Está na menopausa? Sem medo da reposição hormonal

Mais de 80% das mulheres terão incômodo com a diminuição da produção hormonal na menopausa. O melhor é que a solução já é mais segura e eficaz.

O estrogênio é provavelmente o mais conhecido e discutido hormônio do corpo humano. Popular entre as mulheres, ele também é produzido pelos homens, porém em menor quantidade. O hormônios são substâncias químicas expelidas por um tecido que através de fluídos corporais afeta quase todas as células, os órgãos e suas funções.
Eles regulam o crescimento, o desenvolvimento e até o metabolismo.

A forma como o corpo absorve nutrientes e até mesmo o humor são influenciados por eles, por isso muitas vezes os hormônios são chamados de “mensageiros químicos”. O estrogênio, em especial, representa três hormônios semelhantes, que são a estrona. o estradiol e o estriol.
Cada um tem sua presença acentuada em uma fase da vida da mulher e são essenciais para o crescimento e o desenvolvimento de características sexuais femininas e do processo reprodutivo.
Porém, ao decorrer dos anos, principalmente após os 50 anos, seu nível baixa em até 30% e causa sintomas desagradáveis que podem atrapalhar a execução de tarefas simples do dia a dia.

Flutuação de estrogênio

O início da menopausa é o período em que as mulheres mais se queixam de calores, – ou fogachos, como chamam os médicos -, além de taquicardia e alteração de humor. A reclamação é justa, afinal estes são sinais da síndrome do climatério.
“Os 50 e 60 anos representam o que chamamos de janela de oportunidades”, explica Maria Augusta Bernardini, ginecologista (SP).
O ovário tem duas funções: Produzir os óvulos e os hormônios femininos.
A medida que os anos se passam, diminuem-se os óvulos, e como a produção de estrogênio está ligada ao folículo, diminui sua produção também”, pontua Ricardo Meirelles, endocrinologista e diretor do Departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo (SBEM).

Mal-estar noturno

Em 85% das mulheres o calor é frequente. Um flash dura cerca de três a seis minutos, mas a sensação persiste por mais tempo. “Quando o calor ocorre à noite, ele interrompe o sono, levando à insônia e, no dia seguinte, a mulher estará mais cansada e mal humorada”, explica Meirelles.
Maria Augusta reforça que em alguns casos os sinais atrapalham a produtividade no trabalho e geram até afastamentos.
São comuns ainda entre os sinais sudorese, taquicardia, alterações de humor – tanto para características depressivas quanto de ansiedade -, formigamento, dores articulares, alterações de sono e secura vaginal.

O resultado pode ser dor durante a relação sexual e aumento na chance de infecções vaginais e urinárias. O médico Meirelles alerta quanto a perda de massa óssea, sintoma que leva à osteoporose e nem sempre é descoberto no início. “É um quadro de mais reabsorção do que formação óssea”, diz.
E mesmo com tantos sintomas relacionados à falta de hormônio é possível que algumas mulheres não tenham nenhum dos sinais.

Está na menopausa? Sem medo da reposição hormonal

Importância da pré-consulta

A decisão do uso do estrogênio deve ser feita em conjunto – médico e paciente. “Avaliamos a intensidade e a frequência dos sintomas. Se forem leves, tentamos adequar o vestuário, no caso dos calores, e melhorar a ingestão de líquidos”, explica a ginecologista Maria Augusta.
“porém, persistindo os sinais e o incômodo, optamos pelos medicamentos”.
 A partir dos sintomas é possível entrar com a reposição, porém, em certos casos, o médico pode solicitar exame de sangue ou urina.

Para manter o nível de hormônio adequado as opções são: comprimidos (associados ou não à progesterona), adesivos, gel para uso na pele ou vaginal ou implante. A escolha do médico deve levar em consideração o estilo de vida de cada mulher, individualmente.

A melhor opção

A médica Maria Augusta que a reposição via oral ainda é a mais aceita entre as mulheres. Já Meirelles alerta para algumas situações em particular. “O comprimido de estrogênio passa pelo fígado, podendo aumentar a manifestação de coagulação, o risco de trombose e a pressão alta”.

Já Maria Fernanda Barca, endocrinologista explica os benefícios do uso de adesivos e géis: “A absorção através da pele evita alterações hepáticas e a transvaginal auxilia na lubrificação”. Entretanto, independentemente da forma optada, que deve ser avaliada por um médico, o resultado final será o mesmo, acrescentam os profissionais.

Tratamento combinado

No caso de mulheres que têm o útero, além do estrogênio, é preciso administrar doses de progesterona, pois o uso apenas do primeiro aumenta o risco de câncer do endométrio. “A progesterona pode ser via oral ou vaginal. Como ela só existe em metade do ciclo seu uso é indicado por 12 dias, mas, com isso, algumas mulheres voltam a menstruar.
Se a mulher não quiser ter o sangramento, deve tomar progesterona e estrógeno todos os dias, porém é menos natural”, explica Meirelles.

A conclusão dos especialistas é que a reposição hormonal é benéfica, considerando que, sem ela, além dos sintomas, a paciente tem prejuízo de perda de massa óssea e sintomas genitais. “Quando a falta de estrogênio, aumenta a gordura abdominal, o que piora o sistema cardiovascular.
Então mulheres que não repõem o estrogênio tendem a apresentar essa gordura localizada também”, diz o diretor da SBEM, Meirelles.

Está na menopausa? Sem medo da reposição hormonal

Métodos alternativos

Apesar disso, em alguns casos, seu uso deve ser restrito, como em mulheres com histórico familiar de câncer (mama e ginecológico). Nessas situações são indicados métodos alternativos. “A homeopatia deve ser cogitada, pois ajuda a relaxar e a dormir, e usa substâncias derivadas de plantas com propriedades hormonais.
A acupuntura alivia o estresse e a tensão”, ensina Maria Fernanda.

Exercício físico, alimentação equilibrada, manutenção de peso e mais equilíbrio são extremamente importantes nessas situações. “Existem fitoterápicos que aliviam os sintomas, como a erva Cimicifuga racemosa, cuja raiz apresenta flavonoides, o composto de isoflavonas da soja, a folha da amora, entre outros.
Antiepiléticos agem nos fogachos, na insônia e na irritação; e, quando necessários, nos quadros de extrema ansiedade ou depressão são indicados os antidepressivos”, complementa Maria Fernanda.

Quando a terapia é contraindicada

Em alguns casos, repor o hormônio é desaconselhável, por isso é recomendado o uso de métodos alternativos.
Veja quais são esses casos:

  • Casos de câncer de mama na família
  • Câncer de endométrio
  • Lúpus
  • Ter tido um infarto ou acidente vascular cerebral (AVC)
  • Trombose
  • Distúrbio de coagulação
  • Sangramento genital sem causa desconhecida
  • Ter porfiria, doença ligada à produção excessiva ou ao acúmulo de porfiria (proteína ligada à hemoglobina).

Por que o estrogênio é útil para a mulher?

O estrogênio tem função essencial na manutenção das características femininas. Daí a necessidade de ter seus níveis em equilíbrio. É ele que aumenta o tamanho de músculos, vagina, mamas, glândulas, quadris e coxas. Possui função no crescimento de pelos, evolução dos órgãos sexuais e deposição do tecido adiposo durante o período de formação.

Puberdade: Nessa fase da vida o hormônio é importante para a função do ciclo menstrual.

Outras funções: mantém o colesterol sob controle, protege os ossos, afeta o cérebro, os ossos, o coração, a pele e os tecidos.

Gestação: prepara o útero para o parto, estimula as glândulas mamárias, causa relaxamento dos ligamentos e ossos pélvicos.

Há mesmo risco de ter um câncer de mama?

A associação entre reposição e câncer fez algumas mulheres abandonarem essa terapia na década de 1990. Um dos estudos publicados sobre o tema foi o Women Health Initiative (WHI), feito entre 1993 e 1998, com mulheres de 50 a 79 anos.
Ele apontava um aumento nos casos de câncer de mama, infarto, acidente vascular cerebral (AVC), embolia pulmonar, comparadas as mulheres que optavam por não fazer o tratamento.
O que mudou de lá para cá, e garante que os benefícios sejam maiores do que os riscos foram as doses.
“Deve-se iniciar a menor dose possível, minimizando as possíveis complicações”, pontua Maria Fernanda Barca, endocrinologista e metabologista (SP).
O médico Meirelles reforça que a reposição é sempre individual.
“Acompanhada por um médico a reposição hormonal é segura.
Melhora os sintomas, reduz as fraturas ósseas e colesterol.
E após iniciada a reposição é preciso manter as visitas periódicas, os exames de mama, o transvaginal e a densitometria”, diz.
E os benefícios para a mulher ainda incluem proteção contra o Alzheimer e o Parkinson.

Está na menopausa? Sem medo da reposição hormonal

Os três tipos de estrogênio produzido pelo corpo

Estradiol

Comum em mulheres em idade fértil. O 17-beta estradiol é o estrogênio mais ativo e importante para a mulher em idade fértil. Estradiol é um hormônio produzido tanto pelo corpo masculino quanto pelo feminino. É produzido nos ovários, nas glândulas adrenais, nos testículos e pela conversão periférica da testosterona.
Algumas das suas funções no organismo:.

Reprodução feminina: atua como um hormônio de crescimento para o tecido dos órgãos reprodutivos, sendo fundamental para a concepção e a manutenção da gravidez.

Desenvolvimento sexual feminino: impulsiona o desenvolvimento das características sexuais secundárias femininas. Estimula o crescimento das mamas e é responsável por mudanças no corpo, afetando ossos, articulações, e distribuição de gordura.

Ossos: é importante para a saúde dos ossos, tanto que mulheres pós-menopausa, em que os níveis de estradiol são baixos, tem maior risco de osteoporose;

Cérebro: desempenha um papel significativo na saúde mental da mulher, especialmente no que se relaciona a humor e bem-estar.

Vasos sanguíneos: promove vasodilatação.

Câncer: pode estar associado a surgimento de certos cânceres, especialmente mama e endométrio.

Deve ser dosado em mulheres com amenorreia primária (que nunca menstruaram) ou secundária (que pararam de menstruar), aquelas que estão tendo dificuldade para engravidar e pode auxiliar no diagnóstico da menopausa.

Os níveis de estradiol se alteram durante o ciclo menstrual da mulher.
Começa a aumentar no meio da fase folicular (quando ocorre estímulo a alguns folículos ovarianos), atinge o pico no meio do ciclo, a partir do ponto em que começa a cair, atingindo um segundo pico na fase luteínica (fase em que o corpo lúteo, estrutura que fica no ovário após a liberação do óvulo, produz progesterona).

O seguimento dos níveis de estradiol deve ser feito pelo médico ginecologista ou endocrinologista.

Quais os níveis ideais?

Níveis baixos os altos de estradiol podem ter várias causas. É conhecido como o hormônio “feminino” por se acreditar que era produzido apenas pelas mulheres. É o principal hormônio responsável pelo desenvolvimento dos caracteres sexuais femininos e é fundamental que esteja em níveis adequados para a concepção.

Os valores de referência para o estradiol sérico variam conformam a análise realizada no laboratório em que se realizou a coleta.
Alguns valores são citados abaixo:

  • Homens : inferior a 52,0 pg/mL
  • Mulheres: fase folicular : 1,3 a 266,0 pg/mL
  • Ciclo médio : 49,0 a 450,0 pg/mL
  • Fase lútea : 26,0 a 165,0 pg/mL
  • Pós menopausa : 10 a 50,0 pg/mL
  • Pós menopausa tratada : 10,0 a 93,0 pg/mL
  • Crianças : Menor que 18,0 pg/mL

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Valores aumentados podem ocorrer em algumas situações como:

  • Tumores ovarianos
  • Tumores feminilizantes adrenais
  • Puberdade precoce
  • Doença hepática
  • Gravidez
  • Ginecomastia masculina.

Vale a pena frisar que níveis elevados de estradiol aumentam o risco de câncer endometrial, de acidente vascular cerebral, em homens e mulheres, e câncer de mama.

Valores diminuídos podem ocorrer em:

  • Insuficiência ovariana (inicialmente seus níveis urinários e séricos diminuídos são acompanhados por altos níveis séricos de LH e FSH),
  • Menopausa,
  • Síndrome de Turner,
  • Uso de contraceptivos orais
  • Gravidez ectópica.

Na presença de alterações hormonais, deve ser procurado médico ginecologista, no caso das mulheres, e/ou endocrinologista.

Estriol

Produzido durante a gravidez. É uma hormona efetiva e segura para tratar sintomas menopausicos como os calores e a secura vaginal. O estriol é um dos estrogênios elaborados pelos ovários. É uma das principais hormonas quando da gestação e tem sido usado há décadas, na Europa, na terapia de substituição hormonal bioidêntica.
Numa revisão de tratamentos com estriol desde os anos 80 percebe-se a capacidade desta hormona para aliviar os sintomas vasomotores e melhorar a lubrificação vaginal sem induzir efeitos colaterais, é o suficiente para ser incluída na terapia da menopausa.
Por outras palavras, o estriol corrige o sintoma menopáusico sem os riscos comuns aos estrogênios (cancro da mama e útero), tendo até um efeito protetor em relação a estas patologias.
É conhecido comercialmente como Ovestrion uma vez que não possui genérico.
Pode ser encontrado em forma de comprimido ou creme vaginal.

Os estrogênios são essenciais para o funcionamento do sistema reprodutor feminino e também diminuem as concentrações de testosterona.

Indicações: Deficiência de estrogênio; hiperplasia escamosa vulvar; sintomas vasomotores da menopausa; terapia pré e pós-operatória em mulheres pós-menopausa submetidas a cirurgia vaginal e vaginite atrófica.

Contra-indicações: Neoplasias estrogênio-dependentes, conhecida ou suspeitada; tromboflebite ou distúrbio tromboembólico; sangramento vaginal anormal e não diagnosticado.

Efeitos colaterais: Aumento da pressão arterial; aumento da secreção uterina; cãibra; coceira ou irritação local; distúrbio de visão; dor de cabeça; náusea; retenção de líquidos; sangramento vaginal; sensibilidade e dor mamária; vômito.

Estrona

Único estrogênio que o corpo produz após a menopausa. A estrona é um hormônio esteroide de potência estrogênica inferior ao estradiol, porém maior do que o estriol. Produzido pelo ovário e adrenal. Dosagem útil na avaliação do hipogonadismo, da puberdade precoce, tumores feminilizantes e acompanhamento de reposição hormonal na menopausa.

O teste para determinar a concentração de E1 é importante para averiguar hipogonadismo, puberdade precoce, diagnóstico de tumores feminilizantes, e também acompanhamento de reposição hormonal na menopausa. Veja como é a coleta do sangue, valores aumentados e recomendações para realizar este teste.

Estrona é produzida primeiramente a partir da androstenediona que é proveniente das gônadas e córtex adrenal. Em mulheres na pré-menopausa, mais de 50% da estrona é secretada pelos ovários, a produção também ocorre a partir do metabolismo hepático do estradiol.

A estrona é mais potente que o estriol porém menos potente que o estradiol. É o principal estrogênio circulante após a menopausa. A maior parte da E1 está conjugada sob a forma de sulfato.

Para realizar o exame não é necessário cumprir jejum antes da coleta de sangue, mas o ideal é realizar a coleta pela manhã, evitando alimentação gordurosa no dia anterior. Quando o paciente fizer o cadastro no laboratório deve informar todos os medicamentos que estiver usando.

Os valores normais para o teste estrona, em mulheres vai depender da fase, folicular, lútea ou menopausa, na época da coleta do sangue: Na fase folicular resultados normais geralmente são de: 50,0 a 100,0 pg/mL, na Fase lútea: 100,0 a 300,0 pg/mL e menopausa: 10,0 a 60,0 pg/mL.

E para homens o valor normal deve estar entre: 10,0 a 60,0 pg/mL. É importante averiguar no seu resultado, o valor de referência que o seu laboratório usa, segundo a metodologia, que pode ser um pouco diferente deste números. Encontre este valor no laudos (resultado), no campo, valor de referência.

Nos homens, o teste serve para avaliação de ginecomastia ou detecção de tumores produtores de estrona.

Valores normais e aumentados

Valores aumentados do teste estrona pode estar relacionado a: processo gestacional, fase lútea do ciclo menstrual.

E valores diminuídos no teste estrona pode estar relacionado a hipogonadismo.

Relembrando que o exame deve ser levado para que o médico possa avaliar e realizar o diagnóstico, com base no exame clínico e nos resultados dos testes.

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