Dor de cabeça: cada um tem a sua

De crianças a idosos, a dor de cabeça afeta um grande número de pessoas, e pode ter diferentes causas. O ideal é investigar e tratar – afinal, ninguém precisa viver com esse incômodo.
 Um dos principais problemas de saúde mais comuns no mundo, a dor de cabeça, cientificamente denominada cefaleia, afeta cerca de 75% da população entre 18 e 65 anos.
Estima~se que apenas 10% das pessoas que sofrem com o problema procuram ajuda médica especializada.
Contudo, investigar as causas da dor é fundamental para conseguir tratá-la.

Existem mais de 200 tipos de dor de cabeça, que pode ser aguda ou crônica, indicar problemas mais graves de saúde ou simplesmente a manifestação de um mal-estar pelo consumo de algum alimento. Mulheres, homens, idosos e até crianças: a dor de cabeça não escolhe idade, gênero ou classe social.
è uma das principais causas de faltas ao trabalho e na escola.
Alguns tipos podem afetar mais determinados grupos, como é o caso da enxaqueca em mulheres adultas.
Porém, qualquer pessoa, em alguma fase da vida, pode passar por um episódio de dor.

Precisa de tratamento?

A dor é um mecanismo do organismo para indicar que algo está errado. Portanto, apesar de a dor de cabeça ser um problema comum, não é normal senti-la. Se ela é crônica, é um motivo a mais para procurar um profissional capacitado (no caso, um neurologista) e iniciar o tratamento correto.
 Mesmo em casos de dores esporádicas, o recomendado é nunca se automedicar.
Um estudo da Organização Mundial de Saúde (ONU) aponta que metade das pessoas toma remédio sem orientação médica.
O hábito pode aumentar a frequência e a intensidade da dor, tornando o problema crônico.
 Os tratamentos variam de acordo com a causa  e a intensidade da dor, e pode ser ou não medicamentosos.
Em alguns casos, uma simples mudança nos hábitos de vida pode fazer toda a diferença.

Dor de cabeça em números

  • 75% da população mundial sofre com cefaleia cotidianas.
  • 76% das mulheres e 57% dos homens tem pelo menos um episódio de dor de cabeça por mês, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia.
  • 50%das pessoas buscam a autamedicação
  • No Brasil, quase 2 milhões de crianças e adolescentes tem dor de cabeça crônica.
  • Apenas 10% da população com dor de cabeça procura a ajuda de um neurologista.

Você sabia?

Os especialista utilizam a palavra “migrânea”  para definir o problema conhecido como enxaqueca. O nome é uma variação da palavra grega hemikrania, pois a dor costuma atingir mais frequentemente um lado da cabeça, e foi traduzida para ax-xaqiqâ pela influência árabe.
Com o tempo a língua espanhola incorporou o vocábulo como jaqueca, que se tornou enxaqueca no português.
Na tradução oficial da Classificação Internacional das cefaleias, usa-se o termo migrânea, assim como a maioria dos artigos científicos em português.

Cada cabeça uma sentença

Engana-se quem pensa que toda cefaleia é igual. Descubra os vários tipos e aprenda a diferenciá-las. Nenhum mal-estar é tão democrático quanto a dor de cabeça, que afeta praticamente todas as pessoas, independentemente de idade, gênero, condição social ou etnia.
Estima-se que cerca de 99% das mulheres e 94% dos homens sofram com o problema em algum momento da vida.
E ele pode ter as origens e as características mais diversas, variando em frequência, intensidade, entre outros fatores.
Para provar que não se trata de uma questão simples, a neurologista Carla Jevoux afirma que são em média 200 tipos de cefaleia.
Ou seja, não há (praticamente!) cabeça que não seja afetada por algum tipo de dor.

Cefaleia tensional

Esse tipo de dor de cabeça se enquadra no grupo das primárias, aquelas que não envolvem outras causas; é a dor por si só. Já foi chamada de cefaleia de estresse ou de contração muscular, mas foi definida como tensional pela Sociedade Internacional de Cefaleia (SIC).
Dentre as dores é uma das mais leves, porém, é a que tem a maior incidência, afetando de 35% a 60% das pessoas.
Carla descreve como esse mal se manifesta: “A dor pode ser sentida nos dois lados da cabeça simultaneamente.
Os pacientes a descrevem como uma sensação de peso ou aperto em volta da cabeça, ou na parte posterior, muitas vezes irradiando para a pate posterior do pescoço”.
Suas causas estão relacionadas a alterações bioquímicas cerebrais, distúrbios emocionais e tensão muscular.
 Por não causar grandes transtornos, como náuseas ou vômitos, e comprometimentos ao cotidiano, o indivíduo costuma não buscar ajuda médica.
Segunda a Sociedade Brasileira de cefaleia (SBCe), existem dois tipos de dor de cabeça do tipo tensional: episódica ou crônica – essa última, inclusive, pode ser um agravamento da primeira.

Enxaqueca

Essa doença chega a afetar 20% das mulheres e de 5% a 10% da população masculina. Também chamada de migrânea, é uma doença neuromuscular crônica que causa grandes prejuízos ao indivíduo, por comprometer seu bem-estar em todos os aspectos da vida.
A dor latejante e de forte intensidade acomete um lado da cabeça, podendo variar a cada crise, que tem duração de três a quatro horas.
“A enxaqueca é uma doença genética do cérebro, que o torna mais sensível a uma vasta gama de estímulos.
Predomina entre as mulheres e tem caráter genético e hereditário”, explica a neurologista.
Náuseas, vômitos, intolerância à luz (fotofobia), ruídos (fonofobia) e odores (osmofobia) acompanha o mal-estar.
Outro diferencial é a presença de aura,um fenômeno que costuma anteceder a crise de dor e se manifesta com flashes de luz, falhas no campo visual e imagens brilhantes em zigue-zague.
Com a intensidade impede até mesmo simples movimentos de cabeça, o indivíduo que sofre com a doença tende a buscar tratamento.

Cefaleia em salvas

Se as mulheres são o maior alvo da enxaqueca, são os homens os mais afetados por esse tipo de dor de cabeça, numa proporção de três para cada representante do sexo masculino.
Já chamada de cefaleia histamínica e de Horton, hoje, define-se como cefaleia em salvas aquela que causa dor intensa, unilateral, geralmente em órbita e com duração de 15 minutos a uma hora e meia.
Com manifestações rítimicas, pode até ser prevista por quem sofre com a dor, e as crises costumam se estender de dois a quatro meses.
Mais rara, estima-se que seja responsável por 6% do total de casos de dor de cabeça e comece a partir dos 30 anos de idade.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe), é comum que as crises sejam acompanhadas de vermelhidão nos olhos, lacrimejamento, congestão nasal, queda da pálpebra do lado onde a dor se manifesta e agitação, especialmente durante a noite.
Embora não se saiba ao certo a origem do problema, acredita-se que esteja ligado ao hipotálamo, estrutura cerebral responsável por alguns mecanismos muito importantes para a regulação do corpo humano, incluindo controle de temperatura, da regulação hormonal e do sono.

Em facadas

É, na verdade, um tipo de dor de cabeça muito frequente em quem sofre com enxaqueca (40% dos que queixam) e/ou cefaleia em salvas (em 30% dos casos). Tem duração extremamente breve, cerca de três segundos, mas se manifesta com intensas pontadas únicas ou agrupadas, em definidas regiões da cabeça, geralmente na parte posterior.
Não possui causas orgânicas definidas.

Dor de cabeça: cada um tem a sua

Cefaleia da tosse

Depois de grande esforço para tossir ou de outra atividade que sobrecarrega a musculatura abdominal, surge uma dor aguda e em pontadas, que costuma atingir os dois lados da cabeça, geralmente na região inferior. Corresponde a apenas 1% das dores de cabeça e costuma atingir homens com mais de 40 anos de idade.
Na grande maioria dos casos, não representa maiores riscos, mas pode sinalizar um aneurisma, grave dilatação e até rompimento de uma artéria no cérebro.

Do esforço físico

Sabe aquela hora em que você aperta o passo e aumenta a intensidade de uma caminhada ou corrida? Ou quando intensifica a série de exercícios na academia. É esse empenho fora do habitual que faz com que a oxigenação do cérebro seja insuficiente e a respiração inadequada.
O resultado certo é uma dor de cabeça, que é ainda mais frequente em ambientes muito quentes ou em altitudes elevadas.
As cefaleias de esforço tem uma predominância no sexo masculino, afetando quatro homens para cada mulher.

Associada ao ato sexual

E quando um dos grandes prazeres da vida é como uma tortura para alguns? É o que acontece com os indivíduos que sentem dor de cabeça durante o ato sexual. A dor pode se manifestar como um peso leve na parte posterior da cabeça e de intensidade gradual, ou seja, cresce conforme a excitação aumenta chegando ao ápice no momento do orgasmo.
Outra variação da doença apresenta sintomas semelhantes ao da enxaqueca: dor intensa, explosiva e latejante, só que na região frontal da cabeça.
Pode durar alguns minutos, horas ou dias e desaparece espontaneamente.
O problema é mais frequente em homens, surge entre 30 e 50 anos de idade e pode apresentar um único episódio ou persistir em todas as relações sexuais.

Hípnica

Como se fosse um reloginho, uma cefaleia leve a moderada desperta a pessoa, que costuma ter mais de 50 anos de idade. A dor pulsante e difusa geralmente ocorre em momentos definidos do sono, especialmente durante sonhos, e dura de 30 minutos a três horas.
As mulheres são as mais afetadas pelo problema, que se manifesta exclusivamente enquanto se dorme.

Cefaleia em trovoada

O nome curioso ilustra bem a sensação de turbulência causada por esse mal. De acordo com pacientes que já tiveram esse tipo de mal, a dor é tão intensa, em segundos, que parece um raio atingindo em cheio a cabeça.
Embora faça parte do grupo das cefaleias primárias, é considerada grave e requer investigação imediata, pois pode ser sintoma de um aneurisma ou outros problemas neurovasculares.

Hemicrânia contínua

Imagine o que seria ter algo martelando na cabeça o tempo todo, sem nenhum intervalo ou descanso. É o que acontece com quem tem essa cefaleia, que aparece sempre do mesmo lado da cabeça, é diária e contínua.
A dor, que antes já foi considerada rara, é, na verdade, pouco conhecida e pode apresentar outras manifestações diversas, como o acompanhamento de aura.

Cefaleia persistente e diária desde o início (CPDI)

O mais interessante nesse tipo de dor de cabeça, é que as pessoas que dela sofrem se lembram exatamente do dia em que o problema começou. Geralmente, os indivíduos não tem histórico de cefaleia tensional ou migrânea e, na maioria dos casos, são mulheres.
É descrita como uma dor que surge de repente, tem mais de quatro horas de duração e persiste por pelo menos por 15 dias em um mês.
A crise pode surgir por causa de uma enxaqueca mal-tratada ou depois de uma infecção viral e costuma desaparecer espontaneamente depois de seis a 24 meses.

Cefaleia cervicogênica

Alterações cervicais no pescoço e na nuca, geralmente causadas por hérnia de disco, torcicolo e outros problemas posturais, geram uma contração muscular excessiva que entre outras dores, leva à dor de cabeça.
Essa cefaleia moderada costuma ser unilateral, mas pode afetar os dois lados da cabeça, se estende para o pescoço e ombros e pode ser acompanhadas por náuseas, vertigens e fotofobia.

Cefaleia secundária

“Os paciente que apresentam um mesmo tipo de dor de cabeça há vários anos e cujos exames clínicos e neurológicos não apresentam qualquer alteração, em geral, sofrem de alguma forma de cefaleia primária, como a enxaqueca, e só muito raramente a dor será decorrência de outra doença.
Portanto, não há motivos para alarme”, explica a neurologista.
Porém, a cefaleia pode ser sintomas, de um enorme número de outras doenças: tumores, aneurismas cerebrais, infecções do sistema nervoso central ou sistêmicas, processos inflamatórios dos vasos, hipertensão arterial grave, sinusites, alterações metabólicas, efeitos de drogas, mal formações congênitas, traumatismos da cabeça e pescoço, entre outras.
Por isso, é fundamental que se investigue as origens do incômodo.

Dor de cabeça ou enxaqueca? Faça o teste!

Aqui tem um teste simples que vai te ajudar a entender as coisas se sofre ou não quer sofrer deste mal. É comum chamar uma dor de cabeça mais forte de enxaqueca. Mas há grande diferença entre uma e outra. A dor de cabeça, não importa a intensidade ou a causa, pode ser episódica ou sintoma de outra doença.
A enxaqueca, por sua vez, é um mal crônico, que atrapalha a vida e contra o qual só funcionam remédios específicos.
Confira se você sofre ou não de enxaqueca:.

– Quanto tempo costuma durar as crises?

a) De 4 a 72 horas

b) Até uma semana

– Onde a dor se localiza?

a) De um lado só da cabeça

b) Dos dois lados

– Como é a dor?

a) Latejante, pulsátil

b) Em pressão, como se uma faixa apertasse a cabeça

– Qual é a intensidade da dor?

a) De moderada a forte

b) De fraca a moderada

– Quando a dor chega você. 

a) .tem de interromper o que está fazendo

b) .consegue manter suas atividades

– Marque a situação mais recorrente nos momentos de dor

a) Náuseas e vômito

b) Náuseas ou vômito

 Durante a crise. 

a) .tenho aversão à luz e a sons

b) .tenho aversão ou à luz ou a sons

Avaliação

Predominância das alternativas “a”: Você provavelmente sofre de enxaqueca. Seria bom procurar um médico.

Predominância das alternativas “b”: É quase certo que você apenas experimente de vez em quando uma cefaleia tensional episódica, o tipo mais comum de dor de cabeça.

Para não ter mais dúvidas

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