hormonais e crescem, ocupando o espaço livre necessário para o desenvolvimento do ovócito.
O diagnóstico do ovário policístico faz-se por ecografia e doseamentos hormonais dos androgênios (aumentados) e da 21-hidroxilase (se diminuída, pedir estudo das mutações do gene).
A adolescente com  policístico deve efetuar medicação inibidora dos andrógenos, para não sofrer insuficiência prematura do ovário.
Na idade de desejar engravidar, e se tal não ocorrer espontaneamente, após a paragem da medicação, a mulher deve efetuar laparoscopia para cauterizar os quistos.
Nos casos ligeiros, basta medicação com análogos da GnRH (Hormônio liberador de gonadotrofina)

Endometriose

A endometriose é também uma doença congênita, em que existem focos de endométrio (epitélio que reveste a cavidade uterina) espalhados em várias regiões do corpo (as zonas mais frequentes são os ovários, as trompas e a cavidade abdominal).
Nesta doença, a mulher apresenta dores muito fortes antes da menstruação, durante a menstruação ou nas relações sexuais.
Os focos ectópicos de endométrio surgem durante o desenvolvimento fetal.
Não se sabe se é de causa genética ou se está ligado a factores tóxicos ambientais (ar, alimentos).
A endometriose causa disfunção ovulatória porque os focos ectópicos respondem aos níveis hormonais como se fosse o endométrio uterino, desregulando o ovário.
Por laparoscopia (celioscopia: endoscopia da cavidade abdominal), estes focos podem ser destruídos por coagulação.
No caso de quistos endometriais do ovário (endometrioma), deve-se efetuar exérese cirúrgica conservadora.
Se tal não for possível e a doença for bilateral, deve-se poupar um dos ovários e tentar supressão com medicação usando análogos da GnRH até se conseguir o bebê.

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Obstrução tubar

A obstrução das trompas deve-se geralmente a uma infecção genital, que é assintomática. Por vezes, a infecção das trompas causa uma inflamação aguda (salpingite) seguida de dilatação das trompas (hidrosalpinge) que obriga à sua remoção cirúrgica (salpingectomia).
Evitam-se estas infecções com a monogamia de relação fiel e estável ou usando sempre preservativo se relação sexual fora de uma relação estável.
Noutros casos, deve-se a laqueação das trompas como método anticonceptivo.

Muco cervical incompetente

A cavidade uterina encontra-se protegida pelo muco que reveste o colo uterino. Este muco cervical é também responsável pela limpeza e seleção dos espermatozoides. Se o muco cervical não for competente, os espermatozoides não conseguem penetrar na cavidade uterina.

Anomalias do cariótipo

O cariótipo é a análise dos 46 cromossomas que todos nós possuímos nas células do corpo. Esta análise efetua-se nos leucócitos (glóbulos brancos) obtidos por punção venosa.
A alteração do número ou da estrutura dos cromossomas está associado com insuficiência prematura do ovário, disfunção ovulatória, produção de ovócitos imaturos, produção de ovócitos morfológica e/ou geneticamente anormais, anomalias do desenvolvimento embrionário, falhas da implantação, abortamentos de repetição e anomalias fetais.

Patologia uterina.
Quais são?

Fibromiomas. Os fibromas são tumores benignos do músculo liso (miométrio) do útero. Podem impedir a gravidez por ocupação de espaço e, se fizerem proeminência na cavidade uterina, dificultam a implantação e podem induzir abortamento.

Pólipos: São tumores benignos pediculados do endométrio. Causam frequentemente hemorragias, impedem a implantação devido a ocuparem espaço e a desencadearem inflamação, e podem induzir abortamento.

Hiperplasia benigna do endométrio: Por desregulação hormonal ou infecção crônica, o endométrio pode espessar de tal modo que impede a implantação ou induz abortamento.

Hipoplasia do endométrio: Se o endométrio não crescer (12-14 mm) na altura da implantação, a gravidez dificilmente poderá ocorrer. Deve-se a défices hormonais ou a mutações genéticas dos receptores das hormonas esteróides para a progesterona e os estrogênios.

Endometrite: As infecções silenciosas do endométrio são frequentes, sendo geralmente causadas por bactérias de transmissão sexual ou pós-curetagem (micoplasma, clamídea, listeria).
Em casos menos frequentes, pode ser devida à infecção persistente pelo parasita protozoário toxoplasma ou pelo vírus do colo uterino HPV (vírus do papiloma humano).
Estas infecções impedem a implantação e podem causar abortamento.

Sinéquias: São aderências (cicatrizes) do endométrio, geralmente secundárias a infecções genitais ou à curetagem (raspagem) do endométrio durante a interrupção voluntária da gravidez (IVG ou abortamento provocado). Dificultam a implantação e podem induzir abortamento.

Tumores malignos

Os tumores malignos obrigam frequentemente à remoção cirúrgica do órgão, a quimioterapia (QT) e a radioterapia (RT). Quer a QT, quer a RT (se for pélvica), são agentes esterilizantes dos ovários.
No caso dos tumores malignos atingirem os órgãos genitais, pode haver necessidade de remoção cirúrgica do útero (histerectomia), das trompas (salpingectomia) e/ou dos ovários (ooforectomia).
A ooforectomia é também uma opção frequente no cancro da mama.

Malformações anatômicas

Existem mulheres que nascem com malformações anatômicas congênitas dos órgãos genitais. Estas malformações são muito raras e variadas, indo desde a ausência total do órgão até variados graus de dismorfia da vagina, útero, trompas e/ou ovários. Em casos também muito raros, pode ocorrer mau desenvolvimento anatômico com ambiguidade sexual (intersexo).

Gravidez ectópica: Quando a implantação e a gravidez ocorre na cavidade abdominal (se o ovócito fecundado cair da trompa para a cavidade abdominal) ou na trompa de Falópio, o tratamento obriga a IVG (Interrupção Voluntária da Gravidez) e excisão da trompa afetada.
Por vezes, no caso da gravidez abdominal, pode haver necessidade de remoção cirúrgica do útero, QT e RT.
Se a gravidez ectópica for recorrente (2 consecutivas), o casal deve recorrer a RMA (Reprodução Medicamente Assistida), utilizando a técnica da fecundação in vitro (FIV) para evitar novos casos.

Interrupção voluntária da gravidez

Sobretudo se efetuada por pessoal não-médico e fora de instalações hospitalares, o aborto provocado pode originar lesões graves do endométrio (sinéquias), infecções crônicas do endométrio (endometrite), infecções tubares (com obstrução das trompas) e perfuração uterina com histerectomia de urgência.

Abortamentos de repetição: Os abortamentos do primeiro trimestre (até às 12 semanas de gestação) são geralmente devidos a problemas genéticos parentais.
Nestes casos incluem-se a idade avançada do ovário (após os 35 anos, a taxa de erros ovocitários aumenta), as anomalias do cariótipo (erros genéticos no ovócito ou no espermatozoide que causam um desenvolvimento embrionário deficiente; nesta situação, o abortamento é considerado uma defesa materna contra um produto inviável ou fortemente anómalo), as doenças da coagulação e as doenças auto-imunes.
Noutros casos, os abortamentos devem-se a causas não genéticas, como as sinéquias do endométrio, os pólipos do endométrio, a fibromas que fazem procidência para a cavidade uterina, a infecção das trompas ou a endometrite.

Auto-anticorpos

As doenças auto-imunes são doenças genéticas em que o sistema imunológico da pessoa ataca o próprio organismo. Nestes casos, as secreções uterinas contêm um excesso de anticorpos que pode impedir a implantação.
Um caso particular é o da mulher com anticorpos anti-espermatozoide, em que os anticorpos bloqueiam os espermatozoides, não os deixando fecundar o ovócito.

Causa desconhecida

Cerca de 10% dos casos de infertilidade parecem apresentar todo o sistema genital sem problemas, mas mesmo assim são inférteis. Em muitos casos, existem anomalias genéticas dos ovócitos, para os quais não existem testes de detecção.
Frequentemente, estes só se descobrem durante a fecundação in vitro, momento em que se podem observar os ovócitos, a fecundação e o desenvolvimento embrionário.
Podem causar incapacidade de fecundação, paragem do desenvolvimento embrionário, perda da qualidade embrionária, falhas da implantação, abortamentos de repetição ou fetos com anomalias estruturais.

O casal com problemas de infertilidade deve consultar um especialista de Reprodução Medicamente Assistida (RMA), quer nas consultas de infertilidade dos hospitais públicos, quer nas clínicas privadas dessa especialidade.

Principais causas de infertilidade masculina

Saúde do homem: é preciso conhecer as causas da infertilidade masculina. Infertilidade não significa a impossibilidade definitiva de ter filhos

As estatísticas mundiais a respeito da infertilidade mostram que mais ou menos 20% dos casais que desejam engravidar apresentam algum tipo de problema que pode levá-los a um diagnóstico de infertilidade.
Durante muito tempo, os problemas relacionados à concepção foram atribuídos exclusivamente às mulheres e só recentemente passaram a fazer parte do universo masculino.
“Talvez esta seja uma das explicações para a desinformação e o preconceito sobre a infertilidade masculina entre a população”, afirma o urologista Ricardo Felts de La Roca.

Depois de 12 meses tentando engravidar sem sucesso, o recomendável é que o casal procure auxílio médico, e a mulher seja examinada pelo ginecologista e o homem, por um urologista. Esta avaliação médica começa com o levantamento da história do casal, onde se pode verificar se o casal mantém relações sexuais regularmente.
“Em seguida, no caso do homem, procura-se identificar algum possível problema físico que esteja impossibilitando a gravidez, como dificuldades de ereção e para ejacular, e pede-se um espermograma, para determinar a quantidade e a qualidade dos espermatozoides ejaculados”, explica o médico.

Produção inadequada de esperma: O espermograma informa ao urologista o número de espermatozoides que o homem ejacula.
“O normal é ter 20 milhões de espermatozoides por mililitro de esperma e que 50% deles sejam móveis, isto é, tenham a capacidade de sair da vagina e chegar à trompa para encontrar o óvulo”, explica Ricardo Roca.
Vinte milhões não é um número absoluto, muitos homens com número menor de espermatozoides conseguem engravidar uma mulher, se ela for jovem e for fértil.
Como depois dos 35 anos, a fertilidade feminina começa a cair, aí, sim, o homem tem de produzir espermatozoides em quantidade e qualidade adequadas, informa o médico.

A primeira causa de infertilidade masculina é a baixa produção ou a produção inadequada de espermatozoides, decorrente de alterações hormonais, varicocele ou processos infecciosos ou inflamatórios, “que podem, uma vez reconhecidos, serem revertidos com tratamento médico adequado”, informa o urologista.

Varicocele: O aparecimento da varicocele, varizes que aparecem no cordão espermático, pode atrapalhar a produção dos espermatozoides, pois essas varizes fazem com que a temperatura escrotal e intratesticular aumentem, acarretando alterações na produção dos gametas.
“Entretanto, 60% dos portadores da doença não apresentam nenhuma alteração da fertilidade.
Os outros 40% , em geral, são inférteis”, afirma Ricardo, que também é assistente estrangeiro da Faculdade de Medicina de Paris V – Hospital de la Pitié-Salpetrière.

Tabagismo: Em relação aos fatores comportamentais que podem comprometer a fertilidade, alguns requerem atenção especial como o tabagismo. “Hoje, 35% dos homens em idade reprodutiva fumam, o que pode influenciar negativamente nas chances de sucesso de uma gravidez”, diz o médico.
O tabagismo masculino está associado à redução na qualidade do sêmen, incluindo concentração de espermatozoides, motilidade, morfologia e efeito potencial na função espermática, além das alterações nos níveis hormonais.
“Costumamos recomendar àqueles indivíduos que apresentam sêmen de qualidade marginal e história de infertilidade, que deixem de fumar para que haja uma melhora da qualidade do sêmen com a interrupção do tabagismo”, diz Ricardo Roca.

Uso de drogas e medicamentos: A prática sexual sem o uso de preservativos também é apontada pelo médico como um dos fatores que pode levar à infertilidade, devido às doenças sexualmente transmissíveis.
Outro comportamento muito habitual é o uso, muitas vezes, o abuso de álcool e drogas como a maconha, que afetam diretamente o funcionamento dos gametas masculinos.
“O uso de anabolizantes também prejudica o funcionamento dos testículos, resultando em uma produção de espermatozoides com baixa capacidade de fecundação.
Sua ação é parecida com a da testosterona em doses altas: bloqueia o funcionamento da hipófise e, conseqüentemente, a produção de espermatozoides nos testículos.
Em 20% dos casos, esse bloqueio é definitivo, irreversível”, avisa o urologista.

Alguns medicamentos usados no tratamento de gastrites, úlceras, hipertensão arterial e infecções por fungos, também podem causar danos à saúde reprodutiva.
Há também um medicamento muito usado para combater a queda de cabelo – a finasterida – que provoca diminuição do número de espermatozoides, principalmente naqueles que têm fatores de risco associados, como obesidade e varicocele, por exemplo, mas é um efeito colateral reversível.

Obesidade: ”A obesidade e o sobrepeso, bem como as dietas e a prática de exercícios exagerada também contribuem para uma baixa na taxa de fertilidade masculina, pois provocam uma diminuição do número de espermatozoides”, explica o médico. O estresse é outro fator relevante.
“Nos homens, o estresse causa problemas de impotência, dificuldades de ejaculação e alterações na qualidade dos espermatozoides”, explica o médico.

Possibilidades terapêuticas

O primeiro passo para um tratamento bem sucedido e a conseqüente gravidez da parceira é o correto diagnóstico da situação. Muitas causas de infertilidade masculina podem ser tratadas por meio de procedimentos simples como a terapia hormonal ou pequenas cirurgias.

Em outras situações mais complexas é necessária a indicação de inseminação artificial.
“As técnicas de reprodução assistida, realizadas em laboratório, em nosso meio, ainda são muito caras, mas em centros universitários já é possível contar com departamentos especializados e capacitados para oferecer estes procedimentos para os pacientes com menor renda”, afirma o urologista.

Exames auxiliam o diagnóstico

O médico especialista em reprodução humana, após ouvir o problema do casal, pode investigar várias das hipóteses citadas anteriormente antes de atestar a infertilidade do casal ou de definir um tratamento. “Contamos, hoje, com uma série de exames que apontam onde está a dificuldade feminina para a fecundação”, diz Joji Ueno.

O primeiro exame, a histerossalpingografia, revelará a mobilidade e permeabilidade da trompa, atestando se ela permite ou não a entrada do espermatozoide para a fecundação do óvulo. Se nenhuma anormalidade for identificada, os exames seguintes monitorarão a ovulação, as dosagens hormonais e o controle do ciclo menstrual.
“Aqui, o médico necessita do ultra-som, que averígua o crescimento dos folículos do útero e o funcionamento das glândulas”, explica o médico.

O diagnóstico completo pode ocorrer com a laparoscopia ginecológica. “Este exame só é feito quando os anteriores não esclarecem a causa da infertilidade feminina e o espermograma do parceiro não apresenta problemas”, esclarece Joji Ueno.

A laparoscopia é muito empregada no diagnóstico de doenças existentes no interior do abdômen como a endometriose, miomas, cistos de ovário, dor pélvica aguda ou crônica, aderências genitais e também no diagnóstico de infertilidade.
Por se tratar de um exame minimamente invasivo, a videolaparoscopia é considerada praticamente um procedimento ambulatorial, em termos de recuperação.
Nos casos onde há a necessidade de realizar procedimentos cirúrgicos empregando esta técnica, a internação da paciente é necessária.
“Após uma avaliação médica completa, que inclui exame ginecológico e uma avaliação pré-anestésica, o exame é realizado sob anestesia geral”, explica o médico.

Quando a paciente está anestesiada, uma pequena incisão é feita no interior da cicatriz umbilical. Uma agulha é colocada e através dela é feita a insuflação do abdômen com gás carbônico. O gás empurrará as alças intestinais para cima, longe dos órgãos genitais, permitindo a inserção de uma ótica acoplada a uma micro-câmera com o monitor.
“Esta micro-câmera aumenta a visão do médico em até 20 vezes, para que ele avalie com precisão as trompas, os ovários e o útero”, afirma Joji Ueno.

Quando o procedimento estiver terminado, apenas um ou dois pontos serão dados na incisão do umbigo e suprapúbica, colocando-se apenas uma espécie de Band-daid como curativo. “Se durante o exame, alguma anormalidade for percebida pelo médico, ela poderá ser corrigida e a laparoscopia diagnóstica se torna cirúrgica”, conclui.

Um caso real

A psicóloga Inez Oca-nã De Luca sempre sonhou em adotar uma criança. Mas imaginava que ela viria depois do filho biológico. Seis anos se passaram, porém, e a gravidez não ocorreu, apesar da ausência de problemas físicos do casal.
Como ela não queria fazer o tratamento com hormônios, resolveu, então, mudar os planos e adotou André, que chegou à sua casa com 3 dias de vida.
“Nós passamos por todo o processo de fraldas, mamadeiras, dores de barriga e, com o tempo completamente ocupado, eu não pensava mais em engravidar.
Sentia-me feliz e completa.
Aí, o subconsciente relaxou, e cinco meses depois, o Rafael crescia em minha barriga, para completar a família.

Essa história é bastante comum e os pais sempre se perguntam por que não conseguiram engravidar antes. Inez relata as principais barreiras emocionais e, com a ajuda de especialistas, nós acrescentamos também os problemas físicos.

Fatores emocionais

Ansiedade: Quanto mais deseja a gravidez, mais a mulher pensa a respeito e cada vez com menos objetividade. A ansiedade sobe.

Traumas de infância: Abandono, maus-tratos e outras situações traumáticas enfrentadas na infância podem gerar insegurança com relação à ideia de assumir o papel de mãe.

Medos variados: Do parto, da dor, de a criança nascer com algum problema de saúde, de não dar conta de suas necessidades, de ter problemas no trabalho, de o corpo mudar, de prejudicar o relacionamento com o parceiro, dos problemas do mundo como as drogas e a violência.

Culpa: Quem recusou a maternidade durante um tempo (e aqui incluem-se os abortos) tende a achar, mesmo que inconscientemente, que não merece engravidar.

Como contornar?

Tente relaxar: Curta os momentos mais íntimos com seu parceiro sem medo. Se tiver crianças na família, ofereça-se para cuidar delas. Ou experimente um trabalho voluntário.

Ocupe a cabeça: Dedicar-se a outras atividades funciona melhor do que se imagina. Nessas horas, o trabalho costuma ser uma ótima válvula de escape. Invista nele, produza, sinta-se útil e deixe a natureza fazer sua parte.

Procure suporte psicológico: Ele identifica os bloqueios que nós mesmas colocamos para a realização de nossos sonhos e ajuda a reprogramá-los. Vale testar.

Lembrando os principais problemas físicos

Síndrome dos ovários policísticos: Responsável pela infertilidade de três em cada quatro mulheres, causa cólicas, irregularidade na menstruação, acne, pele oleosa e obesidade.

Endometriose: Provoca dores durante a relação sexual e causa dificuldade de urinar.

Mioma: Tumor benigno que se forma no útero, costuma aparecer em mulheres com idade entre 30 e 40 anos.

Infertilidade do marido: Caxumba, doenças sexualmente transmissíveis, como sífilis e gonorreia, e varicocele (varizes na região dos testículos) também podem impedir a fecundação.

Tratamentos disponíveis

Medicamentos ou cirurgia: Eles são indicados pelo médico para reverter os problemas descritos anteriormente. E também há remédios para estimular a ovulação, que podem facilitar a gravidez.

Inseminação intrauterina: Colhe-se o esperma do parceiro e este é injetado diretamente no útero da futura mamãe, dentro dos óvulos estimulados por medicamentos.

Fertilização in vitro: O especialista coleta os óvulos da futura mamãe e a fertilização com o esperma ocorre em laboratório. Então, os embriões são colocados no útero.

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