Criança agressiva: como lidar com mordidas, tapas, chutes, gritos…

O comportamento agressivo faz parte do desenvolvimento normal de uma criança pequena. Pontapés, tapas e socos acabam sendo uma alternativa quando ela ainda não consegue se comunicar bem e tem uma imensa vontade de se tornar independente – e pouco controle sobre os impulsos.
 Mas não é porque socos e mordidas são comuns que devam ser ignorados ou aceitos.
Mostre a seu filho que agredir os outros não é algo admissível e ensine outros jeitos de ele expressar sua irritação.
Veja algumas dicas para deixar a criança menos agressiva:

Use a lógica nas suas atitudes

Se seu filho estiver brincando na piscina de bolinhas e começar a atirar as bolinhas nas outras crianças, tire-o de lá. Sente-se com ele, mostre as outras crianças se divertindo e explique que ele poderá voltar lá quando se sentir pronto para brincar sem machucá-las.

Evite “raciocinar” com seu filho usando perguntas como: “Como você se sentiria se outra criança jogasse uma bola em você?”. Crianças pequenas não conseguem se imaginar no lugar de outra ou mudar de comportamento baseado nesse tipo de conversa.
Mas elas entendem direitinho quando uma atitude gera consequências negativas.

Mantenha a calma

Gritar, bater ou dizer ao seu filho que ele é “feio” não o fará mudar de atitude – você só o deixará mais irritado. Além disso, para que ele possa aprender a controlar sua raiva, o primeiro passo é ver os adultos que usa como modelo fazendo isso, e nesse caso o exemplo é você.

Imponha limites claros

Não espere seu filho bater no irmãozinho pela terceira vez para só então dizer: “Agora chega!”. Ele deve saber que fez algo errado já na primeira vez. Tire-o da situação em que está por um ou dois minutos – é o melhor jeito de fazê-lo se acalmar.

Depois de um tempo, ele vai acabar relacionando o mau comportamento com a consequência ruim, e aí vai entender que, se morder ou bater, acaba perdendo a farra e o melhor da festa.

Discipline-o o tempo todo do mesmo jeito

Tanto quanto possível, aplique o mesmo tipo de bronca quando ele repetir o mesmo comportamento errado. Se ele mordeu o irmão e essa não tiver sido a primeira vez, diga: “Você mordeu o João de novo — isso quer dizer que vai ficar de castigo outra vez”.

Seu filho vai perceber esse padrão e, em algum momento, se tudo der certo, vai compreender que sempre que se comporta mal recebe um castigo ou uma bronca.

Mesmo em público, não deixe a vergonha ou o constrangimento impedirem você de reprovar o mau comportamento. Outros pais já passaram por isso – e, se as pessoas ficarem olhando, não dê muita atenção. Diga algo como: “Esta fase dos 2 anos é fogo!”, e então aplique a disciplina como sempre faz em casa.

Ajude seu filho a se expressar de outra maneira

Espere até seu filho se acalmar e converse – com tranquilidade – sobre o que aconteceu. Peça para ele explicar o que o fez ficar tão bravo. Diga que é natural sentir-se bravo, mas que não é legal demonstrar isso chutando, batendo ou mordendo.
Encoraje-o a achar um jeito melhor de reagir – como pedir ajuda a um adulto ou falando o que está sentindo (“Pedro, você está me deixando bravo!”).

Às vezes, a impulsividade da infância fala mais alto, mas faça seu filho entender que ele precisa pedir desculpas depois de agredir alguém. Ele pode fazer isso sem muita sinceridade no começo, mas a lição vai ficar, e ele acabará criando o hábito de pedir desculpas quando machucar alguém.

Elogie o bom comportamento

Em vez de falar com seu filho só quando ele se comporta mal, dê atenção também quando ele agir corretamente. Por exemplo, se ele pedir para o amigo para brincar no balanço, em vez de empurrá-lo, diga: “Que legal que você pediu!”.

Os elogios ao bom comportamento ajudam a criança a distinguir o que é aceitável ou não, e a estimula a correr atrás de mais elogios e atenção por esse “bom caminho”.

Limite o tempo de TV

Desenhos e outros programas para crianças podem vir recheados de gritos, ameaças, empurrões, chutes, cenas cínicas e até atos de sadismo. Tente ficar de olho no que seu filho está assistindo, particularmente se ele tem tendência a ser agressivo.
Veja TV com ele e converse sobre o que está se passando, dizendo, por exemplo: “Não foi um jeito legal de ele conseguir o que ele queria, não é mesmo?”.

Obs: A Academia Americana de Pediatria recomenda que menores de 2 anos não vejam TV.

Providencie atividades físicas

Você pode descobrir que seu filho vira um terror se não tiver como queimar energia. Se ele é bastante ativo, dê-lhe bastante tempo livre, de preferência ao ar livre. Não precisa ser nada muito estruturado: dê espaço a ele que certamente ele vai correr! Com a ajuda de uma bola, então, tudo se resolve.
A atividade física deve deixar seu filho mais calmo, além de proporcionar um sono de melhor qualidade.

Não tenha medo de procurar ajuda

Às vezes a agressividade de uma criança pede mais intervenção do que um pai consegue dar. Se seu filho passa mais tempo sendo agressivo do que calmo, se ele parece assustar ou aborrecer outras crianças, ou se você não consegue melhorar o comportamento dele, por mais que faça, converse com o pediatra, que pode recomendar um psicólogo ou especialista.
Juntos, vocês podem ajudar a criança.

Ela ainda é novinha, e com paciência e criatividade, há chances de essa agressividade virar uma coisa do passado.

O que você deve fazer quando as crianças baterem/morderem?

É normal que as crianças pequenas batam e mordam. À medida que seu cérebro se desenvolve e sua capacidade motora aumenta, as crianças, naturalmente, expressarão raiva e agressão através de seus comportamentos.

Quando as crianças começarem a bater, morder, empurrar ou estapear, os adultos devem:

  • Reagir calmamente, mas expressar claramente sua desaprovação cada vez que esses comportamentos ocorrerem
  • Ser cordiais e atenciosos e reforçar o bom comportamento
  • Aplicar uma disciplina apropriada à idade da criança, que estimule o aprendizado (por exemplo, pedindo desculpas, reparando quaisquer danos que tenham sido causados)
  • Ensinar às crianças como expressar raiva e frustração usando a linguagem
  • Encorajar as crianças a ter um comportamento tranquilo (por exemplo, cooperar, negociar, ceder, reconciliar).

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Com o apoio e a orientação dos pais e das pessoas que tomam conta delas, e através da interação com terceiros, as crianças aprenderão a NÃO usar agressões físicas e, ao contrário, valer-se de comportamentos socialmente mais aceitáveis.

Guia para as crianças verem TV e vídeo

Pense na TV, no DVD ou em filmes e programas no YouTube como se fossem açúcar: você até deixa seu filhinho consumi-lo, mas com moderação. Ou seja, você precisará prestar atenção ao tempo que a criança passa em frente a uma tela.

A tendência a ver TV cada vez mais cedo é inegável. Não há boas estatísticas para o Brasil, mas uma criança norte-americana, por exemplo, assiste a uma média de três a quatro horas de TV por dia, embora a Academia Americana de Pediatria recomende o máximo de duas horas por dia – e nada de TV para os menores de 2 anos.

Ser rigoroso com as regras desde o primeiro dia é a chave para manter o tempo de TV e filmes sob controle. É mais fácil flexibilizar as regras depois.

Se seu filho tiver menos de 2 anos, é melhor reduzir o tempo de TV ou filminhos ao mínimo, como 15 minutos por vez. Mais que isso, o cérebro do seu filho pode simplesmente passar para o piloto automático.

Para os que já têm 2 anos, deixe-o assistir a programas ou filmes por até uma hora por dia – mesmo uma hora já é muito para uma criança ativa. Não deixe o aparelho de TV no quarto da criança e mantenha-o desligado na hora das refeições. Também não deixe o reprodutor de filmes, smartphone ou tablet nas mãos do seu filho. Você é quem controla.

Escolha os programas

Em vez de ligar a TV e assistir a qualquer coisa que estiver passando, selecione cuidadosamente o que seu filho vai ver e desligue quando o programa acabar. Se possível, deixe os programas gravados, para que a criança veja o que você gostaria que ela visse, na hora que você achar melhor.
Programas buscados em DVD ou em arquivos de computador têm a vantagem de escapar das propagandas.

Avisá-la uns dois minutos antes que o programa (ou o trecho que você está deixando que ela assista) vai acabar dali a pouco também ajuda na transição para a próxima atividade.

Prefira programas calmos e tranquilos

Programas mais lentos ajudam seu filho a ter tempo para pensar e absorver as informações que está vendo. Muita ação e cenas que mudam rápido demais vão confundi-lo. Alguns estudos sugerem que crianças que veem violência na TV podem se tornar mais agressivas. Fique longe de programas assustadores demais.
Prefira os mais simples, que enfatizam a interatividade.
Os melhores são aqueles que inspiram seu filho a dizer palavras, cantar e dançar.

Assista à TV junto com seu filho

Um estudo recente trabalhou com três grupos: crianças com acesso ilimitado à TV, crianças com acesso moderado, que assistiam aos programas sem os pais, e crianças com acesso moderado que assistiam aos programas acompanhadas dos pais.

O terceiro grupo – crianças que viam TV com os pais – saía-se melhor nos estudos que os outros grupos. Estar com seu filho passa a ele a mensagem de que o que é importante para ele é importante para você também.

Claro que muitas vezes a gente acaba usando a TV ou o filminho como uma babá – todo mundo faz isso quando precisa. Mas quando você deixa a criança vendo programas sozinha por muito tempo, mostra a ela que não se importa muito com o que ela assiste.
Experimente pegar o cesto de roupas lavadas para separá-las na sala, ou invente alguma tarefa para fazer no lugar em que seu filho estiver, para ver o programa junto com ele.
Assim, os dois podem aproveitar essa atividade.

Também é legal ajudar seu filho a manter um “olhar crítico”. Explique o que está aparecendo na tela, encoraje-o a fazer perguntas e ligue o que está acontecendo no programa com a vida dele.
Se o programa for gravado, não tenha medo de usar o botão de “pausa” para ter tempo de conversar com seu filho sobre o que está passando na tela.
Comente alguma coisa que não gostou, por exemplo.
 Na hora dos comerciais, ajude seu filho a entender a diferença entre eles e o programa em si.

Amplie o conteúdo do programa com atividades e livros

Se vocês acabaram de ver um programa que apresentou os números, converse sobre isso ou ache outros exemplos para mostrar para ele. Quando colocar a mesa para o jantar, por exemplo, diga: “Ei, no programa de hoje tinha o número três, e há três pratos na mesa!”.
Também é uma boa ler e mostrar livros que exploram o conceito de números, ou das letras do alfabeto.

A TV pode servir também para reforçar a educação musical do seu filho.

Estas recomendações foram desenvolvidas com a ajuda de Kathleen Acord, supervisora de projeto do programa “Ready to Learn” (Pronto para aprender), da rede americana KQED, que ajuda pais e educadores a usar a TV como um instrumento de aprendizado.

Como lidar com uma criança que na hora da birra força o vômito?

A criança que provoca o vômito quando é contrariada está apresentando uma reação de defesa, mas que não deixa de ser extremamente desconfortável, inconveniente e desgastante para os pais.

Para os pais, resta respirar fundo, e, sem perder o controle da situação, demonstrar o seu descontentamento com o que aconteceu. Dá para fazer isso através da fala ou da expressão facial, ou as duas juntas. Deixe claro que aquilo que a criança está fazendo é errado. Mas evite exagerar na bronca ou no castigo.

Caso a criança persista com a manifestação de birra ou vômito provocado, os pais precisam reunir todas as suas forças para demonstrar desprezo, ou seja, não voltar sua atenção para a criança (pois é isso o que ela quer).
Até a bronca já significa atenção, por isso é melhor ficar em silêncio, manter o rosto sério, e evitar até o contato visual enquanto limpa e troca a criança.

Vale lembrar que o aprendizado das crianças ocorre por repetições, e infelizmente não vai ser da primeira vez que vocês vão conseguir cortar esse tipo de comportamento (a não ser que tenham bastante sorte).

Se, depois de várias vezes, a criança perceber que os pais não dão bola para o vômito e portanto seu “objetivo” não é alcançado, ela vai acabar desistindo da provocação de vômitos.

Trocar ideias com quem já passou ou está passando pela mesma coisa pode ser uma boa saída.

Por que as crianças pequenas gritam?

Acredite: seu filho não levanta a voz para te aborrecer. Na verdade, ele está cheio de energia e alegria de viver, e está fazendo experiências com o poder da voz. Mas por que isso acontece justamente quando vocês estão no banco ou no supermercado?

“Há um efeito de eco superlegal quando você grita em espaços grandes”, diz Roni Lederman, do Centro para Família da Universidade New Southeastern, na Flórida, EUA. “E as crianças sabem que conseguirão mais atenção dos pais se gritarem em público”.

Algumas crianças pequenas gritam quando querem a atenção dos pais; outras berram quando querem algo que lhes está sendo recusado, como balas e doces.

O que fazer

Gritar com seu filho para que ele abaixe a voz não ajuda – só passa a mensagem de que quem ganha é quem grita mais alto. A melhor aposta é evitar situações que convidem a criança a levantar a voz, e distraí-la quando ela fizer isso. Algumas idéias que podem ajudar:

Saia com seu filho quando ele estiver nas melhores condições possíveis. Sempre que der, antes de carregá-lo para algum lugar, certifique-se de que seu filho está descansado, de barriga cheia e bexiga vazia quando saírem de casa.
Pense em como você fica (sem energia e sem paciência) quando tem de ir ao supermercado com fome ou cansado.

Escolha lojas e restaurantes barulhentos. Quando estiver com seu filho, evite lugares quietos, formais ou que inspirem intimidade. Vá para onde as famílias vão. Será menos constrangedor se seu filho resolver gritar em um restaurante que já é barulhento.

Peça para seu filho usar uma voz normal. Se seu filho começar a gritar porque está feliz, procure não criticá-lo. Mas se isso estiver incomodando de verdade, peça para ele usar uma voz normal e parar de gritar.
Abaixe sua voz para que ele tenha de ficar quieto para conseguir escutar você, e diga – calmamente – que a gritaria está dando dor de cabeça.

Invente brincadeiras. Experimente dizer para o seu filho: “Vamos gritar o mais alto que a gente conseguir”, e junte-se a ele na gritaria. Em seguida, abaixe o volume e diga: “Agora vamos ver quem consegue falar mais baixinho”.
Continue brincando, sugerindo outros movimentos, como colocar as mãos nas orelhas ou pular.

Isso fará com que gritar pareça apenas mais uma brincadeira. Para agilizar (na rua, por exemplo), você pode dizer: “Nossa, você está parecendo um leão! Agora vamos ver se você consegue imitar um gatinho”.

Preste atenção nos sentimentos da criança. Se seu filho está gritando porque quer a sua atenção, pense e reflita se ele realmente está desconfortável ou precisando de algo.
Se você achar que o lugar onde vocês estão – como um supermercado grande e lotado – é demais para ele, saia assim que der e da próxima vez procure fazer compras em lojas menores, ou em horários em que os supermercados estejam menos cheios.
Aos poucos, faça-o se acostumar com lugares grandes e lotados de novo.

Se você achar que a criança está apenas um pouco entediada ou mal-humorada, não a ignore. Diga que você sabe que ela quer ir para casa, mas peça para ela esperar só mais um pouquinho. Ela saberá que você sabe como ela se sente. E você também vai ajudá-la a aprender como explicar o que está sentindo com palavras.

Agora, se seu filho grita porque acha que assim vai conseguir o biscoito, não dê o braço a torcer. Se der o biscoito, você só vai ensinar que ele consegue o que quer gritando. Em vez disso, explique, com calma, que você sabe que ele quer o doce, mas que é preciso terminar outras coisas primeiro, e que ele pode comer quando chegarem em casa.

Não se preocupe em dizer que ele só poderá comer o biscoito mais tarde se se comportar bem agora – quando ele finalmente ganhar a bolacha, provavelmente nem se lembrará do que fez para merecê-lo.

Mantenha seu filho ocupado. Você pode transformar seus compromissos em algo divertido para seu filho. Experimente:

Brincar de um jogo: uma mãe de um bebê de 1 ano e 3 meses conta que conversa bastante com o filho. “Explico o que estou fazendo, o que está acontecendo à nossa volta, quem está por perto. Ele fica quieto quando está ocupado”.
Peça para seu filho ajudar a pegar os objetos das prateleiras do mercado, ou invente uma música sobre o que você está fazendo.
Cante: “As bananas, as bananas, vou comprar, vou comprar, para o meu filhinho, para o meu filhinho, devorar, devorar…”.
Use a criatividade e invente na hora!.

Ofereça brinquedos e lanchinhos: mas faça isso antes que seu filho comece a berrar. Se você esperar até ele começar a gritar, ele vai ligar uma coisa à outra e achar que tem que levantar a voz para ganhar algo.
Você pode experimentar deixar um brinquedo de que ele realmente gosta no carro, para que ele fique bastante entretido enquanto vocês estão na rua, tratando dos compromissos.

Ignore as pessoas ao redor. Muitas mães acham difícil lidar com a criança que fica gritando enquanto outras pessoas ficam lançando olhares tortos. Se você estiver numa igreja ou em um restaurante silencioso, o melhor é levar a criança para fora por um tempo, até ela parar.
Mas, num supermercado grande, não é preciso se preocupar tanto com o que os outros vão dizer ou pensar.

Como lidar com crianças falando palavrões e desaforos? Por que uma criança começa a falar palavrão?

As crianças são curiosas por natureza e muitas vezes acabam surpreendendo os pais com uma nova habilidade vocal: falar palavrão. Tem criança que fala a primeira palavra feia por pura imitação. Seu filho pode ter ouvido você xingar alguém no trânsito, por exemplo, e agora ele não para de repetir o palavrão toda vez que entra no carro.

A melhor maneira de lidar com a situação é ignorar o palavrão e esperar que ele perca o interesse no novo vocabulário. Quanto mais você responder, reprovar ou se exaltar diante da palavra feia, mais chance terá de ela continuar a ser usada.

Seu filho também pode ter aprendido o palavrão com os coleguinhas da escola ou da creche. Um amiguinho pode ter achado a palavra em questão engraçada e ter sido o responsável pela expansão do vocabulário do seu filho. Também é possível que seu filho tenha assistido algum programa ou filme na televisão impróprio para crianças.

O que fazer para ele não falar mais palavrão?

Não demonstre suas emoções: A primeira vez que seu filho disser um nome feio, controle seu impulso de rir — suas risadas serão interpretadas como incentivo e só o motivarão a falar o palavrão de novo. Na grande maioria dos casos, seu pequeno está simplesmente fazendo uma experiência para ver no que dá.
Para uma criança pequena, fazer um adulto reagir – dando gargalhada, ficando zangado ou chateado – é como ter um maravilhoso superpoder.

Por isso, mesmo que você ache graça de uma nova combinação de palavras inventada pelo seu filho (“cabeça de cocô”, por exemplo), o melhor mesmo é não demonstrar nada. Lembre-se de que a melhor maneira de reagir quando seu filho começar a fazer experiência com palavrão é simplesmente não reagir.

Imponha limites: Se sua criança de 2 anos adquiriu mesmo fascinação por uma palavra feia, você terá que estabelecer limites.
O mais importante é fazer isso com a maior calma possível – sem ficar agitada ou zangada -, do contrário, sua irritação só servirá para lembrar seu filho que dizer palavrão é uma ótima maneira de chamar instantaneamente sua atenção.

Se a palavra for inventada (tipo “cara-de-xixi”), diga que essa palavra não existe e que você não entende o que ele está dizendo porque não faz sentido. Se a palavra for um palavrão de verdade, você não precisa explicar o que significa ou por que é inaceitável.
Simplesmente deixe bem claro, em um tom de voz neutro e desinteressado, que essa palavra não deve ser usada.
“Essa não é uma palavra que você pode usar nesta casa ou perto de outras pessoas”.
(“Isso não se fala” é vago ou abstrato demais para uma criança pequena.

Ensine alternativas “limpas” e divertidas: Se seu filho está apenas experimentando uma nova palavra, repetindo ou cantarolando-a só para se divertir, é bem provável que você consiga substitui-la por outra palavra nova e mais divertida (“abracadabra” ou “sha-zam”), uma frase ou um versinho (“batatinha quando nasce, se esparrama pelo chão…”).
Caso o problema seja falta de palavras para expressar raiva ou frustração intensa, você pode incentivá-lo a dizer em voz alta: “estou bravo”, ou “estou frustrado” (a palavra “frustrado” pode ser difícil, mas as crianças aprendem seu significado rapidamente).
Alguns pais criam suas próprias expressões para lidar com emoções mais complicadas (tipo, “que cocada!”, ou “ai, meus sais!”).

Se seu filho não desistir do nome feio, mesmo após algumas advertências, é hora de recorrer a alguma forma de disciplina. Fique tranquila, e reaja rapidamente e de forma consistente: “Quando você diz essa palavra, você ganha um castigo”.
Nesta idade, o castigo deve ser curto e simples, como ter que sentar sozinho por dois ou três minutos, e pode ser dado em qualquer lugar: no banco de trás do carro, em uma cadeira isolada no shopping, ou no quarto da casa da vovó.

Não permita que a criança consiga o que quer dizendo palavrão: Quando seu filho diz um nome feio para conseguir alguma coisa, aí é que você não pode dar. De nada serve dizer, “essa palavra é nome feio e você não pode dizer”, e dar o sorvete de qualquer jeito.

Cuidado com o que você diz

É claro que as regras de comportamento são diferentes para adultos e crianças, mas se seu filho escuta palavrões diariamente, vai ser muito mais difícil convencê-lo de que certas palavras são inaceitáveis. E ele também vai querer saber por que é que ele precisa obedecer a regra e você não.
Pense no seu pequenino como uma esponja que absorve tudo o que vê e escuta, e que adora compartilhar com os outros tudo aquilo que ele aprende, de bom e de ruim.

17 perguntas e respostas sobre o comportamento infantil

Listamos algumas situações em que os pais se perguntam como proceder ou como resolver tudo da melhor maneira possível

O que fazer quando seu filho morde o amiguinho, dá tapas em você ou se atira no chão e começa a gritar? A ideia, claro, é sempre optar pelo caminho da boa educação. Para isso, conversamos com alguns especialistas, que sugerem maneiras de como lidar com o pequeno -seja um bebê, seja uma criança pequenina – diante desses comportamentos

Decifrar o comportamento infantil não é tarefa fácil para os pais. A busca por respostas costuma esbarrar na maneira como eles criam os filhos, na quantidade de “nãos” que conseguem dizer a eles, nos limites que são capazes de impor.

Muitas vezes, os adultos intuem como devem agir, mas o medo de frustrar as crianças acaba resultando em resignação. “Elas são assim mesmo”, dizem. Realmente, crianças têm atitudes-padrão em cada fase da vida, mas isso não significa que os adultos tenham de acatar ordens e aceitar todos os ataques como naturais no processo de desenvolvimento.
Para ajudar os pais a agir nesses momentos difíceis, procuramos especialistas em educação e comportamento infantil, que sugerem alguns caminhos.

Até os 2 anos de idade

– Meu filho tem a mania de morder as pessoas. Como mostrar a ele que isso é errado?

“É até esperado pelos profissionais que lidam com crianças que elas façam isso até os 3 ou 4 anos de idade, mas os adultos não podem permitir que mordam, porque machuca, é errado”, explica Silvia Amaral, pedagoga, psicopedagoga, coordenadora da Elipse Clínica Multidisciplinar e conselheira da Associação Brasileira de Psicopedagogia.

No momento em que seu filho morder um coleguinha ou qualquer outra pessoa, Silvia aconselha a boa e velha conversa olhos nos olhos. “Fique na mesma altura que a criança e fale firmemente que isso não pode nem deve mais acontecer porque machuca e dói.
Os pais têm de deixar claro que não aprovam o comportamento porque, mesmo elas não tendo noções claras de certo e errado, não podem fazer tudo que querem”, diz ela.

Isso não significa que o comportamento não vá se repetir, mas todas as vezes em que isso ocorrer é necessário deixar clara sua posição. “Agora, se acontecer com frequência, toda semana, por exemplo, significa que a agressão está se tornando um hábito e é preciso buscar a ajuda de um profissional.”

– O que faço para meu filho parar de chorar?

Para Vera Iaconelli, psicóloga e coordenadora do Instituto Gerar – Escola de Pais, antes dos 2 anos de idade, o choro nunca é de manha. “Nessa fase, a criança não tem recursos para isso, portanto o choro constante indica algum tipo de desconforto, físico ou emocional, que precisa ser investigado pelo médico.
Como não sabe falar, o bebê usa o choro para demonstrar seu sofrimento”.
A partir dos 2 anos, porém, a criança já percebe como pode manipular os pais e usa o choro para tentar conseguir o que deseja.
“Eu acredito que uma das formas de ajudá-la a aprender a lidar com as frustrações seja não atendendo a seus desejos quando eles vêm junto com o choro de birra.

– Preferir a companhia do pai/mãe ou de outra pessoa em determinado momento significa que meu filho não gosta de mim?

Faz parte da natureza humana preferir a companhia de uma ou outra pessoa, e o ser humano aprende a demonstrar isso logo cedo. Os pais devem se preparar, pois os filhos sempre buscam a companhia de um ou outro por razões que nem sempre ficam claras. Se é para jogar bola, o menino geralmente chamará o pai, mesmo que a mãe adore futebol.
Para ir ao cinema, pode preferir ir com a mãe ou a avó.
Quando nenê, às vezes adora o colo de uma tia, embora nessa fase o mais comum seja desejar ficar com a mãe.
“Os pais precisam ter maturidade para aceitar essa frustração, pois frequentemente os filhos vão querer estar longe deles, em especial quando crescerem.
É difícil, mas eles sabem que criam os filhos para o mundo e um dia serão preteridos”, afirma Vera Iaconelli.

– Como devo agir diante de um ataque de fúria do meu filho em locais públicos ou se ele chuta quando não é atendido?

A sugestão da psicopedagoga Silvia Amaral é você tentar impedir abraçando a criança por trás na tentativa de contê-la e mostrar sua contrariedade. Atenção: nunca dizer que você está contra ela, mas que o comportamento dela é errado, que você não aprova a maneira de ela agir.
“Se não der resultado e ela não estiver correndo perigo, se batendo, por exemplo, sugiro que os pais se afastem.
É melhor do que ficar perto, morrendo de vergonha do que as pessoas estão pensando de você como mãe e acabar cedendo.
Ao perceber que os espectadores que importam não estão presentes, ela vai parar.
Outra saída é pegá-la no colo e levar para o carro, gritando mesmo.
Quando ela se acalmar, converse com ela, mas jamais volte para fazer a vontade dela.

O que são?

Embora ruidosas, desesperadas e embaraçosas (principalmente em público!) as birras não são mais do que manifestações da vontade da própria criança que, por volta dos 2 ou 3 anos, apercebe-se que já se pode fazer ouvir.
e de que maneira! O comportamento infantil difere de criança para criança, sendo que algumas contestam mais os limites e as regras impostas pelos adultos do que outras.

Gritam, choram, dão pontapés, agitam os braços, deitam-se no chão, atiram brinquedos e objectos pelas coisas mais simples: não querem comer a sopa, não querem tomar banho, não querem dormir a sesta, querem aquela boneca ou guloseima no hipermercado (porque é que os levamos para estes sítios?!).
Querem e não querem porque já se aperceberam que é possível terem vontades – agora se essas são satisfeitas ou não, isso já é outra história.

O que significam?

Esquecendo, por agora, o volume destas birras, o desânimo e a impaciência que desperta nos pais, há um lado positivo destas “criancices”: no fundo, as birras são uma manifestação saudável das emoções, sentimentos, vontades e necessidades da pequenada.
Afinal, estão a desenvolver a sua personalidade, só não sabem como expressar-se da melhor forma, porque nas suas mentes (sim, não nos podemos esquecer que estamos a falar de criaturas de palmo e meio!) apenas querem satisfazer a necessidade do momento e muito rapidamente – nesta altura das suas vidas não têm qualquer outra preocupação ou entrave, se não a contestação dos pais.

O que não fazer?

Nunca ceda às birras de uma criança, nem porque se sente culpado por não passar muito tempo com ela ou porque tem-se portado tão bem nos últimos tempos ou então porque está a morrer de vergonha numa loja.
Ao ceder, vai passar a mensagem que as birras são normais e perfeitamente aceitáveis para as crianças obterem aquilo que desejam e, pior, dará asas a um ciclo vicioso que se tornará cada vez mais difícil de controlar e ultrapassar.

Ao não conceder o desejo da criança estará a mostrar-lhe várias coisas: que existe um tempo para tudo, ou seja, não pode ter tudo aquilo que pretende, na hora que pretender; existem regras e limites que têm de ser respeitados sempre; tem de aprender a lidar com as suas próprias frustrações; tem de saber esperar pelas coisas que quer e que, a maior parte das vezes, terá de lutar para as conseguir.

O que fazer?

Mantenha a calma.Talvez a coisa mais difícil de fazer no meio de uma sessão de birras, mas a mais eficaz. Se contribuir para esse cenário, estará a assemelhar os dois comportamentos e, no que toca à pequenada, elas imitam muito facilmente o comportamento dos adultos, seja positivo ou negativo.
Respire fundo, não eleve a voz, não ceda aos nervos, seja claro e dê o bom exemplo.

Ignore-a. Pode parecer, à primeira vista, um pouco desumano ignorar uma criança, mas no fundo, pretende-se que ignore a birra – não responda à criança, não olhe para a criança, não acuse o seu comportamento de forma alguma.
Nas primeiras birras esta atitude pode não resultar em pleno, aumentando até a sua intensidade (para chamar a sua atenção claro!) mas, se o fizer regularmente, as birras vão acabar porque a criança vai perceber que não estão a surtir efeito.

Evite utilizar a força física com a criança. A birra em si já é tão “violenta” e descontrolada que bater a criança vai apenas incendiar um fogo que já está a arder e muito. Para além disso, as birras podem ter subjacentes outros cenários: cansaço, fome, stress, o que significa que o mais importante nesse momento é reconquistar a estabilidade.

Deixe a criança sozinha. Se a birra ocorrer em casa ou noutro espaço familiar, experimente distanciar-se da criança, deixando-a sozinha durante alguns minutos ou segundos.
Claro que uma criança zangada e a só pode fazer estragos, por isso, controle esse tempo conforme a sua idade – os especialistas apontam para um minuto para cada ano da criança (se a criança tiver 5 anos, não a deixe sozinha mais do que 5 minutos, por exemplo).
É uma espécie de “castigo” que funciona muito bem porque, não tendo “audiência” a criança vai acabar por se acalmar mais rapidamente.
No entanto, e para se salvaguardar de uma possível parte dois, só a deixe voltar com estiver tranquila e em silêncio pelo menos durante 30 segundos seguidos.

Não ameace com castigos que não vai conseguir cumprir. Se optar por esta estratégia ameaçadora, mas sem consequências reais, a criança não terá problema algum em repetir a birra. Uma criança tem de estar ciente das consequências que possam advir das suas acções, boas e más.
Da mesma forma que deve ser elogiada por ter arrumado o seu quarto ou brinquedos, tem de ser castigada se bater no irmão ou fizer uma birra.
Uma das estratégias mais utilizadas com as crianças que fazem birras é colocá-las sentadas numa cadeira já designada para o efeito ou então numa esquina, de onde apenas podem sair quando a mãe ou pai disser.
Ora, como detestam estar confinados, os miúdos normalmente acalmam-se rapidamente e, ansiosos para saírem da sua “prisão”, começam logo a pedir para sair com promessas de bom comportamento!.

Como lidar com birras persistentes?

Claro que existem miúdos com pulmões de verdadeiros sopranos e pilhas que parecem não ter prazo de vida, resultando em birras que não cessam e têm tendência para piorar. Nestes casos, é importante estabelecer contacto físico com a criança (colocar-se ao seu nível, abraçá-la, pegar nela ao colo), com o intuito de a acalmar, sem ceder ao seu pedido.
Concentre-se no seu estado emocional e não na sua exigência, falando com ela tranquilamente, de preferência sobre outras coisas.
Felizmente, a fase das birras é isso mesmo, uma fase passageira.
No entanto, se sentir que as birras da sua criança se tornam mais frequentes e sem sinais de abrandamento, fale com o seu pediatra.

Converse muito. Finda a birra, é importante conversar com a criança sobre aquilo que se passou – o que estava certo e o que estava errado, porque é que não pode voltar a acontecer, as consequências de uma futura birra e as consequências do bom comportamento.
A autodisciplina é ensinar a criança a controlar, positivamente, as situações em que se encontra.
Uma vez conquistada, as birras desaparecem, quase como por magia.

– Devo intervir quando o caçula bate no irmão mais velho?

Sim, pois a agressão física não deve ser tolerada. É importante para a criança aprender a expressar a raiva ou o ciúme usando as palavras. Para a psicóloga, é importante que os sentimentos sejam transformados em palavras, e não em tapas.
No caso de um bebê menor de 2 anos, os pais devem segurar sua mão e dizer que não pode bater, mostrar que o irmão está triste, que machuca.
“Em vez de dizer à criança que ela ‘tem de’ gostar do irmão, o correto é sentar e tentar entender o que está acontecendo e explicar que você também sente ciúme, que é normal, mas que nem por isso sai estapeando os outros”, diz Vera.
Aliás, este é um ponto importante: o do exemplo.
Se você vive se gabando de ter descido a mão na engraçadinha que deu em cima do seu marido quando vocês ainda eram noivos, por exemplo, acha mesmo que pode dizer aos seus filhos para não usarem a força?.

 Meu filho adora dar tapas na cara e puxar o cabelo das pessoas. O que devo dizer a ele nessas horas?

Os pais costumam achar graça, mas as especialistas são unânimes: não permita que isso aconteça com você nem com ninguém. “Segure a mão do bebê, não ria, mostre com cara feia que você fica triste quando isso acontece, pois é observando a reação alheia que ele aprende a interpretar os sentimentos e a se colocar no lugar do outro.
Fale sempre do seu sentimento.
Nunca diga que a criança é má ou feia.
E não caia na armadilha de revidar com palmada.
Se fizer isso, estará reforçando o aprendizado da agressividade física, um mau exemplo”, diz a psicopedagoga Silvia Amaral.

– Quando é contrariado, meu filho começa a gritar. Como posso mostrar que isso é errado?

Como você costuma reagir ao ser contrariada? Se leva uma fechada no trânsito, reage aos berros? Se você não consegue se controlar, a criança pode estar apenas repetindo o que vê. Pense nisso. Aceitar as frustrações é uma dificuldade grande hoje em dia para pais e filhos.
Quantas vezes você não se frustra por não ganhar mais ou não ser reconhecida no trabalho como deveria? Aprender a lidar com os nãos da vida é fundamental para crescer.
“Com uma criança maior, você pode fingir que não conhece e deixá-la gritando sozinha.
Se for embora mesmo, vai ver que nunca mais ela vai repetir o papelão”, afirma Maria Irene Maluf, pedagoga especialista em educação especial e em psicopedagogia.
No caso das pequenas, a saída é tentar acalmá-las.
“Abrace a criança por trás, vá pedindo calma e faça sons como ‘shhh’ no ouvido dela.
Aos poucos, os pais vão descobrindo o que funciona.
O que não podem de jeito nenhum é aceitar o jogo”, fala Silvia.

 Meu filho de 1 ano e 2 meses, quando irritado, bate a cabeça no chão ou na parede. Como devo agir?

Se a criança estiver correndo o risco de se machucar, é preciso segurá-la e interromper o ataque, abraçando por trás. Vale tentar a técnica de fazer o som de ‘shhh’ no ouvido e pedir calma. Se nada disso resolver e ela continuar a fazer escândalo, é preciso procurar o médico.
“A autoagressão não é um comportamento aceitável e pode indicar sérios transtornos mentais, como a bipolaridade.
É grave e precisa da avaliação de um psiquiatra.
Há casos em que elas precisam dormir de capacete para não se ferir durante o sono”, explica a pedagoga Maria Irene Maluf.

– Meu bebê de 1 ano e 2 meses vive fazendo pirraça. Devo mostrar a ele o que pode ou não? Ele já entende o conceito de certo e errado?

Ele ainda não distingue o certo e o errado, mas nessa idade já começa a perceber incoerências. “Quantas vezes as crianças nessa fase testam os pais? Ao fazerem algo, elas olham para eles, ouvem o não, fazem de novo até que o pai ou a mãe tome uma atitude para impedir o ato.
E elas repetem isso muitas vezes, demonstrando ter certa noção do que é importante”, diz Silvia.

Maiores de 2 anos

– Minha filha vive dando escândalos em locais públicos, como o shopping. Como devo repreendê-la?

Para Maria Irene Maluf, as crianças com esse tipo de comportamento recorrente são criadas sem limites e se sentem carentes de afeto e atenção. “Por não se sentirem amadas, elas tentam cada vez mais a chamar a atenção dos pais”. Isso não quer dizer que os pais não as amem, apenas que não estão sabendo demonstrar isso.
Outra razão é que muitos pais também não conseguem entender o papel da frustração e temem não ser amados se não fizerem tudo pelos filhos.
“Acabam criando pessoas que não se satisfazem com nada”, afirma Maria Irene Maluf.
Numa situação com essa, a pedagoga aconselha tentar acalmá-la, abaixando-se para conversar na mesma altura que ela.
Se não resolver, pegue a criança e leve-a para o carro, para casa, espere que ela se acalme e aí converse.

– Quando não quer um objeto ou uma comida, meu filho reage jogando o prato ou o brinquedo longe. O que eu faço?

Preste atenção na maneira como você e sua família agem. Ataques de raiva não são privilégio das crianças, aliás, elas aprendem com os adultos. “Tive um paciente que costumava atirar o prato pela janela quando não queria comer.
Depois de várias sessões em que os pais negavam que esse tipo de comportamento fosse comum em casa, descobri que o avô costumava agir assim quando estava irritado, jogando o que estivesse à mão pela janela do apartamento”, diz Maria Irene.
Portanto, atenção: você está sendo vigiado e seus atos e palavras serão copiados por seus filhos.
“A educação é para ser servida como exemplo e cobrada diariamente, minuto a minuto.
Não adianta dizer uma vez ‘não faça isso’ e achar que é suficiente.
É preciso repreender sempre, com uma voz firme e séria”, diz a pedagoga.

 Na hora de brincar, meu filho prefere bonecas e roupas de menina aos carrinhos e roupas masculinas. Há algum problema nisso?

Segundo Vera, nenhum problema. “Brincar exercita a fantasia e é a forma de descarregar no mundo imaginário o que não podem fazer na vida real. Todos os meninos acabam brincando de boneca, que nada mais é que o exercício de cuidar, mesmo que o façam com o ursinho de pelúcia.”

 Meu filho gosta de brincar de matar as pessoas. Por muito tempo, evitei comprar armas de brinquedo, mas ele transforma qualquer objeto em revólver. Devo manter a proibição?

Na opinião de Vera, as pessoas confundem o mundo da fantasia e a realidade. “Matar na brincadeira, como no videogame, é apenas uma maneira de lidar com a agressividade, podendo destruir de mentirinha. O que não pode é sair por aí batendo nos outros”, acredita ela.

– Meu filho é muito tímido, tem vergonha de brincar com outras crianças. Como posso incentivá-lo a interagir com os outros?

Ser introspectivo, mais quieto, com poucos amigos, não é um problema, mas um temperamento, e faz parte da personalidade. “A extroversão também pode ser uma fonte de angústia. Os pais só devem se preocupar se a criança não consegue se relacionar, participar de brincadeiras coletivas ou não gosta de estar com outras pessoas”, explica Vera.
Nesse caso, é preciso buscar a ajuda de um profissional.
Mas, se é apenas timidez, é bom incentivá-lo a brincar com outras crianças, chamar os coleguinhas para passar a tarde na sua casa, deixar que ele faça seu pedido no restaurante, pequenos gestos que podem ajudá-lo a se comunicar melhor.

– Às vezes, faço chantagem para convencer meu filho a tomar banho ou trocar de roupa. Estou agindo corretamente?

Tomar banho, escovar os dentes, sentar-se à mesa para comer e tomar vacina, segundo Vera, são obrigatórios. “Mas, por volta dos 2 anos de idade, por exemplo, a criança começa a reivindicar a posse sobre o próprio corpo, até então cuidado somente pelos outros.
Uma sugestão para quando ela não quer tomar banho é fazer o jogo da autonomia, dando ferramentas e negociando: você compra uma esponja bacana, um sabonete especial e deixa que ela se lave sozinha, com sua supervisão.
Em troca, uma vez por semana você dá aquele superbanho”.
Na hora de se vestir, também é importante deixar a criança escolher.
“Só não dá para deixar sair no calor com calça de veludo ou descalça no inverno.

– Quando saio com meu filho, ele sempre me pede para comprar algo (um brinquedo, por exemplo). Se não compro, ele faz um escândalo. Como devo agir?

Segundo Maria Irene, aos 2 anos de idade, a criança acredita que tudo é dela. Aí os pais a levam para um lugar encantador, como uma loja de brinquedos. Coloque-se no lugar do pequeno e imagine-se num lugar com tudo que você mais gosta sem poder levar quase nada.
Para evitar a cena, ela recomenda conversar com o pequeno antes de sair de casa e definir se vai haver novas aquisições.
Outra estratégia é: “O brinquedo custa o mesmo que a festa que eu daria no seu aniversário, o que você prefere? Você também pode sugerir que ela escolha vários e deixe para você decidir, fazendo uma surpresa depois”, diz Maria Irene Maluf.

Vera diz que, a partir dos 2 anos de idade, a criança já está ligada no que pode ou não comprar. “Fica difícil para ela aceitar porque para os pais também é muito complicado não poder consumir o quanto gostariam.
E o pior é que muitas vezes, feridos no próprio orgulho e sentindo-se culpados por não estarem mais presentes, acabam cedendo e se atolando em dívidas.

– Quando saio para jantar fora, meu filho não para quieto na mesa. Fica correndo pelo restaurante e incomoda a todos. Devo repreendê-lo?

Sem dúvida nenhuma. “Quer coisa mais desagradável do que crianças gritando e correndo em volta da mesa de pessoas desconhecidas? E há pais que simplesmente não se mexem, acham que o mundo todo tem de tolerar a bagunça de seus filhos”, diz Silvia Amaral.
Claro que não é preciso fazer um drama se eles derramarem a bebida na mesa, mas é preciso que saibam respeitar limites e isso se aprende em casa, todos os dias.
“Os pais só devem levar os filhos a restaurantes se eles tiverem noções de conveniência”, acredita Silvia.

É muito importante também observar se o restaurante é indicado para crianças. “Um lugar com pouca luz, onde os casais vão para namorar, definitivamente não foi pensado para receber a molecada.
O mais apropriado são restaurantes descontraídos, mas a simplicidade não é desculpa para deixar os pequenos se pendurarem nos lustres e se esconderem debaixo das mesas dos outros”.

Pais jamais digam isso para as crianças

Os pais são os exemplos dos filhos e suas atitudes podem ter um impacto positivo ou negativo na formação da personalidade e identidade social da criança. Existem algumas coisas que jamais devem ser ditas às crianças ou faladas na frente delas.

Veja quais são:

– Não rotule seu filho de pestinha, chato, lerdo ou outro adjetivo agressivo, mesmo que de brincadeira. Isso fará com que ele se torne realmente isso.

– Não diga apenas sim. Os nãos e porquês fazem parte da relação de amizade que os pais querem construir com os filhos.

– Não pergunte à criança se ela quer fazer uma atividade obrigatória ou ir a um evento indispensável. Diga apenas que agora é a hora de fazer.

– Não mande a criança parar de chorar. Se for o caso, pergunte o motivo do choro ou apenas peça que mantenha a calma, ensinando assim a lidar com suas emoções.

– Não diga que a injeção não vai doer, porque você sabe que vai doer. A menos que seja gotinha, diga que será rápido ou apenas uma picadinha, mas não engane.

– Não diga palavrões. Seu filho vai repetir as palavras de baixo calão que ouvir.

– Não ria do erro da criança. Fazer piada com mau comportamento ou erros na troca de letras pode inibir o desenvolvimento saudável. E jamais dê risada quando seu filho agredir ou falar palavras ofensivas a outra criança/pessoa.

– Não diga mentiras. Todos os comportamentos dos pais são aprendidos pelos filhos e servem de espelho.

– Não diga que foi apenas um pesadelo e mande voltar para a cama. As crianças têm dificuldade de separar o mundo real do imaginário. Quando acontecer um sonho ruim, acalme seu filho e leve-o para a cama, fazendo companhia até dormir.

– Nunca diga que vai embora se não for obedecido. Ameaças e chantagens nunca são saudáveis.

Crianças são seres únicos em formação e devem ser tratadas com muito respeito e amor. Quem ama cuida com paciência e carinho; pois são presentes de Deus em nossa vida.

Educar um filho se trata mais de como a criança vai se sentir diante de seu comportamento do que como você se sente diante do que ela faz.

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