Câncer de mama: diagnóstico de metástase não é mais ‘sentença de morte’

Novos medicamentos podem proporcionar sobrevida com mais qualidade. Entretanto, acesso ao tratamento é entrave na rede pública.

O diagnóstico de câncer de mama cai como uma bomba na vida de qualquer mulher. O calvário do tratamento com todos os efeitos colaterais, incluindo a queda do cabelo, e a possibilidade de retirada de uma das mamas (mastectomia) são alguns dos desafios.
Ainda mais difícil é descobrir a doença na fase de metástase, já que, por muitos anos, o câncer de mama metastático foi encarado com “sentença de morte”.

Entretanto, esse diagnóstico não é o fim. Há tratamento para as mulheres nesta fase da doença e a sobrevida pode ser com muita qualidade de vida. É isso que a campanha “Por mais tempo”, criada pela Fenama e o Instituto Oncoguia e lançada em São Paulo, defende (www.pormaistempo.
Uma petição solicita ainda ao Ministério da Saúde a incorporação de tratamentos mais adequados para as pacientes com o câncer de mama metastático.
“Um diagnóstico desse muda seu olhar sobre a vida.
Tirei o pé do acelerador.
Passei a trabalhar menos para viver mais”, relata a empresária Adriana Leão Venâncio (foto ao lado), de 50 anos, que descobriu um câncer de mama metastático há quatro anos.

A doença havia atingido o fígado. Ela iniciou os tratamentos de quimioterapia e radioterapia. “Fiquei dois anos careca. Isso mexe muito com a mulher. Para mim a questão da beleza é ainda mais forte, porque sou proprietária de um salão, onde ajudo as pessoas a escolherem sua imagem. Mas resolvi levantar, sacudir a careca e ir à luta”, relembra.
Ela teve que fazer a mastectomia radical e, ainda assim, enfrentou recidivas da doença.
Nada, porém, lhe retirou a vontade de viver.
Apesar do diagnóstico, não perdeu a esperança e resolveu enfrentar o câncer de mama metastático de frente.
Bem disposta, maquiada e com os cabelos arrumados, ela era uma das mulheres que foram ao lançamento da campanha.
Um dos objetivos que a fazem prosseguir é acompanhar a vida das duas filhas.
Adriana espera realizar o sonho de ver a filha Amanda Leão Venâncio, de 23, entrar na igreja de véu e grinalda em agosto.

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima pelo menos 57 mil casos novos de câncer no Brasil este ano. Não há uma estatística precisa sobre os casos metastáticos, porém, é importante atenção para essa fase da doença. São cerca de 8 milhões de mortes por ano em todo mundo causados pelo câncer de mama. “As pessoas têm muito medo de falar da doença.
Mas a realidade pode ser outra.
Temos disponíveis novos medicamentos e tratamentos para dar mais tempo de vida a essas mulheres.
No entanto, o acesso a esses tratamentos não é universal”, diz Maira Caleffi, chefe de Mastologia do Hospital Moinhos de Ventos de Porto Alegre.

Adriana Leão Venâncio, de 50 anos, empresária, que tem câncer de mama metastático há quatro anos: “Um diagnóstico desse muda seu olhar sobre a vida. Tirei o pé do acelerador. Passei a trabalhar menos para viver mais… Resolvi levantar, sacudir a careca e ir à luta”

Avanços

O cenário do tratamento da doença, no entanto, mudou muito nos últimos 50 anos. “Na década de 1970, todas as mulheres diagnosticadas com câncer metastático faleceram com menos de 30 meses”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Ruffo de Freitas Júnior.
Atualmente, se elas tiverem acesso aos medicamentos adequados, cerca de 30% delas vivem em média cinco anos.

Apesar dos avanços, ainda há muito desconhecimento da população brasileira em relação à doença e ao tratamento. Pesquisa realizada pelo DataFolha, entre 31 de março e 4 de abril, com 2.907 entrevistados, demonstrou que 49% não conhecem o câncer de mama metastático. Esse percentual representa um universo de 51 milhões de brasileiros.
A pesquisa também apontou que cerca de 5 milhões de mulheres, com idade entre 40 e 69 anos, nunca fizeram nenhum exame para detecção da doença – mamografia, ultrassonografia da mama e mesmo o exame clínico do toque.

A identificação precoce da doença é a melhor forma de se alcançar a cura. No entanto, algumas mulheres identificam o problema no estágio avançado. Em alguns casos, mesmo tendo sido diagnosticada de forma precoce, a doença evolui para o estágio mais agressivo. “Nesses casos, a prioridade é que a mulher tenha acesso ao tratamento adequado.
Também é importante que o câncer não vire o foco da vida dela”, pontua Rafael Kaliks, oncologista do Hospital Albert Einstein.
Para que o tratamento possa ser eficiente é importante que seja personalizado.
Entre as opções estão a quimioterapia, radioterapia, terapia hormonal, terapia alvo e a mastectomia.
Cada caso exige uma delas ou até a combinação.
Com a evolução das pesquisas, os médicos identificaram que existem diferentes subtipos de cânceres e, consequentemente, os tratamentos podem ser mais ou menos eficientes em relação a cada um deles.

Diferenças no tratamento

Cerca de 70% dos cânceres de mama têm em sua superfície o Her 2. A identificação do marcador abriu um amplo campo de tratamento, as terapias alvo. “Para querer mais, é preciso saber que é possível. Muitas mulheres não sabem que existem esse tratamento disponível”, diz Kaliks.
Para ele, outro fator agravador é que cerca de 63% das mulheres não são examinadas de forma rotineira por seus ginecologistas.

A diferença de oferta de tratamento no serviço público e no particular é apontada pelo oncologista Max Mano, chefe do grupo de câncer de mama do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo. Ele também atua no Hospital Sírio-Libanês, da rede complementar. “Podemos dizer que em relação a alguns tratamentos do Her 2 positivo estamos 15 anos atrasados.
No Sistema Único de Saúde (SUS), as mulheres podem ter até três anos a menos de sobrevida”, afirmou.
Os médicos criticaram o fato de alguns medicamentos não serem contemplados pelo SUS.
A prevenção inclui hábitos saudáveis, a realização periódica dos exames e a prática de exercícios físicos.

Maioria de mulheres com câncer de mama faz radioterapia em excesso

Usando a técnica de radioterapia hipofracionada, três semanas de terapia bastariam. Dois terços das mulheres com câncer precoce de mama são tratadas com radioterapia por mais tempo que o necessário, segundo estudo publicado em dezembro/2014 em um jornal especializado em medicina nos Estados Unidos.

A grande maioria das mulheres submetida nos Estados Unidos à retirada de um tumor para preservar a mama recebeu radioterapia de seis a sete semanas, segundo o Jornal da Associação Médica Americana (JAMA), mas testes clínicos e recomendações de várias associações médicas dos Estados Unidos indicam que três semanas bastam, usando a técnica denominada radioterapia hipofracionada.

O procedimento consiste em administrar doses mais elevadas de radiação por sessão durante duas vezes menos tempo. Este tratamento é eficaz para tratar o câncer de mama, além de ser mais prático e barato.

“A radioterapia hipofracionada não costuma ser usada em mulheres com câncer precoce de mama, mesmo sendo de melhor qualidade e mais barato”, explicou Justin Bekelman, professor de radiologia de câncer e principal autor do estudo.
“Clinicamente, isto equivale a uma radioterapia mais longa para um câncer de mama com efeitos colaterais similares”, destacou.

A radioterapia diária entre cinco e sete semanas para mulheres operadas de um tumor em estágio inicial foi o tratamento privilegiado durante décadas nos Estados Unidos.

Os autores determinaram que, em 2013, 34,5% das mulheres com mais de 50 anos receberam radioterapias hipofracionadas contra 10,8% em 2008. Mas entre as mulheres jovens e aquelas com tumores mais avançados, só 21,1% se beneficiaram deste tratamento no ano passado.
 Os cientistas determinaram que este tipo de radioterapia reduz os custos totais dos cuidados com seguro de saúde.

Câncer surge com mais frequência devido ao ‘azar’ do que a causas genéticas

O câncer surge com frequência por “azar do paciente”, devido a mutações aleatórias que acontecem no processo de divisão celular, e não por causas genéticas ou hábitos de risco, afirmaram pesquisadores americanos nesta quinta-feira (1º de janeiro).
O estudo, publicado na revista Science e realizado por cientistas da Universidade Johns Hopkins, é baseado em um modelo de estatística que leva em conta uma grande variedade de tipos de câncer.
Ele exclui, no entanto, o câncer de mama, o mais frequente entre as mulheres, e o de próstata, o mais comum entre os homens, depois do de pele.

Dois terços dos cânceres produzidos em adultos podem ser explicados por mutações genéticas aleatórias que fazem com que os tumores cresçam, enquanto um terço é consequência de fatores genéticos ou hábitos de risco.
“Este estudo mostra que se pode aumentar as chances de ter câncer quando se é fumante ou se tem maus hábitos”, disse um dos autores da pesquisa, Bert Vogelstein, professor de oncologia na universidade Johns Hopkins.
 “Mas numerosas formas de câncer se devem, principalmente, ao azar e à mutação de um gene que provocará um tumor maligno, sem relação alguma com os hábitos de vida ou fatores hereditários”, assinalou.

Os pesquisadores analisaram o processo natural de renovação celular, que permite ao corpo humano substituir as células que morrem nos diferentes órgãos.
 Há tempos, os cientistas sabem que, quando as células-tronco cometem erros ou mutações, um câncer pode ser produzido, mas esta nova pesquisa é a primeira a tentar compreender a proporção de casos de câncer gerados por este processo em relação aos que surgem devido à genética ou a hábitos de risco.
 “Mudar nossos hábitos de vida será muito útil para evitar alguns tipos da câncer, mas não terá nenhuma eficácia em outros”, observou Cristian Tomasetti, biomatemático e professor de oncologia na Johns Hopkins.
“Deveríamos destinar mais recursos a detectar estes tipos de câncer aleatórios em seu estágio inicial, curável.

Estudos indicam que agressividade de tumores varia conforme as raças

As negras, por exemplo, morrem mais de problema nas mamas. Faltam, porém, explicações moleculares para essas disparidades.

Um tumor é o crescimento anormal de células em um determinado tecido do corpo. Pode ser benigno e não oferecer ameaça à vida, ou maligno, também chamado de câncer. Como as células começam a se desenvolver dessa forma e o que motiva o processo ainda intrigam os cientistas.
Mas uma coisa é certa para quase todos os tipos de cancro: o peso da herança genética.
Ter mãe, tia ou uma prima com diagnóstico de câncer de mama, por exemplo, serve de alerta para que a mulher busque um acompanhamento preventivo minucioso.
Se essa é uma verdade nas relações entre famílias, quanto também não une uma população, uma cultura ou uma etnia? Em busca de intervenções mais efetivas, pesquisadores estudam possíveis disparidades raciais e étnicas na incidência, na agressividade e até mesmo no tratamento de doenças como o câncer.

Centenas de trabalhos científicos, produzidos especialmente na América do Norte, mostram uma diferença na maneira com que os tumores malignos podem reagir de acordo com a informação genética herdada por determinada população étnica.
Essas informações, na maioria das vezes, também refletem o estilo de vida, os hábitos culturais ou ainda as condições de acesso a um sistema de saúde de qualidade.
Maria Paula Curado, epidemiologista do Centro Internacional de Pesquisa do A.
Camargo Cancer Center, observa, porém, que ainda não há estudos que certifiquem a existência de um fator fisiológico específico para a ocorrência da doença em determinada etnia.
“Sabemos que a suscetibilidade é diferente.
Isso do ponto de vista epidemiológico e sociodemográfico, mas não do ponto de vista molecular.

De acordo com a Associação Americana de Pesquisa para o Câncer, as mulheres brancas têm as maiores taxas de incidência da doença em geral, mas as negras morrem mais em decorrência dela. O mesmo cenário ocorre com os homens.
Curado não sabe dizer se existe a confirmação desses dados entre a população brasileira pela mistura das raças, mas fazer parte de um grupo étnico deve ser um fator considerado no momento de avaliar o risco de um paciente para algum tipo de tumor maligno, ressalta a especialista.

Os japoneses, por exemplo, têm incidência maior de câncer de estômago, mal ligado à infecção pela bactéria Helicobacter pylori e pela alta ingestão de sódio. O mineral é muito utilizado para a preservação de alimentos e está presente em altíssima quantidade no shoyo, tempero típico da culinária oriental.
“A mulher japonesa tem incidência baixa de câncer de mama se comparada às europeias.
Porém, a ocidentalização dos comportamentos faz com que os números comecem a se aproximar”, diz a epidemiologista.

As nações em desenvolvimento têm maiores índices de tumores ligados a infecções, como o de colo uterino, causado principalmente pelo papiloma vírus humano (HPV). “Sabemos bem que o nível socioeconômico é um fator a ser considerado e influencia no prognóstico.
Também sabemos que o acesso ao tratamento pode piorar o prognóstico, pois pessoas com nível econômico mais baixo têm maior dificuldade de acesso às terapias e até ao diagnóstico precoce”, diz Curado.

Fatores sociais

Pesquisa recente mostrou que os homens afro-americanos têm uma vez e meia mais chance de desenvolver o câncer de próstata e a probabilidade duas vezes maior de morrer da doença se comparados aos brancos não hispânicos.
“As causas da disparidade dessa doença são numerosas, complexas, muitas vezes inter-relacionadas e só parcialmente compreendidas”, enumera David P.
Turner, professor assistente no Departamento de Patologia e Medicina Laboratorial da Universidade Médica da Carolina do Sul, nos EUA.
Parte dos estudos de Turner, no entanto, aposta na força dos fatores socioeconômicos e aponta para uma ligação biológica que justifique a relação deles com os que conhecidamente contribuem para o desenvolvimento do câncer.

Segundo o cientista, o corpo usa os açúcares ingeridos para produzir energia e gera resíduos nesse processo, incluindo moléculas chamadas produtos finais de glicação avançada (AGEs). Elas se acumulam naturalmente no tecido corporal humano ao longo dos anos e têm sido associadas a doenças do envelhecimento, como diabetes e Alzheimer.
As AGEs também podem causar aumento da inflamação e gerar produtos químicos potencialmente nocivos, conhecidos como espécies de oxigênio reativas – ambas as situações promovem o câncer.

Seguindo essa linha, Turner descobriu a ocorrência de nível mais alto dessas moléculas em homens negros com câncer de próstata.
“Como a obesidade, os maus hábitos alimentares e um estilo de vida sedentário promovem a acumulação de AGEs, e esses fatores são mais evidentes em afro-americanos, temos a hipótese de que existe uma relação entre esses fatores que pode ajudar a explicar por que esses homens são mais propensos a desenvolver o tumor e morrer em decorrência dele”, detalha.

Câncer de mama tem até 95% de chance de cura se diagnosticado precocemente

O autoexame mensal das mamas é uma recomendação, mas não substitui a mamografia, que deve ser anual a partir dos 40 anos.

A cura do câncer de mama depende da detecção precoce da doença. Esse diagnóstico em fase inicial, por sua vez, depende da mamografia. A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda que ela seja feita anualmente, a partir dos 40 anos, embora no Sistema Único de Saúde ela só seja oferecida a partir dos 50.
Segundo a mastologista Carolina Fuschino, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia – regional Distrito Federal, estudos mostram como o diagnóstico precoce leva a um índice de cura de até 95% e que, entre os 40 e 50 anos, o ganho de diminuição de mortalidade com a mamografia é menor que entre os 50 e 69 anos.
“Mas, mesmo menor, ele existe.
Os tratamentos precoces são menos mutilantes e mais curtos, às vezes sem necessidade de quimioterapia”, alerta.

A mamografia é o principal exame para o diagnóstico do câncer de mama. “Claro que sempre orientamos para a auto percepção, para que as mulheres se olhem no espelho pelo menos uma vez por mês em busca de alterações, mas o autoexame é mais uma recomendação.
Hoje, se sabe que a mamografia é o exame mais preciso para identificar lesões de mamas o mais precocemente possível”, afirma.
Ou seja, o autoexame é importante, mas, de forma alguma, substitui a mamografia.
“É ela o exame capaz de diagnosticar tumores pequenos, de até 1 milímetro, em um estágio bastante inicial.
Já no autoexame, o caroço identificado, geralmente, é perceptível quando está mais desenvolvido”, defende Clécio Lucena, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologista – regional Minas Gerais.

Autoexame, mamografia e exame clínico, como o feito na visita anual ao ginecologista, são essenciais para o diagnóstico.
Para pacientes específicas, de um grupo de alto risco – como aquelas que tiveram um câncer em estágio muito inicial, têm mutação genética de gens relacionados ao desenvolvimento do câncer de mama ou com muitas histórias da doença na família -, há ainda outro exame: a ressonância magnética com contraste.
Já o ultrassom das mamas é um exame complementar.
“Serve para tirar uma dúvida e não para esclarecer o núdulo.
Não serve para o rastreamento, portanto”, explica Carolina.
Se a mamografia sugerir nódulos suspeitos, a confirmação ocorre por meio de biópsia, por meio de punção.

Tratamento

O exame, feito pelo mastologista, consiste em retirar uma amostra das células, quando feita com agulha fina, ou uma amostra maior, do tecido, quando feita com agulha grossa. Só a partir dessa confirmação do câncer de mama é programado o tratamento cirúrgico.
A porção da mama que será retirada depende muito do estágio em que a doença foi diagnosticada.
A psicóloga Ana Nilce Pettinate, de 61 anos, hoje curada do câncer de mama, descobriu a doença em 2012 e precisou retirar as duas mamas.
“Fazia a mamografia anualmente.
Quando descobriram a alteração, fiz duas cirurgias, uma para retirar uma amostra para biópsia, e outra já para a retirada total das duas mamas, com a reconstrução imediata”.
lembra.

Ana Nilce Pettinate, de 61 anos, descobriu o câncer de mama em 2012 e hoje está curada

Curada e feliz, cuidando da saúde como sempre fez, Ana Nilce hoje celebra a vida, que passou a ver de forma diferente. Ela conta que nunca deixou de acreditar que era só um susto e que logo seria parte do seu passado. Mas mesmo ela, uma mulher tão esclarecida, enfrentou os medos mais primitivos de uma mulher que se descobre com a doença.
“A palavra câncer nos leva por um caminho assustador e estigmatizante, porque vem associada ao medo da morte.
Além disso, ele é temido por acometer exatamente uma parte tão valorizada do corpo da mulher.
As mamas desempanham função significativa na sexualidade, na sensualdiade, na maternidade e na identidade da mulher.
O câncer de mama nos atinge física, psicológica e socialmente”, reflete Ana Nilce, que agradece por não ter enfrentado ainda um problema comum, a rejeição dos companheiros, já que é divorciada.

Ampliação da faixa etária

A Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais ampliou a faixa etária para a realização da mamografia. As mineiras que dependem do SUS não precisam esperar completar 50 anos. Quem tem entre 40 e 59 anos pode fazer o exame, bastando, para isso, apresentar a carteira de identidade em um posto de saúde, para obter o pedido.
Isso levou a um recorde de mamografias em 2013, quando foram realizados 650 mil exames no estado.
Desse total, quase 35% foram em mulheres com idade entre 40 e 49 anos.

Mamamiga “turbinada”

No ano em que comemora 30 anos conscientizando a população para a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama e otimizando a capacidade pública instalada envolvida no tratamento, a Associação de Prevenção do Câncer na Mulher (Asprecam) ganha o apoio de Paula Fernandes, para alertar a população.
A cantora mineira é a embaixadora do Movimento Mamamiga pela Vida, lançado na capital mineira, e composto por duas ações: o Núcleo de Promoção da Saúde da Mulher e os Pontos de Prevenção.

Desenvolvido em parceria com a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais (Sectes), o núcleo é um centro gerador de conhecimento na área da saúde da mulher, por meio da tecnologia de ensino a distância, e fará parte da rede da Universidade Aberta de Minas Gerais (Uaitec).
Segundo o mastologista e cirurgião-plástico Thadeu Rezende Provenza, idealizador e superintendente da Asprecam, uma verba de R$ 1,2 milhão para a estruturação do projeto está aprovada desde dezembro do ano passado.
“Só falta o governo liberar.

A ideia é criar o centro no Hospital da Baleia e, de lá, replicar o conteúdo para os mais de 100 municípios que já fazem parte do Uaitec. “Antes, íamos e treinávamos os profissionais de saúde pessoalmente. Agora, poderemos fazer isso de longe, ampliando o número de pessoas atingidas.
Vamos conseguir eliminar o gargalo da educação continuada, treinando médicos que não são especialistas.
Porque, no Sistema Único de Saúde (SUS), o paciente passa por um médico generalista antes de chegar ao especialista”, explica.
O piloto será em BH, Sabará e Sete Lagoas.

Alterações

Já o Pontos de Prevenção visa mobilizar mulheres para a mamografia, o exame clínico médico e o autoexame.
Desenvolvido há 15 anos e com mais de 22 mil unidades espalhadas pelo país, o modelo didático da Mamamiga imita as glândulas mamárias femininas e permite que as mulheres e profissionais de saúde aprendam a detectar as possíveis alterações de uma mama, dando orientações do que fazer em cada caso.
Agora, a nova versão do modelo didático estará em locais públicos e banheiros femininos de pontos comerciais e empresas.

“As pessoas poderão interagir com o modelo, que traz, ainda, várias formas de contatar o movimento, por meio do site, fan-page no Facebook e e-mail, pelos quais as mulheres poderão esclarecer dúvidas.
Várias empresas estão investindo na instalação e manutenção do modelo por um ano, em suas unidades, para aumentar o acesso das mulheres a esse tipo de informação.
O modelo mostra, por exemplo, como é uma mama normal e como é uma mama com um nódulo que precisa ser investigado.

Segundo Paula Fernandes, nem sempre informação é conhecimento, um dos aspectos que a motivaram a apoiar o movimento. “Como dizem no interior, é melhor prevenir do que remediar. Como mulher, não poderia deixar de contribuir com essa iniciativa. É uma oportunidade de usar a minha imagem para algo grandioso: a possibilidade de salvar uma vida.
Não levo só a minha música ao meu público.
Ele é atento ao que digo e quero alertá-lo para a importância dos exames”, disse.

Artigos Relacionados