Como evitar o Câncer de intestino

Se é necessária, indolor e ainda faz bem para a saúde, é melhor não hesitar em submeter-se à colonoscopia. O exame, que pode detectar doenças no intestino grosso, é prescrito – quando não há sintomas – para todos os maiores de 50 anos.
O procedimento é tão importante que, no caso de um câncer, por exemplo, se for descoberto em estágio inicial, em alguns casos o paciente nem precisa de quimioterapia.
Para que deixar para amanhã uma dúvida que pode ser respondida logo? Afinal, com saúde não se brinca.

O câncer de intestino é um tumor que se desenvolve no intestino grosso, chamado também de câncer de cólon, reto, ou ainda, colorretal. É uma doença que pode ser prevenida, pois quase sempre se desenvolve a partir de pólipos, que são lesões benignas que crescem na parede do intestino.
Quando o pólipo é retirado evita-se que ele se transforme em câncer.

O proctologista do Hospital Anchieta Elias Couto explica que não há motivo para ter medo, pois o exame é muito simples. Segundo ele, um equipamento denominado videocolonoscópio é introduzido pelo ânus para captar imagens do intestino grosso.
“Essas imagens de alta definição são ampliadas e permitem a documentação por meio de fotografias ou vídeos”, esclarece.
Apesar de parecer desconfortável, porém, o procedimento não dói.
“Ele é feito sob sedação intravenosa e controle dos sinais vitais”, complementa.
Os medicamentos administrados causam amnésia temporária nas pessoas e isso elimina um eventual desconforto abdominal – ou seja, o paciente não se recorda do exame alguns momentos após tê-lo feito.

Durante a avaliação, o médico poderá realizar procedimentos como uma biópsia para colher fragmentos da mucosa intestinal; uma polipectomia, que é a retirada de pólipos que podem evoluir para um câncer; ou aplicar medicamentos e fazer cauterizações.
De acordo com Couto, o exame é importante para fazer a prevenção do câncer colorretal em pacientes com ou sem sintomas da doença e na investigação e controle de doenças inflamatórias e infecciosas.
“Detecta também os motivos dos distúrbios da motilidade intestinal – como constipação crônica -, da síndrome do intestino irritável e da diverticulose colônica”, ressalta.

Por sentir muitas cólicas e precisar realizar um pré-operatório para a retirada de um mioma, Sandra Mara Trindade, 50 anos, fez a colonoscopia há dois. Para ela, o pior foi a preparação para o exame. Como o intestino precisa estar totalmente limpo, no dia anterior o paciente não pode comer nada e precisa tomar laxantes administrados pelos médicos.
“O remédio era um líquido com gosto ruim e ficar sem comer não foi legal”, reclama.
No entanto, o procedimento em si não foi um problema para Sandra.
“Mas a gente dorme, não vê nada”, descreve.
O resultado do exame foi satisfatório: a funcionária pública não tinha nenhum problema.

Doença “muda”

Segundo o proctologista, coordenador do programa de residência médica em Colo-Proctologia do Hospital de Base do DF e sócio-fundador da Associação Brasileira de Prevenção do Câncer Colorretal (Abrapreci), Fernando Lyrio, o câncer colorretal é encarado como uma doença “muda”: só apresenta sintomas quando já está em fase avançada e, muitas vezes, as formas de tratamento disponíveis já mostram-se ineficazes.
“Nossa grande chance de prevenção é a colonoscopia.
Ela deve ser realizada em todos os pacientes que apresentem sintomas digestivos importantes”, aconselha.
Esses sintomas são sangramento retal, fezes enegrecidas, intestino preso, diarreias frequentes, perda de peso sem causa detectável, distensão abdominal frequente com gases, flatulência fétida, eliminação de muco (catarro) nas fezes, sensação de querer evacuar constantemente.

Estão também no grupo de risco, de acordo com Lyrio, as pessoas com histórico de câncer no intestino na família.
O médico cita que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que todas as pessoas, a partir dos 50 anos, façam a colonoscopia de prevenção a cada cinco anos, embora as sociedades de colo-proctologia mundiais já orientem a realização a cada três – e a partir dos 40 anos.
“Isso porque sabemos que o câncer colorretal, na sua grande maioria, se origina de pequenos pólipos intestinais, e eles demoram de três a 20 anos para se transformarem em um câncer”, esclarece.
Lyrio destaca que 98% do câncer intestinal surge dessa forma.
O restante já aparece como um câncer agressivo.
“É muito importante que a presença de sintomas, por si só, seja um alerta.
Mesmo assim, a tendência é necessidade de prevenção mais efetiva do câncer colorretal, indicando a colonoscopia para todos os pacientes com sintomas relevantes”, acredita.

Com Herculano Vicente de Paula, 60 anos, a prescrição veio na hora certa. Sentindo muitos desconfortos na região abdominal e digestão lenta, procurou orientação e soube que precisaria fazer a colonoscopia. “Quando eu comia, parecia que ficava uma bola na minha barriga e aquilo ficava ali quase o dia todo”, recorda.
Ao realizar o exame, o funcionário público descobriu que estava com um nódulo no intestino grosso que obstruía o órgão, motivo da digestão lenta e da prisão de ventre.
“Fiquei um pouco assustado, mas fiz a cirurgia.
Retirei 19 cm do intestino e nem precisei fazer quimioterapia”, comemora.
Hoje, ele se diz aliviado por ter feito o exame e, sempre que pode, aconselha os amigos a fazerem também.
“Tem que se cuidar, investigar qualquer sintoma, só assim se evita a doença”, acredita.

O médico Fernando Lyrio afirma que atualmente se sabe que, além das características genéticas, os fatores alimentares estão muito relacionados com o desenvolvimento do câncer colorretal.
Por isso, ele acredita que as pessoas devem ingerir grande quantidade de fibras e de líquidos, praticar atividade física, evitar gorduras, condimentos, produtos industrializados, corantes, conservantes e, sobretudo, fast food e carnes vermelhas processadas.

Veja dicas da Associação Brasileira de Prevenção do Câncer Colorretal

 – Quais as situações de risco para o câncer do intestino?

Idade maior que 50 anos torna qualquer pessoa mais sujeita ao aparecimento deste câncer.

Algumas situações aumentam este risco: História pessoal ou familiar de:

  • Pólipos benignos
  • Câncer do intestino
  • Retocolite Ulcerativa ou Doença de Crohn
  • Câncer de mama, ovário ou útero Alimentação e vida saudáveis são ótimos aliados na prevenção

 – O que é rastreamento?

É o conjunto de medidas tomadas para a identificação de pólipos ou de câncer precoce em indivíduos sem sintomas.

 – Quais os principais exames que podem ser feitos?

O exame mais importante para detecção precoce do câncer do intestino grosso e sobretudo do reto é o exame proctológico. Este exame consiste no toque retal e na retossigmoidoscopia que é o exame da parte mais baixa do intestino. Quando adequadamente realizado, grande número destes tumores pode ser identificado.
O exame proctológico deve ser complementado nos indivíduos de risco, ou em todos com sintomas intestinais, pelo exame colonoscópico.

 – O que é colonoscopia?

É o exame por dentro de todo intestino com visão direta. Permite fazer coleta de material para biópsia ou a retirada de pólipos. O exame requer limpeza adequada dos intestinos e leve sedação anestésica. Rastreamento é ser examinado quando está tudo bem.

 – Quais são os sintomas do câncer do intestino?

Os tumores de intestino, em geral, crescem de forma silenciosa. Os sintomas só aparecem quando estão mais desenvolvidos.
Consulte o médico sempre que notar os seguintes sintomas:

  • Sangramento anal 
  • Sangue nas fezes
  • Alteração do hábito intestinal ou seja diarreia e obstipação alternados
  • Vontade freqüente de ir ao banheiro, com sensação de evacuação incompleta (puxos)
  • Dor ou desconforto abdominal ou anal
  • Fraqueza
  • Anemia
  • Sensação de gases ou distensão
  • Perda de peso sem causa aparente

Se você apresentar algum destes sintomas procure um médico imediatamente. Quando a doença está no início, não é comum a ocorrência de sintomas, por isso é importante a realização de exames preventivos para a detecção precoce da doença. Quanto mais cedo o câncer for tratado, maior é a chance de cura.

Note bem!

Nem todo sangramento pelo ânus é causado por hemorroidas. Hemorroidas não causam câncer, porém podem confundir o diagnóstico. Nem tudo que sangra pelo ânus significa hemorroidas.

 – Como e quando se deve ser examinado?

Se você pertence ao grupo de risco normal (isto é não tem os antecedentes já mencionados para câncer), deve ser examinado, à partir dos 50 anos, e fazer:

  • Pesquisa de sangue oculto nas fezes; repetir anualmente
  • Se o resultado for positivo, consultar um especialista.

À partir dos 60 anos, acrescentar:

  • Colonoscopia (preferivelmente) ou enema opaco; repetir a cada 10 anos: Se você pertence ao grupo de risco aumentado, isto é, quando tem antecedente pessoal ou familiar de câncer do intestino, deve iniciar o rastreamento aos 40 anos, ou antes, incluindo colonoscopia O risco de câncer de intestino grosso é maior em quem tem histórico deste tumor na família.

 – O que se pode fazer para evitar o câncer do intestino grosso?

Além dos exames de rastreamento nas idades adequadas, alimentação e estilo de vida saudáveis, são muito importantes.

Algumas dicas:

  • Consuma boa quantidade de fibras e reduza a quantidade de gorduras principalmente as de origem animal.
  • Frutas e vegetais frescos são muito importantes na prevenção do câncer de intestino.
  • É recomendado que você coma pelo menos 25 a 30 g de fibras e cerca de duas xícaras e meia de frutas/verduras ao dia.
  • Praticar atividade física regularmente durante a semana.
  • Evitar o consumo de bebidas alcoólicas.
  • Não fumar.
  • Diminua o consumo de gordura.
  • Realizar exames anuais, após os 50 anos, para detecção precoce de pólipos.

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