DPOC – Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

Tente inspirar e expirar por meio de um canudinho. A dificuldade é certa e bem parecida com a sensação que pesa no ato de respirar sobre os portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). O nome é grande e a sigla, desconhecida da maioria das pessoas, mas trata-se da quinta causa de mortalidade no Brasil.
Talvez com outro nome seja mais fácil identificá-la: a DPOC é a junção do enfisema pulmonar com a bronquite crônica, essa última bem diferente da bronquite também conhecida como asma, que acomete muitas crianças e em adultos tem componentes genéticos.

o que é DPOC

Trata-se de uma doença crônica e sistêmica, por se espalhar em complicações pelo corpo. As mortes são causadas tanto por insuficiências respiratórias como por infartos do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais (AVC) e diabetes, tudo decorrente da inflamação que começa no pulmão e se generaliza.

Na ponta de tudo, está o cigarro – e outros produtos da queima do tabaco -, causa de 85% dos casos, mas apenas 15% de todos os fumantes desenvolvem DPOC suficientemente grave a ponto de causar sintomas. Os outros 15% ficam por conta da exposição constante à fumaça de fogões a lenha, poluição.

As populações expostas a poluição em recintos fechados, resultante do uso de fornos e de fogões a lenha e a carvão, correm um risco muito superior.Segundo Roberto Stirbulov, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), o contato com esses agentes nocivos ao pulmão leva a um processo inflamatório contínuo e inexorável contra o qual age o roflumilaste, agora acessível no país.

O medicamento é o primeiro anti-inflamatório para DPOC, inaugurando uma nova classe terapêutica. O roflumilaste tem ação específica no combate à inflamação da doença, atuando como terapia associada aos medicamentos que tratam de sintomas. Sua ação ajuda a diminuir as exacerbações, também chamadas de crises, retardando a progressão da doença e dando mais qualidade de vida e aumento do tempo de sobrevida dos pacientes.
O novo medicamento, contudo, não substitui “o melhor tratamento possível para DPOC”, como afirma o pneumologista Carlos Fritscher, professor da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – numa referência à associação entre broncodilatadores e corticoides.

Público-alvo

Um diferencial do novo medicamento é que ele age especificamente sobre a inflamação do DPOC. “O roflumilaste não dilata os brônquios, mas diminui as inflamações melhorando a função pulmonar”, explica Fritscher. “Ele é mais indicado para aquele paciente gordinho, que passa o dia inteiro tossindo e tem várias exacerbações”. No paciente de enfisema – magro e com menos inflamação – a ação do novo medicamento é menor.

Ainda não há um medicamento que cure a DPOC, mas as drogas que aliviam os sintomas, como os broncodilatadores, permitem a entrada de mais ar no pulmão levando o paciente a sentir menos falta de ar. Em associação com esses medicamentos também podem ser usados corticoides inalatórios, que melhoram a função pulmonar.
Também é destinado a um grupo específico de pacientes: aquele em que se sobressai a bronquite crônica.

Segundo o pneumologista José Roberto Jardim, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o roflumilaste é indicado para o paciente grave, que tem mais de uma exacerbação ao ano, tem muita tosse e catarro e já usa o broncodilatador. “Quanto mais exacerbações apresenta o paciente, mais inflamado ele está”.
O novo medicamento também não dá alívio imediato, papel dos broncodilatadores. “O roflumilaste será um medicamento para se tomar pelo resto da vida e os primeiros efeitos só serão sentidos em três meses”, afirma Jardim.

Segundo Fritscher, o paciente tem ainda uma série de tratamentos dos quais pode se beneficiar e deve sempre começar por interromper o tabagismo, o que em 15 anos pode reduzir a chance de mortalidade em 15%, além de diminuir a perda da função pulmonar.

Há ainda a reabilitação pulmonar, um programa de exercícios para o treinamento da musculatura envolvida na respiração, a oxigenoterapia – pacientes mais graves podem precisar de oxigênio de 15 a 24 horas por dia – e cirurgias de retirada de bolhas no pulmão, indicada em casos específicos de enfisema.

Hoje, apenas seis estados brasileiros e o Distrito Federal oferecem gratuitamente o tratamento para o mal com o roflumilaste. São eles São Paulo (por ação judicial), Espírito Santo, Bahia, Pernambuco, Ceará e Amazonas.

Tratamento com Roflumilaste

Além dos broncodilatadores e corticoides, pacientes mais graves contam agora com nova classe de medicamento. Trata-se do roflumilaste, o primeiro administrado por via oral, apenas uma vez ao dia e específico no combate à inflamação. A droga reduz as crises, retardando, assim, o progresso da doença.

O que é DPOC?

Doença respiratória, caracterizada pela obstrução do fluxo aéreo, que não pode ser totalmente reversível, associada a uma resposta inflamatória do pulmão a partículas ou gases nocivos, principalmente os encontrados na fumaça de cigarro (85% dos casos).

Causada, geralmente, por exposição constante a essas substâncias, gera inflamação crônica nos pulmões e nas vias respiratórias, aumentando a produção de secreção e tornando o catarro mais espesso e pegajoso.
A doença provoca fibrose e perda de elasticidade pulmonar e danos nos alvéolos, o que leva à dificuldade de respirar.

Funcionamento alveolar

Na DPOC, o fluxo aéreo está limitado porque os alvéolos perdem sua elasticidade e as estruturas de suporte, e as pequenas vias aéreas ficam estreitadas.

Teste

( ) Você tem tosse diariamente ?

( ) Você tem catarro todos os dias ?

( ) Você cansa mais do que uma pessoa da sua idade ?

( ) Você tem mais de 40 anos ?

( ) Você é fumante ou ex-fumante?

Em caso de três respostas positivas ao questionário acima, o paciente é indicado à espirometria, um exame simples que mede a capacidade pulmonar. Esse exame e o histórico clínico do paciente, além de dados epidemiológicos levam ao diagnóstico.

Diagnóstico do DPOC

O médico faz o diagnóstico baseado nas alterações identificadas no exame físico, história clínica, aliado às alterações referidas pelo paciente e sua longa exposição ao fumo. Solicitará ainda exames de função pulmonar e de imagem (radiografia de tórax), e eventualmente exames de sangue.

Os exames de imagem, como a radiografia ou a tomografia computadorizada do tórax mostrarão alterações características da doença. A espirometria, que é um exame que demonstra como está a função pulmonar, usualmente demonstra a diminuição dos fluxos aéreos.

Neste exame, a pessoa puxa o ar fundo e assopra num aparelho que medirá os fluxos e volumes pulmonares.
A gasometria arterial é outro exame importante, em que é retirado sangue de uma artéria do paciente e nele é medida a quantidade de oxigênio.

Nas pessoas com DPOC a concentração de oxigênio no sangue está frequentemente diminuída.
Segundo a Iniciativa Global para a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, 2006 (do inglês Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease – GOLD), o diagnóstico de DPOC deve ser levado em consideração em qualquer indivíduo que apresente sintomas característicos e história de exposição aos fatores de risco para a doença, especialmente à fumaça de cigarro.

O diagnóstico da DPOC deve ser confirmado através da espirometria. Segundo GOLD (2006), onde a espirometria não estiver disponível, o diagnóstico de DPOC deve ser feito usando todo os instrumentos disponíveis. Sintomas e sinais clínicos (falta de ar anormal e tempo expiratório forçado aumentado) podem ser usados para ajudar no diagnóstico.

Um pico de fluxo expiratório (monitor) baixo é consistente com a DPOC, mas tem pouca especificidade, uma vez que pode ser causado por outras doenças pulmonares e pelo desempenho insatisfatório.
No interesse de aperfeiçoar a precisão de um diagnóstico de DPOC, todo esforço deve ser feito para fornecer acesso a espirometria padronizada

O que é espirometria?

 

o que é espirometria

É um exame indolor e não invasivo realizado para medir a velocidade e também o volume do ar que entra e sai dos pulmões. Através de uma série de indicadores o médico avalia a condição dos pulmões do paciente de acordo com a idade, o sexo e altura, por exemplo.

É um exame que exige a participação do paciente e que deve ser analisado em conjunto com outros fatores como dados radiológicos e o histórico do paciente.

O exame procura medir, entre outras coisas, o consumo de oxigênio na respiração e, de acordo com os resultados, é possível o diagnóstico de diversas complicações médicas, tanto as ligadas ao sistema respiratório como as ligadas a outras partes do corpo humano e que também influenciam na boa respiração

Quando é indicado?

O exame de espirometria é muito indicado quando há a suspeita de alguma doença relacionada ao sistema respiratório. Através deste procedimento é possível o diagnóstico e o acompanhamento de um tratamento de asma, por exemplo.

A DPOC, ou Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, pode ser diagnosticada até mesmo antes do surgimento dos sintomas durante uma espirometria.
Além disto, o exame pode ser realizado periodicamente para acompanhamento da evolução e do tratamento da doença.

Complicações e crises

Por ser uma doença sistêmica, a DPOC pode repercutir em problemas cardiovasculares, diabetes, perda de massa muscular, osteoporose, obesidade, AVC, ansiedade e depressão, câncer e desnutrição. As crises decorrentes das inflamações são chamadas exacerbações, que são uma piora geral no estado do paciente.

Outros tratamentos da DPOC

A primeira coisa a fazer é parar de fumar. Nas pessoas com muita dificuldade para abandonar o fumo, podem ser utilizadas medicações que diminuem os sintomas causados pela abstinência deste. Os broncodilatadores são medicamentos muito importantes no tratamento.
Podem ser utilizados de várias formas: através de nebulizadores, nebulímetros (sprays ou “bombinhas”), turbohaler ( um tipo de “bombinha” que se inala um pó seco ), rotadisks (uma “bombinha” com formato de disco que se inala um pó seco), comprimidos, xaropes ou cápsulas de inalar.
Os médicos costumam indicar estes medicamentos através de nebulímetros, turbohaler, cápsulas inalatórias ou nebulizadores, por terem efeito mais rápido e eficaz, além de contabilizarem menos efeitos colaterais.

Contudo, os medicamentos corticosteróides também podem ser úteis no tratamento de alguns pacientes com DPOC.
O uso de oxigênio domiciliar também poderá ser necessário no tratamento da pessoa com DPOC, melhorando a qualidade e prolongando a vida do doente.

Além disso, a reabilitação pulmonar através de orientações e exercícios também poderá ser indicada pelo médico com o intuito de diminuir os sintomas da doença, a incapacidade e as limitações do indivíduo, tornando o seu dia-a-dia mais fácil.

Devemos lembrar a importância da vacinação contra a gripe (anual) e pneumonia, que, geralmente, é feita uma única vez.

Alerta

A DPOC é considerada a 6ª causa de mortalidade no mundo e até 2020 subirá para a terceira posição. Estima-se que de 5 a 7 milhões de brasileiros sejam portadores da doença. Apenas 24% da população já ouviu falar nela e mais de 50% desconhecem os sintomas.

Quais as diferenças entre DPOC e asma?

As doenças do aparelho respiratório que acometem as vias aéreas inferiores (brônquios, bronquíolos) constituem um grande grupo denominado de doenças obstrutivas pulmonares. Dentre estas se destacam a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) e a asma, que são condições muito frequentes na população e comumente são confundidas.
O termo “bronquite” costuma ser erroneamente adotado para designar uma destas patologias, fato que contribui ainda mais para os equívocos diagnósticos.

A distinção entre asma e DPOC é muito importante, pois o tratamento recomendado não é o mesmo.
Desta forma, apresentamos as principais diferenças entre elas:

Causas do DPOC

DPOC: a principal causa da DPOC é o tabagismo. A doença também pode ser provocada pela inalação persistente da fumaça gerada pela queima da lenha, utilizada em fogões domiciliares. Uma causa rara é a deficiência congênita de uma proteína denominada alfa-1 antitripsina, que normalmente é encontrada nos pulmões saudáveis.

Asma: a asma é uma doença de caráter eminentemente alérgico que surge como consequência da interação de componentes hereditários (indivíduos com familiares asmáticos tem maiores chances de ter a doença) e ambientais (exposição à poluição, ácaro, mudança climática, cigarro e etc).

Idade de início dos sintomas

DPOC: os sintomas frequentemente surgem após longo tempo de exposição ao cigarro, de tal forma que é muito raro paciente com DPOC com idade abaixo dos 40 anos.

Asma: embora os sintomas possam surgir em qualquer faixa etária, o mais comum é que se inicie na infância e/ou adolescência.

Condições associadas

DPOC: os pacientes estão predispostos a desenvolverem doenças que também são provocadas pelo hábito de fumar, como doença coronariana, problemas circulatórios, isquemias e diferentes formas de câncer.

Asma: é comum o paciente apresentar outras doenças de caráter alérgico, como a rinite e a dermatite atópica.

Função pulmonar (avaliada pelo exame de espirometria)

DPOC: os pacientes com DPOC apresentam queda progressiva e acelerada da função pulmonar evidenciada pelo exame de espirometria. Neste exame, mesmo após utilizar broncodilatador, a função pulmonar permanece abaixo dos valores normais.

Asma: a função pulmonar apresenta grande variabilidade, ou seja, pode estar normal no período no qual os sintomas estão ausentes e estar reduzida durante as crises.
Durante o exame de espirometria, uma característica da asma é a reversibilidade, que consiste em completa normalização dos valores que medem a função pulmonar após a administração de um broncodilatador.

Tratamento da DPOC

DPOC: No tratamento da DPOC a interrupção do tabagismo é fundamental para reduzir a progressão da doença. O tratamento farmacológico se baseia no uso de broncodilatadores, embora outros medicamentos também possam ser usados. Os medicamentos permitem reduzir os sintomas e melhorar o desempenho físico do paciente.

Asma: O tratamento consiste em afastar os fatores desencadeantes de sintomas (mofo, cigarro, poeira, ácaro, etc) e utilizar regularmente corticoide inalatório. Com o tratamento correto os sintomas desaparecem na maioria dos casos.

Embora na maioria dos casos seja possível a distinção entre DPOC e asma, uma parcela não desprezível de pacientes tem quadro clínico compatível com as duas doenças, cabendo ao médico estabelecer o tratamento mais adequado. De toda forma, para ambas as condições, não fumar é fundamental para o controle dos sintomas.