Fobia – quando o medo é uma doença

Pouca gente sabe, mas é bom sentir medo. Saudável, até. Se você está lendo este post, esteja onde estiver, é porque seus antepassados tiveram medo. Se não fosse assim, a espécie humana não teria sobrevivido à fúria de predadores, ou escapado de ataques bárbaros.
É o medo o que nos deixa alerta e nos prepara para lutar ou fugir diante de uma determinada sensação de perigo.
“Esta é uma sensação normal e útil para a nossa preservação.
Ao sentirmos medo, tomamos providências para evitar situações de riscos”, analisa o psiquiatra Antônio Egídio Nardi do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Sem essa sensação, jamais olharíamos para os lados antes de atravessar a rua e, muito provavelmente, já teríamos sido atropelados há muito tempo.

Mas se o medo de ser atropelado fosse tanto que nos impedisse de sair de casa? Medo é saudável, fobia não. “Fobia é o nome dado ao medo inexplicável que sentimos de determinados animais, objetos ou situações. É tão irracional que chega a paralisar a pessoa.
Além de causar sofrimento psicológico, traz, ainda, enorme prejuízo social”, observa o psiquiatra Leonardo Gama Filho, da Associação Brasileira de psiquiatria (ABP).

E põe prejuízo social nisso! No caso da empresária Raquel Soares, 50 anos, o medo de avião lhe custou a carreira profissional. Toda vez que tinha de viajar, passava pelo constrangimento de tomar calmantes e perturbar as comissárias de bordo. “Certa vez desisti da viagem após passar pela fila do check-in.
Deprimida, não via outra saída senão pedir dispensa da empresa em que trabalhava”, lamenta Raquel.

Saudável ou psicológico

Segundo especialistas, não é tarefa das mais difíceis identificar uma fobia. Quer um exemplo? É natural que qualquer um de nós tenha medo de ser picado por animais venenosos, como aranhas, cobras e escorpiões. Mas, se alguém chega a passar mal só de ouvir falar o nome de algum deles, cuidado: É sinal de que o medo se transformou em fobia.

“Muitas fobias são desenvolvidas ainda na infância. É o caso da criança que copia o modelo comportamental da mãe, que morre de pavor de barata. De tanto ver a mãe subir na cadeira, aos gritos, a criança vai concluir que a barata é um animal perigoso.
E logo vai desenvolver fobia de barata, também”, explica o psiquiatra Tito Paes de Barros Neto, do Ambulatório de Ansiedade (Amban) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São paulo.
Segundo estimativas, filhos de pais fóbicos têm 15% de chances de perpetuar o padrão comportamental familiar, na fase adulta.

Por vezes, tais fenômenos fóbicos são deflagrados por experiências traumáticas ou situações estressantes, como a que aconteceu com a arquiteta  Marcela Albuquerque, hoje com 42 anos. Quando era criança, sua mãe tentou obrigá-la a tomar um remédio. Diante da recusa da menina, resolveu camuflar o comprimido em um inocente pedaço de pudim.
O problema é que o remédio ficou preso na garganta de marcela, que achou que fosse morrer… engasgada.
” passei cerca de 20 anos me alimentando de sopas sucos e vitaminas”, recorda marcela, que desenvolveu fobia de alimentos sólidos.
“Raramente ia a festas, porque suava em bicas ao ver brigadeiros e cajuzinhos.
Achava que morreria engasgada se comesse um deles”, lembra.

Sem motivo aparente

O que fazer quando a fobia não é motivada por trauma ou estresse? Quando não há, pelo menos aparentemente, um estopim ou algo parecido? Em alguns casos, a fobia parece, simplesmente, ter nascido com a pessoa. É o caso do analista de sistema Joaquim Santana, 47 anos, que até hoje não sabe explicar de onde vem a sua aversão por lugares fechados.
Andar de ônibus? Raramente.
Elevador? De jeito nenhum.
“Certo dia, cheguei a uma entrevista de emprego, e quase caí para trás ao descobri que o escritório ficava no 15º andar.
Preferi subir de escada a correr o risco de ficar preso no elevador”, admite.

Segundo estatísticas da Associação Americana de psiquiatria, 25% da população mundial está sujeita a sofrei, pelo menos uma vez na vida, um súbito ataque de pânico provocado por uma fobia específica. Mas as fobias nunca vêm sozinhas.
Ao se deparar com o obscuro objeto  de seu medo, o fóbico costuma sentir rubor facial, formigamento nas mãos, transpiração intensa e dor no peito.
Em bom português, é como se o coração fosse sair pela boca.
Muitos relatam, inclusive, sensação iminente de desmaio.

“Quando você descobre que tem medo de um determinado objeto, e recua, esse medo só tende a aumentar. O que antes era um simples desconforto, começa a se transformar em tabu intransponível. Nestes casos, quanto mais cedo procurar ajuda, melhor”, assegura Gama Filho.

As duas faces do medo

Para facilitar o entendimento do transtorno, os médicos logo dividiram a fobia em dois grupos: a específica, a social.  A específica é aquela provocada pela exposição a um determinado animal, objeto ou situação particular. A aversão é tanta que, com o tempo, o indivíduo passa a evitar o estímulo fóbico, para não sofre.

“Quando determinada fobia é desencadeada por trauma ou estresse, por exemplo, ela pode até demorar a passar, Mas (geralmente) passa. O pior é quando a pessoa já “cronificou” o problema. Ou seja, criou toda uma teia de justificativas para não se depara com ele.
Quando isso acontece, as chances de cura são menores”, alerta o psicanalista Bernard Miodownik da Sociedade Brasileira de psicanálise do Rio de Janeiro (SBPRJ).

Já a fobia social pode ser descrita, em linhas gerais, como o receio de exercer qualquer atividade em público (como falar, comer ou simplesmente assinar um cheque) por medo de ser observado, julgado ou, pior, criticado pelos outros.
Segundo especialistas, a fobia social pode ser definida como “uma timidez patológica”, que leva o indivíduo a viver em estado de total isolamento ou reclusão.

O medo é um sentimento comum a todas as espécies animais e serve para proteger o indivíduo do perigo. Todos nós temos medo em algumas situações nas quais o perigo é iminente.

A fobia pode ser definida como um medo irracional, diante de uma situação ou objeto que não apresenta qualquer perigo para a pessoa. Com isto, essa situação ou esse objeto são evitados a todo custo. Essa evitação fóbica leva muito freqüentemente a limitações importantes na vida cotidiana da pessoa.
As fobias são acompanhadas de ansiedade importante e também freqüentemente de depressão.

O que a pessoa com fobia sente:

  • Falta de ar
  • Rubor facial
  • Voz trêmula
  • Dor no peito
  • Tensão muscular
  • Sensação de desmaio
  • Transpiração intensa
  • Formigamento nas mãos
  • Ressecamento da garganta
  • Dificuldade de concentração.

Principais tipos de fobia

Específicas:

  • Glossofobia: medo de falar em público

  • Autografofobia:: medo de escrever ou assinar em público
  • Fagofobia: medo de comer ou beber em público
  • Amaxofobia: medo de dirigir e de ser observado ao dirigir
  • Bieno fobia: medo de usar banheiros públicos.

Sociais:

Animais

  • Aracnofobia: Medo de aranha
  • Ailurofobia: medo de gato
  • Cinofobia:medo de cachorro
  • Entomofobia: medo de insetos
  • Ofidiofobia: medo de cobra

Ambientes naturais

  • Acrofobia: Medo de altura
  • Ceraunifobia ou Brontofobia: medo de tempestade
  • Nictofobia: medo da noite ou de escuridão
  • Antlofobia: medo de inundações, enchentes dilúvios.

Sangue, injeções e ferimentos

  • Hemofobia ou eritrofobia: medo de sangue
  • Aicmofobia: medo de agulhas
  • Gnidofobia ou Belonefobia: medo de picadas
  • Odinefobia: medo de dor

Determinadas situações

  • Claustrofobia: medo de lugares fechados
  • Agorafobia: medo de lugares cheios de gente.
    Isso inclui estar fora de casa desacompanhado, no meio de multidões ou preso numa fila, ou ainda viajar desacompanhado
  • Aerofobia: medo de avião
  • Odontofobia: medo de dentista
  • Gefirofobia: medo de pontes e viadutos

.

Diversos fatores

  • Homofobia: medo de homossexuais
  • Cacorrafiofobia: medo de fracasso
  • Tanatofobia: medo da morte
  • Xenofobia: medo de estrangeiros
  • Agateofobia: medo da loucura.

Grupo de risco

“Toda fobia é incapacitante. Mas a social é a mais incapacitante de todas. O fóbico social não consegue sequer iniciar uma conversa com alguém na rua. O quadro é tão grave que, muitas vezes, está associado a outras comorbidades, como depressão e consumo de drogas”, adverte Barros Neto.
De fato, em 50% dos casos, os fóbicos sociais desenvolvem quadros depressivos.
Em outros 20% a doença pode levar o indivíduo à dependência de drogas, álcool ou remédios.

A medicina ainda não chegou a um consenso sobre os perfil dos fóbicos. Quem são eles? Segundo alguns estudos, pessoas extremamente controladoras, meticulosas e perfeccionistas estão mais propensa a desenvolver comportamento fóbico do que as demais. O psiquiatra Antônio Nardi discorda. “Toda e qualquer pessoa está sujeita a ter fobia.
Muitos têm fobias e não se lembram delas, diariamente, porque mantém um comportamento de esquiva”, salienta o médico.

Esperança de cura

Por enquanto, a única certeza dos médicos diz respeito ao tratamento. “No caso da fobia específica, o melhor a fazer é submeter o paciente à terapia cognitivo-comportamental (TCC)”, recomenda Barros Neto.

No caso da fobia social, os médicos recomendam, além da psicoterapia, medicação. Segundo os especialistas, antidepressivos evitam que certos sintomas para lá de desagradáveis, como palpitação, sudorese e taquicardia, fujam ao controle do paciente. “O tratamento é dos mais bem-sucedidos que existem.
Na maioria dos casos, os pacientes ficam totalmente livres do sintomas”, tranquiliza Gama Filho.
“Mas é importante que a medicação seja administrada no tempo mais curto possível.
Alguns remédios, como os tranquilizantes, podem causar dependências”, ressalva Bernard Miodownik.

Você tem medo ou fobia?

  1. Você sente medo exagerado de algum tipo de bicho, objeto ou situação específica? Sim ( ) Não ( )
  2. Quando se depara com esse determinado bicho, objeto ou situação, chega a passar mal? sim ( ) Não ( ).
  3. Tem medo de enfrentar ambientes sociais, como shoppings, cinemas e restaurantes? Sim ( ) Não ( )
  4. Tem medo de ser julgado, observado ou criticado socialmente? Sim ( ) Não ( )
  5. Tem medo de sair de casa e passar mal na rua? Sim ( ) Não ( )
  6. Tem medo de viajar sozinho? Sim ( ) Não ( )
  7. Tem medo de que alguém note que você está ansioso, ruborizado ou trêmulo? Sim ( ) Não ( )
  8. Evita,  a todo custo, entrara em contato com o objeto ou a situação que lhe cause medo? Sim ( ) Não ( )
  9. Acha que seus medos trazem sofrimento psicológico e prejuízo social à sua vida? Sim ( ) Não ( )
  10. Acha que seus medos interferem na sua rotina profissional? Sim ( ) Não ( )

 

Se você respondeu “sim” à maiorias das perguntas, procure atendimento médico.

Fobia: Um sentimento irracional

Medo é um sentimento universal e muito antigo. Pode ser definido como uma sensação de que você corre perigo, de que algo de muito ruim está para acontecer, em geral acompanhado de sintomas físicos que incomodam bastante.
Quando esse medo é desproporcional à ameaça, por definição irracional, com fortíssimos sinais de perigo, e também seguido de evitação das situações causadoras de medo, é chamado de fobia.
A fobia na verdade é uma crise de pânico desencadeada em situações específicas.

Seis em cada dez pessoas com fobias conseguem se lembrar da primeira vez que a crise de medo aconteceu pela primeira vez, quando as sensações de pânico ficaram ligadas ao local ou situação em que a crise ocorreu. Para essas pessoas, há uma ligação muito clara entre o objeto e a sensação de medo.
Por exemplo, uma pessoa tem uma crise de pânico ao dirigir, e a partir desse dia passa a evitar dirigir desacompanhada, com temor de passar mal e não ter ninguém por perto para auxiliá-la.
E talvez esse temor se expanda para um local aonde a saída seja difícil em caso de “passar mal”, como cinemas e teatros.
Surgiu assim uma agorafobia, um medo generalizado a “passar mal” e não ter como escapar ou receber auxílio.

Uma outra pessoa, por exemplo, pode ter tido uma experiência traumática de um acidente de carro, e a partir desse dia não querer mais andar de carro, desenvolvendo uma fobia específica a carros.

Perceba que o medo de andar de carros é igual, mas a origem, e na verdade o próprio medo, são fundamentalmente diferentes. No primeiro caso, o que se evita é ficar numa situação em que o socorro possa ser complicado, e no segundo caso, o que se evita é o carro em si mesmo.

Mas por qual motivo uma pessoa desenvolve uma fobia? E ainda, por quais razões algumas fobias são mais comuns que outras? Vários neurocientistas acreditam que fatores biológicos estejam francamente ligados. Por exemplo, encontrou-se um aumento do fluxo sanguíneo e maior metabolismo no lado direito do cérebro em pacientes fóbicos.
E já foi constatado casos de gêmeos idênticos educados separadamente que desenvolveram um mesmo tipo de fobia, apesar de viverem e serem educados em locais diferentes.

Também parece que humanos nascem preparados biologicamente para adquirir medo de certos animais e situações, como ratos, animais peçonhentos ou de aparência asquerosa (como sapos, lesmas ou baratas). Numa experiência clássica, Martin Seligman associava um estímulo aversivo (um pequeno choque) a certas imagens.
Dois ou quatro choques eram suficientes para criar uma fobia a figuras de aranha ou cobra, e muitas mais exposições eram necessárias para uma figura de flor, por exemplo.

A provável explicação é que esses temores foram importantes para a sobrevivência da espécie humana há milênios, e ao que parece trazemos essa informação muitas vezes adormecida mas que pode ser despertada a qualquer momento.

Outra razão para o desenvolvimento das fobias pode ser o fato de que associamos perigo a coisas ou situações que não podemos prever ou controlar, como um raio numa tempestade ou o ataque de um animal.
Nesse sentido, pacientes com quadro clínico de transtorno de pânico acabam desenvolvendo fobia a suas próprias crises, e em consequência evitando lugares ou situações que possam se sentir embaraçados ou que não possam contar com ajuda imediata.
E por fim, há clara influência social.
Por exemplo, um tipo de fobia chamada taijin kyofusho é comum apenas no Japão.
Ao contrário da fobia social (em que o paciente sente medo de ser ele mesmo humilhado ou desconsiderado em situação social) tão comum no ocidente, o taijin kyofusho é o medo de ofender as outras pessoas por excesso de modéstia e consideração.
O paciente tem medo que seu comportamento social ou um defeito físico imaginário possa ofender ou constranger as outras pessoas.
Como se percebe, esse tipo de fobia é bem pouco encontrado em nosso meio… O que há em comum em todas as fobias é o fato de que o cérebro faz poderosos links em situações de grande emoção.

Para entender o que se passa, é interessante lembrar de uma situação universal: você provavelmente, em algum tempo de sua vida, estava com outra pessoa, numa situação bastante agradável, e ao fundo tocava uma música. Agora, quando você ouve a música, lembra da situação.
E se parar para pensar bem, não apenas lembra da situação, mas talvez sinta as mesmas sensações agradáveis.

Para o cérebro, o fenômeno é o mesmo. Fortes emoções em geral ficam ligadas ao que acontece em volta. Em geral as fobias ocorrem quando a crise de pânico é desencadeada em situações que já são potencialmente perigosas.
Por exemplo: nenhum animal (e nós somos animais, lembra-se?) gosta de ficar acuado ou perto de algum outro animal que possa lhe trazer riscos.

Fobias e pânicos

Já que as fobias são um “pânico com objeto”, ou seja, são crises de pânico que somente acontecem em situações ou lugares específicos, é importante entender como uma crise de pânico é formada.
Para isso, é interessante comparar sua cabeça com um carro que possui um alarme contra ladrões, desses que basta você encostar na carroceria para ele disparar.

Esse sistema de alarme é o cérebro antigo, em especial o sistema límbico, com suas reações de luta ou fuga. Esse alarme tem que tocar em situações de perigo real.
No entanto, para certas pessoas, esse sinal de perigo é desencadeado sem nenhuma razão aparente, como você talvez já tenha visto em estacionamentos, quando um alarme de carro dispara sem que nada tenha acontecido.
Essa situação é conhecida como ataque de pânico.
Para outras pessoas, esse alarme é disparado em situações indevidas, como por exemplo em elevadores, lugares fechados, ou no trânsito.
Essa situação é conhecida como fobia.

A síndrome do pânico é uma mistura dessas duas situações. Numa primeira fase, quem tem o transtorno (= síndrome) do pânico, tem ataques sem motivo algum. E numa segunda fase, passa a ter os mesmos sintomas nas situações ou lugares em que já teve os ataques.
Assim, se a pessoa tem um ataque dentro de um carro, passa a evitar dirigir sozinha, ou não dirige mais.
Se foi num lugar fechado, passa a não entrar em bancos, shopping centers, cinemas, teatros.
Ou se entra, procura ficar bem próximo da saída… E para muitos, o simples fato de pensar, lembrar ou ver uma imagem da situação já é o bastante para desencadear a crise.

Estar preso no trânsito, num elevador, num shopping é, para quem sofre de certos tipos de fobia, uma situação de “ficar acuado”, sem saída. Por isso, muitos pacientes com pânico acabam desenvolvendo fobias a lugares fechados.

As dicas acima fazem parte de uma técnica conhecida como exposição gradual. São maneiras de encarar o medo aos poucos, até pegar a confiança necessária para retomar este tipo de atividade normalmente

A técnica é mais indicada para os casos de fobias específicas – quando a pessoa tem medo de altura ou de lugares fechados, por exemplo. Em geral, este medo é provocado por alguma experiência ruim que provoca um trauma psicológico, e pode surgir em qualquer momento da vida.

O que acontece nestes casos é que o cérebro relaciona uma “memória ruim” a algum objeto, lugar ou situação. Quando isto acontece, A pessoa não consegue mais entrar em contato com esta coisa específica – ela sente um bloqueio, os sintomas físicos se manifestam.

Além da fobia específica, há outros dois tipos de medo exagerado, e ambos têm tratamento: a agorafobia e o medo social.

A agorafobia é o medo de se sentir mal em determinados locais e não poder receber socorro. Normalmente, as pessoas que tem este tipo de medo se sentam perto das saídas no ônibus ou no cinema, ficam sempre prontas para escapar caso algo aconteça. Em geral, a agorafobia está associada à síndrome do pânico.

Já a fobia social é uma timidez exagerada e doentia que pode surgir em várias situações. As pessoas que têm esta fobia costumam nascer com ela, ou pelo menos com uma predisposição a desenvolvê-la.

Este medo do julgamento dos outros atrapalha muito na interação social e no relacionamento com amigos e colegas de trabalho. A timidez chega ao ponto de fazer com que uma pessoa não consiga nem assinar um cheque, por medo da exposição, por exemplo. Este tipo de medo é o mais difícil de resolver sozinho, é preciso procurar ajuda profissional.

Sintomas

Quem sofre de fobia, ao se deparar (ou às vezes simplesmente imaginar…) com as situações que desencadeiam suas crises, sentem um enorme medo, em geral acompanhados de pelo menos quatro dos seguintes sintomas:

  • Falta de ar
  • Rubor facial
  • Palpitações
  • Dor ou desconforto no peito
  • Sensação de sufocamento ou afogamento
  • Tontura ou vertigem
  • Voz trêmula
  • Dor no peito
  • Tensão muscular
  • Sensação de falta de realidade,
  • Formigamento nas mãos
  • Ondas de calor ou de frio,
  • Transpiração intensa
  • Sensação de desmaio, tremores ou sacudidelas,
  • Medo de morrer ou de enlouquecer ou de perder o controle
  • Sensação de desmaio
  • Ressecamento da garganta
  • Dificuldade de concentração

O que diferencia em grande parte alguém que tenha fobia de uma pessoa que tenha simples medo, é que pessoas com fobia passam a evitar a qualquer custo as situações que desencadeiam as crises, alterando sua rotina de vida.

Pacientes fóbicos com frequência têm suas vidas complicadas por dois fatores. O primeiro é que em geral não confiam na sua capacidade de enfrentar os sintomas, temendo qualquer lugar aonde não possa contar com ajuda.
E o segundo é que costumam super valorizar os sintomas, achando literalmente que vão morrer, que vão ter um ataque do coração, um derrame, ou que possuem alguma doença grave e misteriosa.

A maior consequência da primeira complicação (a falta de confiança nos próprios recursos) é um isolamento progressivo, um empobrecimento de vida que impede a maioria das ações do dia-a-dia.

E a maior conseqüência da segunda complicação (a catastrofização dos sintomas) é uma eterna busca por cuidados médicos ao mesmo tempo em que pequenos sinais do corpo já são interpretados como indícios de que a crise está vindo, de que a morte pode chegar a qualquer momento.

O ciclo vicioso das fobias

Quem sofre de fobia tem suas crises de pânico desencadeadas por alguma situação específica (as fobias) no cérebro antigo. Quando começa a sentir as sensações de luta ou fuga (o alarme de emergência), imediatamente é inundado por imagens de catástrofe.
Essa interpretação dos sintomas como sendo uma catástrofe é recebida pelo cérebro antigo novamente, aumentando os sintomas a níveis estratosféricos.
Ao mesmo tempo, sua respiração fica bastante alterada, o que muda a química do sangue de maneira significativa.
Essa mudança na química do sangue, por si só, aumenta ou desencadeia novas crises.

Aí então os sintomas são muito assustadores. Como os sintomas são muito desagradáveis, isso acaba por confirmar na cabeça da pessoa que realmente os sintomas iniciais indicavam um grande problema. Em outras palavras, os sintomas asseguram na imaginação da pessoa que ela realmente corria perigo.
Essa situação é percebida pelo cérebro antigo, que tenta ajudar da única maneira que consegue: desencadeando novas reações de luta ou fuga, novas crises de pânico.
E assim o ciclo vicioso se fechou….

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