Gengivite: sorriso comprometido

A periodontite resulta do agravamento de um quadro inflamatório na gengiva. A melhor prevenção ainda é a limpeza bucal disciplinada.

Enquanto, na infância, estamos mais sujeitos a cáries, na idade adulta, é com problemas de gengiva que precisamos nos preocupar mais. “A flora bacteriana desenvolvida na saliva da criança é diferente da desenvolvida quando ficamos mais velhos”, explica a periodontista Karina Campos Oliveira.
A periodontite é um dos problemas mais comuns e a principal causa de perda de dentes entre adultos.

Esses quadros são sempre antecedidos por crises de gengivite. “Ninguém tem uma sem ter a outra antes”, explica a periodontista Fátima Regina Porfírio. A inflamação começa na camada mais superficial da gengiva – uma área muito suscetível à acumulação de placa bacteriana.
Aos poucos, a infecção pode se expandir para os tecidos mais profundos, que dão suporte ao dente, e para a estrutura óssea.

Higiene bucal incorreta é a causa mais recorrente do problema. “Em 24 horas, a sujeira entre os dentes e a gengiva viram o que chamamos de placa bacteriana”, explica Karina. “Em 72 horas, ela se mineraliza e, calcificada, se deposita ao longo do dente, formando o tártaro”.
A gengivite também pode ter causas hereditárias: “A composição da saliva de algumas pessoas deixam-nas mais predispostas”, afirma Fátima.
Embora seja recomendado consultar o dentista a cada seis meses, esses indivíduos precisarão de atendimento diferenciado.

O que é gengivite?

A gengivite é uma inflamação da gengiva que pode progredir e atingir o osso alveolar. É este que envolve e segura os dentes. É causada pela placa bacteriana ou biofilme dental, uma película incolor e pegajosa que se forma continuamente nos dentes.
Se não for removida diariamente por meio da escovação e do uso do fio dental, a placa bacteriana pode se formar e as bactérias nela contidas poderão infeccionar não apenas a gengiva e a região ao redor dos dentes, mas acabarão por atingir o tecido abaixo da gengiva e o osso que suporta os dentes.
Isto pode fazer com que os dentes fiquem abalados, caiam ou tenham que ser removidos pelo dentista.

Estágios da gengivite

São três os estágios da gengivite:

Gengivite: este é o primeiro estágio da inflamação gengival causada pela placa bacteriana que se forma na margem da gengiva. Se a escovação e o uso do fio dental diariamente não forem suficientes para remover esta placa, ela produzirá toxinas (venenos) que podem irritar o tecido gengival, causando a gengivite.
Você pode notar algum sangramento durante a escovação e o uso do fio dental.
Neste primeiro estágio da doença, o dano pode ser revertido, desde que o osso e o tecido conjuntivo que seguram os dentes no lugar não tenham sido atingidos.

Periodontite: neste estágio, o osso e as fibras de sustentação que mantêm os dentes em posição são irreversivelmente danificados. Ao redor da sua gengiva pode começar a se formar uma bolsa que avança para baixo da gengiva e onde ficam armazenados os detritos e a placa bacteriana.
O tratamento dentário adequado e a higiene bucal minuciosa em casa, em geral, podem ajudar a prevenir danos maiores.

Periodontite avançada: neste estágio final da doença, as fibras e os ossos de sustentação dos dentes estão destruídos, o que faz com que os dentes migrem ou mudem de lugar ou se tornem abalados ou móveis. Isto pode afetar sua mordida e, se o tratamento não for eficaz, você corre o risco de perder seus dentes.

Como saber se tenho gengivite?

A gengivite pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum entre os adultos. Se for detectada no seu estágio inicial, a gengivite pode ser revertida – portanto, visite seu dentista se notar qualquer um dos seguintes sintomas:

  • Gengivas vermelhas, intumescidas ou inchadas, ou flácidas.
  • Gengivas que sangram durante a escovação ou o uso do fio dental.
  • Dentes que parecem mais longos devido à retração da gengiva.
  • Gengivas que se separam ou se afastam dos dentes, criando uma bolsa.
  • Mudanças na forma como seus dentes se encaixam quando você morde.
  • Secreção de pus ao redor dos dentes e na bolsa gengival.
  • Mau hálito constante ou gosto ruim na boca.

Como tratar gengivite?

Os primeiros estágios da gengivite, de modo geral, podem ser revertidos por meio da escovação e do uso de fio dental corretos. Uma boa saúde bucal ajudará a evitar que a placa se forme.

Uma limpeza profissional pelo seu dentista ou higienista é a única forma de remover a placa que se formou e endureceu, formando o tártaro. Seu dentista fará a limpeza ou raspagem de seus dentes para remover o tártaro acima e abaixo da linha da gengiva.
Se o seu problema for muito sério, pode-se realizar um procedimento para aplainar a raiz nas suas partes mais profundas.
Este procedimento ajuda a suavizar as irregularidades nas raízes dos dentes, dificultando o endurecimento da placa bacteriana.

Com consultas regulares, o estágio inicial da doença pode ser tratado antes que se torne um problema muito mais sério. Se seu problema for mais grave, será necessário fazer um tratamento no consultório dentário.

Como tratar gengivite

Gengivite: principais dúvidas

Quem está mais suscetível a ter essa inflamação?

As gestantes têm maior tendência a manifestar o problema por causa das alterações hormonais. “Fumar e tomar bebida alcoólica também favorece o aparecimento da gengivite”, diz o Hugo Roberto Lewgoy, dentista e professor da Uniban, em São Paulo.

É uma doença séria?

Não, se for tratada corretamente e diagnosticada a tempo. Caso contrário, ela pode evoluir para uma periodontite (perda do osso). “Além disso, estudos revelam que a gengivite está relacionada ao parto prematuro, a doenças cardíacas e ao diabetes”, afirma Marcelo Sirolli, periodontista da Clínica OralFix, em São Paulo.

Qual é o melhor tratamento?

O tratamento vai desde a remoção da placa bacteriana e do tártaro por meio de ultrassom e raspagem em consultório até uma simples correção dos métodos de higiene feito em casa. Em raros casos, quando a gengivite for causada por bactérias muito específicas, é preciso tomar remédios.

Dá para prevenir?

Sim, com escovação e uso de fio dental diariamente e visitas ao dentista a cada seis meses. A escova deve penetrar levemente no sulco gengival (região entre os dentes e a gengiva) por meio de movimentos curtos, repetidos e suaves. A escova dental mais indicadaé a de cabeça pequena com cerdas paralelas, uniformes e macias.

E o fio dental? Existe uma maneira certa de usar?

“Faça pequenos movimentos de vaivém nos espaços interdentários, de baixo para cima, como se você estivesse “engraxando” o dente”, explica Wilson Roberto Sendyk, professor de odontologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Isso deve ser feito após as refeições, pois o fio limpa uma área diferente da escova.
Por ser mais larga e chata, a fita dental cumpre melhor esse papel que o fio.

Vale a pena usar pasta de dente específica e antissépticos?

Não há pesquisas que comprovem o benefício dos antissépticos no controle da gengivite. Aqueles que têm álcool dificultam a regeneração do tecido em regiões inflamadas, não sendo, por isso, recomendados.
Os que contêm digluconato de clorexidina a 0,12% podem ajudar, pois agem nas bactérias – mas só devem ser usados sob orientação do especialista.
Quanto ao creme dental, dê preferência a um produto de cor branca para facilitar a visualização de um sangramento.

A alimentação interfere nesse problema?

Não, se houver uma limpeza eficaz após as refeições. Porém, a deficiência de complexo B no organismo facilita o aparecimento de inflamações. “Misturar uma colher de café de levedo de cerveja diariamente no suco ajuda a suprir essa necessidade”, diz Hugo.

Tratamento Caseiro Para Curar Gengivite

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