hiperidrose: como acabar com o suor excessivo

Estresse, calor, esportes… e as axilas não sossegam! Transpirar é normal, mas em excesso, pode não só ser constrangedor como um sinal de que algo não vai bem.

O suor é um mecanismo utilizado pelo corpo para manter o equilíbrio da temperatura corporal interna e externa, o que é importante para o adequado funcionamento do organismo. A produção de suor chama-se sudorese. Nosso sistema geralmente trabalha bem quando a temperatura interna fica em torno de 36,5 ºC.
Sempre que a temperatura corporal aumenta além dessa faixa, o cérebro manda sinais para as glândulas sudoríparas entrarem em atividade.
Por meio da sudorese o corpo perde calor, pois quando o suor evapora da pele, o calor também é removido, fazendo com que a temperatura abaixe e o organismo volte a funcionar da melhor maneira possível.

Existem dois tipos de suor: o écrino, que é formado por uma solução que contém principalmente cloreto de sódio, potássio, amônia e bicarbonato, além de substâncias orgânicas, como lactato e ureia.
Este é mais abundante do que o suor apócrino, que contém, além de água e cloreto de sódio, percentagens mais elevadas de proteínas, lipoproteínas e lipídeos provenientes da desintegração da pele e que servem de base para o crescimento bacteriano.

Diferentes tipos e odores

As glândulas sudoríparas écrinas estão distribuídas pela superfície total do corpo desde o nascimento e têm função termorreguladora e praticamente não exalam nenhum cheiro. Já as apócrinas, desenvolvem-se em apenas algumas regiões do corpo: axilas, área genital, couro cabeludo, ao redor dos mamilos .
O suor que secretam é eliminado através dos folículos pilosos e contém restos celulares e do metabolismo que podem produzir odores desagradáveis quando expostos à ação de bactérias e fungos.
 “Essa produção de mau cheiro é conhecida como bromidrose, e recebe o nome de bromidrose axilar, popularmente conhecida como “cê-cê”, quando o cheiro ruim se concentra na região das axilas, e de bromidrose plantar, ou “chulé”, quando se instala na região dos pés”, explica Erica Monteiro, médica do Departamento de Dermatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp-EPM).

A sudorese varia de pessoa para pessoa e também é influenciada pela temperatura e umidade do ar ambiente. Quanto mais úmido o local, maior a dificuldade para o suor evaporar, dificultando o trabalho de queda da temperatura da pele. Quanto menos sudorese, menor a desidratação.
Geralmente o homem sua mais que a mulher, embora tenha menor quantidade de glândulas sudoríparas.
Em média, o corpo humano tem de 2 a 4 milhões de glândulas sudoríparas que expelem cerca de 10 litros de suor por dia.

Além do normal

Já a transpiração excessiva ou hiperidrose é uma condição anormal de hiperatividade do sistema nervoso, que estimula as glândulas sudoríparas a produzir transpiração excessiva. As regiões mais afetadas com o suor em excesso são as mãos, as axilas, a face, o couro cabeludo e os pés.
“Geralmente, a pessoa começa com pequena umidade nestes locais até que a transpiração fica intensa.
Pode estar relacionada ao calor ou estresse, mas, na maioria das vezes, ocorre inesperadamente e sem razão”, diz Erica.

Há aproximadamente 176 milhões de pessoas afetadas pela hiperidrose no mundo, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD). “Não existe um número exato para definir sudorese em excesso. Considera-se a sudorese excessiva quando leva a pessoa a ficar constrangida com o fato”, define a dermatologista Alexandra Bononi (SP).

IMC e sintomas

A forma mais comum de hiperidrose é a chamada primária e não se sabe a causa. “A hiperidrose primária é crônica, geralmente localizada em uma área como axilas, mãos, entre outras. Em 30 a 50% das ocorrências, há outros casos na família.
A hiperidrose secundária está relacionada a uma doença de base, que pode ser o diabetes, a obesidade, entre outras enfermidades”, afirma Érica.
Quanto maior o índice de massa corpórea (IMC), piores são os sintomas.

Segundo Érica, “em mais de 50% dos casos, a hiperidrose está relacionada com o diabetes. Pessoas com sudorese excessiva são diabéticas ou têm parentes diabéticos. Portanto, fazem parte do grupo de risco o gordinho, os diabéticos e aqueles que têm outros casos de sudorese abundante na família”.
A doença pode se manifestar em qualquer fase da vida, tornando-se constrangedora e desconfortável, ocasionando até problemas no campo afetivo-pessoal e no convívio social e profissional.

Opções de tratamentos possíveis

É possível tratar a hiperidrose com a utilização de medicações tópicas com substâncias antiperspirantes, iontoforese (aparelho que induz alterações eletromagnéticas e aparentemente induz a formação de tampões córneos nas glândulas sudoríparas écrinas), aplicação de toxina botulínica e cirurgias.
Atualmente tem-se utilizado, e com muito sucesso, a toxina botulínica, que é um procedimento sem riscos cirúrgicos e com excelentes resultados.
Alexandra esclarece que o tempo de duração médio de uma aplicação de toxina botulínica para hiperidrose é de sete meses.

A cirurgia de retirada de algumas glândulas sudoríparas é necessária quando não se consegue controlar a hiperidrose com os tratamentos mencionados, ou quando o paciente deseja um tratamento definitivo.
A cirurgia mais comum é a simpatectomia, que consiste no corte de uma parte do conjunto dos nervos que são responsáveis por conduzir os estímulos de suor.
O paciente pode ser internado no próprio dia da cirurgia e se não houver complicações, em geral ele tem alta no dia seguinte e pode retornar às atividades habituais depois de 7 a 10 dias.
“O índice de sucesso nas cirurgias é em torno de 95%”, comemora a especialista Alexandra.

Apesar do alto grau de sucesso da cirurgia, a dermatologista explica que o efeito colateral mais comum é a sudorese compensatória, que pode ocorrer em 20 % a 50% dos casos. “Pode acontecer de aparecer uma hiperidrose que o paciente não tinha, em outro local do corpo, normalmente dorso e coxas. A maior parte dos casos é transitória.
Porém há casos em que o paciente tem que conviver com este efeito.
Existem outras cirurgias sendo estudadas e realizadas com resultados promissores”, finaliza a médica Alexandra.

Para todos os gostos e necessidades

Existem três formas distintas de reduzir ou controlar o odor das axilas: reduzir ou eliminar as secreções dos dois tipos de glândulas, impedir o crescimento bacteriano e absorver os odores corporais. Com estas finalidades, encontram-se disponíveis duas categorias diferentes de produtos: desodorantes e antiperspirantes.
Antiperspirantes e antitranspirantes são praticamente a mesma coisa: reduzem a formação de suor.
Desodorantes são substâncias voltadas para atenuar o odor, inibindo o crescimento microbiano na região de aplicação.
Portanto, nem todo desodorante é antiperspirante e vice-versa.
Saiba identificar as diferentes apresentações:.

Aerosol: tem micropartículas de talco, é mais seco mas também pode irritar peles mais sensíveis.

Spray: ideal para ser aplicado em grandes áreas (dorso por exemplo) e em locais como pés e entre os dedos, pois é só direcionar o jato e não há contato com as mãos. Porém, pode irritar peles sensíveis.

Roll on e creme: fórmulas mais brandas quimicamente, em geral sem álcool, costumam ser as mais suaves.

A hiperidrose (HH) é uma condição caracterizada por aumento da transpiração excedendo o necessário para regular a temperatura normal do corpo. Cerca de 1% a 3% da população dos EUA tem hiperidrose. O aumento da transpiração pode ocorrer devido à ansiedade, às bebidas com cafeína, à nicotina nos cigarros e até mesmo com os alimentos picantes.
Esses alimentos não causam hiperidrose, apenas podem agravá-la.
Certos tipos de calçados também podem aumentar a transpiração nos pés, mas isso não significa que o atleta tem problemas de saúde.

Quando há excesso de umidade em torno dos pés, a pele na parte inferior dos mesmos vai parecer molhada, branca e enrugada. A transpiração excessiva nos pés pode contribuir para o desenvolvimento do pé do atleta (frieiras), verrugas, bolhas, infecções e chulé (mau cheiro).
O suor excessivo também pode fazer com que o pé tenda a deslizar sobre as sandálias ao caminhar ou outros tipos de calçado cuja sola seja lisa.

Os tratamentos incluem uma gama de soluções tópicas, geralmente contendo cloreto de alumínio 15%, iontoforese de água, as injeções de toxina botulínica e, em casos graves, cirurgia. Para ajudar a controlar e evitar a transpiração (e o chulé) siga estas dicas:

  • Use sapatos arejados (com “respiros”) feitos de lona, tapume ou malha.
  • Areje seus sapatos após o uso colocando-os numa área bem ventilada.
  • Reveze seus sapatos, ou seja, alterne o uso de seus sapatos em dias diferentes.
    Se não for possível, reveze pelo menos as palmilhas.
  • Retire as palmilhas no final do dia para secar e “respirar”.
  • Vá de calçado aberto durante o percurso do treino, trabalho, etc.
  • Troque suas meias pelo menos uma vez durante o dia.
  • Evite meias de algodão e meias de nylon.
    Escolha as de fibras leves ou meias de mistura de acrílico, que absorvem a umidade longe dos seus pés.
    O uso de meias com separadores é indicado porque evitam a propagação de fungos.
  • Lave e seque bem os pés diariamente secando bem entre os dedos.
  • Use Spray ou roll on antitranspirante antes de calçar seus sapatos.
  • Verifique seus pés diariamente para avaliar infecção fúngica (muito comum entre os dedos e na unha).
    Descamação na planta dos pés e entre os dedos é um sinal clássico de fungo do pé.
    O aumento da umidade nos pés pode aumentar a chance de uma infecção fúngica.

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Felizmente, as opções de tratamento se ampliaram. Entre os procedimentos mais realizados atualmente estão a aplicação de Botox diretamente na região afetada e a simpatectomia torácica videotoracoscópica – técnica cirúrgica que, embora antiga, vem sendo aprimorada a cada dia para garantir melhor qualidade de vida aos pacientes.

Segundo o cirurgião torácico Nilson Figueiredo Amaral, a cirurgia pode ser realizada em até uma hora e é indicada para hiperidrose localizada sobretudo nas mãos, nas axilas, na cabeça e na face. Por ser pouco invasiva e com resultados imediatos, o paciente pode voltar para casa no mesmo dia.

Menos agressão ao organismo e menos complicações decorrentes são alguns dos benefícios da técnica. A principal vantagem, entretanto, é que a simpatectomia, atualmente, consiste no tratamento mais eficaz contra a hiperidrose, especialmente palmar e axilar.
Por ser uma técnica que evoluiu ao longo dos anos, a ocorrência do maior efeito colateral reclamado pelos pacientes que se submetiam a procedimentos similares, a sudorese compensatória, também diminuiu bastante.
“Antes, o paciente era operado para resolver um problema de sudorese excessiva nas axilas, por exemplo, e podia apresentar como sequela a sudorese nas costas ou em outras partes do corpo em quase 60% dos casos”, conta o médico.

De acordo com Amaral, o que possibilita o melhor resultado é que a remoção do gânglio nervoso pode ser realizada em menor escala e de forma mais dirigida. “Do ano 2000 para cá, a videocirurgia evoluiu muito, assim como os conhecimentos sobre o problema, reduzindo sensivelmente seus efeitos colaterais”, assegura.

BOTOX

Para hiperidrose palmar ou axilar, a dermatologista Ana Cláudia Brito Soares, da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional Minas Gerais, assegura que outra boa opção de tratamento é a aplicação de toxina botulínica (botox).
Na hiperidrose axilar, a toxina botulínica é aplicada com intervalos de cerca de 1,5cm a 2cm entre cada aplicação, na área onde a sudorese é mais intensa.
O efeito máximo ocorre em cerca de duas semanas e o tratamento apresenta boa eficácia, com interrupção da sudorese na área tratada.

O mesmo procedimento pode ser feito para outras regiões, como palmas, plantas do pé e virilha. Geralmente, utiliza-se anestesia tópica (em creme) ou local (bloqueio anestésico). A duração do efeito pode chegar a oito meses, dependendo das características individuais do paciente.

Para manter um bom resultado, é necessário reaplicar a toxina.Outros tratamentos para hiperidrose incluem medicação de uso local, que visam diminuir a secreção sudorípara ou por meio da utilização de aparelhos para iontoforese (que inibem o funcionamento das glândulas sudoríparas por meio de uma descarga de corrente elétrica de baixa intensidade).
 Medicações orais, segundo Nilson Amaral, não apresentam bons resultados, porque podem interferir no funcionamento de outros órgãos e seu uso exige cuidados específicos.

Muitas vezes, o apoio psicológico ao paciente faz-se extremamente necessário, já que a hiperidrose, especialmente a palmar, causa constrangimentos para seus portadores, prejudicando o convívio social. Ana Cláudia afirma que o fator emocional também tem peso no surgimento da hiperidrose, interferindo nos impulsos que vêm do cérebro.

Indicação cirúrgica

A simpatectomia torácica é o procedimento de escolha no tratamento da hiperidrose, seja de localização palmar, axilar, crânio facial ou na associação das mesmas.
Muito mais raramente a simpatectomia pode também ser indicada em alguns problemas vasculares (distrofia simpática reflexa, doença vascular periférica, doença de Raynaud, arterites em doenças reumáticas como esclerodermia, lupus e causalgia).
Pode também ter indicação em algumas arritmias cardíacas graves.

Na simpatectomia pela hiperidrose tratamos na maioria dos casos pessoas totalmente saudáveis. Os pacientes que procuram o tratamento são de ambos os sexos, e a faixa etária é bastante ampla. Predominam pacientes adultos jovens, mas não há limites de idade – as vezes crianças ou pessoas maduras necessitam operação.
Importante é o incômodo, a insatisfação, o constrangimento do paciente, seja na época que for.
Inúmeras vezes as dificuldades que existem no paciente com hiperidrose interferem na qualidade de vida do paciente.
Pode prejudicar a vida pessoal e íntima, o contacto físico, atividade profissional, desempenho escolar, escolha de determinadas roupas, vida social, passatempos, esportes.
Vários sintomas podem prejudicar situações cotidianas, triviais.
Atividades simples do dia-a-dia podem ser constrangedoras, limitantes.
Alguns pacientes podem não conseguir executar adequadamente sua rotina pessoal, profissional, escolar.
Muitos pacientes portadores de hiperidrose primária severa já tentaram inúmeros tipos de tratamento conservador, prescritos por vários clínicos, dermatologistas e até psiquiatras.

Não existe um exame laboratorial ou exame de imagem que ajude no diagnóstico de hiperidrose. Mesmo a medida da quantidade de suor não dá subsídios à indicação cirúrgica – utilizamos apenas em pesquisa clínica.
Assim, a indicação da cirurgia é feita em função do quadro clínico, principalmente avaliando o quanto a hiperidrose está incomodando e comprometendo o paciente em suas atividades – seja no trabalho, no estudo, na vida social, no convívio pessoal, familiar.
Só quem tem hiperidrose sabe o quanto isso incomoda, o quanto pode ser constrangedor, o quanto está afetando sua vida e comprometendo sua produtividade.
Tal avaliação ajuda o médico na escolha dos melhores candidatos a obter bons resultados com a cirurgia.

Existem algumas modificações técnicas na operação que são tentativas de tornar a simpatectomia “potencialmente” reversível. Não há, contudo, resultados consistentes quanto a tal efeito resultado. Assim consideramos que a indicação cirúrgica deve ser feita considerando simpatectomia um procedimento com pequena chance de reversão.
Não recomendamos a indicação cirúrgica propondo reversão em caso de arrependimento.

A maior parte dos pacientes com hiperidrose que procuram o tratamento cirúrgico são pessoas saudáveis, sem qualquer outro problema de saúde.
Existem poucas situações que podem interferir na indicação da cirurgia: pacientes que tiveram doença pulmonar ou na pleura que deixaram sequelas podem complicar a operação (tuberculose, empiema pleural); tais pacientes necessitam avaliação mais detalhada antes da indicação da operação.
Pacientes que já foram operados.
Pacientes portadores de algumas variações anatômicas no tórax.
Assim, pacientes portadores de doença pulmonar, cardiopatia ou outras doenças sistêmicas devem ser avaliados caso-a-caso.

O procedimento cirúrgico não deve ser realizado em pacientes portadores de hiperidrose secundária. Nesses casos o tratamento é dirigido à doença que está causando a hiperidrose. Não indicamos o procedimento cirúrgico em pacientes que não estão convictos de sua eficácia; nunca em casos leves e que pouco incomodam o portador.
A sensação de desconforto também deve ser sentida e relatada pelo próprio paciente, e não imposta por familiares.
Também não indicamos a cirurgia em pacientes que gostariam de serem tratados com toxina botulínica e não o fazem por limitação econômica – tais pacientes frequentemente podem resultar insatisfeitos ou arrependidos.
 Em pacientes cuja queixa isolada ou predominante é plantar não há indicação da simpatectomia torácica, apesar de observarmos melhora em número apreciável de casos.

É uma situação clínica onde existe uma sudorese excessiva, principalmente nas palmas das mãos e nas plantas dos pés. O portador da doença tem as mãos sempre molhadas.
O sintoma geralmente piora com a ansiedade, nervosismo, podendo chegar ao ponto de pingar o pingar o suor e tem a planta dos pés molhadas, situação extremamente desconfortável, que impede o uso de meias comuns.
Pode haver perda significante de líquido.
O fato da doença piorar com fatores emocionais pode dar ao paciente a impressão da causa ser psicológica, o que não é verdade.
O fator emocional é um fator de piora do sintoma, e não a causa.

Na hiperidrose axilar o mecanismo é semelhante ao que observamos na hiperidrose palmar. As queixas do paciente, contudo, são diferentes. Os pacientes sentem-se mal pela impressão que imaginam estar causando – como desleixo ou falta de higiene. Evitam levantar os braços, abraçar as pessoas.
Não conseguem utilizar roupas coloridas e geralmente só usam roupas pretas.
Dizem que forma uma marca como “pizza” sob os braços.
Quando ao mesmo tempo existe odor, o paciente pode sentir-se ainda pior.
É bastante frequente a associação de hiperidrose palmar e axilar.
Nestes casos é importante determinar qual o local que mais incomoda, ou se o desconforto tem a mesma intensidade na mão e na axila.

A hiperidrose é uma doença e é classificada pela Organização Mundial da Saúde como tal (código CID10 – R61-0). Trata-se de uma doença que não mata, não encurta a vida mas afeta a qualidade de vida.
Existe uma influencia do fator hereditário, mas apenas cerca de 30% dos casos consegue-se identificar casos na família, portanto a maioria dos pacientes que vemos não tem (ou não sabe se tem) casos na familia.

A “causa” da hiperidrose primária é desconhecida. Sabe-se que a transpiração (sudorese) é essencial para a vida. O controle das glândulas sudoríparas é feito pelo sistema nervoso autônomo. Na hiperidrose parece ocorrer uma hiperestimulação das glândulas sudoríparas pelo sistema nervoso autônomo, simpático.
Há um centro regulador (centro sudomotor) na cadeia simpática.

A hiperidrose ocorre em ambos os sexos; no caso da hiperidrose palmar os sintomas iniciam-se já na infância na maioria dos casos. Na hiperidrose axilar, iniciam-se geralmente na puberdade. Já quanto à incidência da hiperidrose é muito difícil determinar com segurança sua real incidência.
Vários estudos relatam que a hiperidrose pode chegar a existir em até 3-4% da população.
Considerando-se apenas os indivíduos em que a hiperidrose incomoda na intensidade suficiente para que o paciente busque tratamento tal incidência seria em torno de 1% da população.
Ocorre em todas as raças, mas há evidências de incidência um pouco maior em orientais.

A simpatectomia para tratar a hiperidrose palmar, axilar, crânio-facial é realizada no tórax porque a região do simpático que controla essa áreas localizam-se dentro do tórax. Como não existe conexão entre lado direito e lado esquerdo, o procedimento precisa ser realizado nos dois lados.
Na operação não se retira as glândulas sudoríparas (estas fazem parte da pele, estão na região profunda da mesma).
A simpatectomia atua sobre os nervos que levam o estímulo exagerado às glândulas sudoríparas.

Não, nem sempre – existem situações em hiperidrose axilar onde a simpatectomia pode não ser a melhor opção de tratamento definitivo, cirúrgico. Essa avaliação do melhor procedimento para cada paciente deve ser feita por um médico, de preferência que conheça muito bem os dois métodos e as opções técnicas.
Nessa situação, a experiência do cirurgião e a qualidade da operação são decisivos.

A operação toracoscópica é feita sob anestesia geral. São feitos dois pequenos orifícios no tórax, na região axilar, por onde são introduzidas a óptica e o material de trabalho. As incisões têm cerca de 5-6 mm. As ópticas e os instrumentos tem diâmetro de 5 mm (diâmetro aproximado de um canudinho daqueles utilizados para tomar suco).
A óptica está acoplada a uma câmara de vídeo miniaturizada que leva a imagem a um monitor de vídeo de alta definição.
A óptica também ilumina e amplia a visão dentro do tórax.
A vídeo-toracoscopia permite identificar por dentro do tórax a cadeia simpática e identificarmos a cadeia simpática, os gânglios simpáticos e assim determinar a “altura” ou o “nível”.
Após a identificação precisa da cadeia simpática, podemos atuar sobre a mesma, sendo seccionando, eletro-coagulando, ou “clipando” a área região do simpático que se deseja eliminar ou deixar de funcionar.
O risco de lesão do gânglio estrelado (e síndrome de Horner como complicação – que era o grande problema da cirurgia “aberta”) é, com a nova técnica, praticamente nulo.

Um novo tratamento traz esperança

A expressão “suar em bicas” pode parecer exagero para muita gente. Não para o corretor de imóveis Hamilton Fernando Silva, 41 anos, portador de hiperidrose – um distúrbio nas glândulas sudoríparas no qual elas trabalham demais e levam a pessoa a transpirar muito além do normal.
Para evitar o constrangimento do excesso de suor descendo pelo rosto, fizesse frio ou calor, Silva criou o hábito de andar sempre com uma toalhinha.
A companheira inseparável, porém, foi aposentada há oito meses.
Na verdade, substituída.
Em vez do pedaço de pano, ele agora leva consigo comprimidos de oxibutinina, que toma uma vez por dia.
“É maravilhoso.
Antes precisava enxugar o rosto o tempo todo.
Com a medicação, isso acabou”, comemora.

Silva é um dos participantes de um estudo recém-concluído da Universidade de São Paulo sobre o uso da oxibutinina para o tratamento da hiperidrose. Os resultados desse trabalho, coordenado pelo médico Nelson Wolosker, professor do departamento de cirurgia vascular, são alentadores: entre 50% e 70% dos pacientes responderam bem ao medicamento.
“Antes, as opções disponíveis para tratar o problema eram a cirurgia ou o botox”, fala Wolosker.
No entanto, o efeito da toxina botulínica não é definitivo e a substância precisa ser reaplicada periodicamente.
O procedimento cirúrgico também não é garantia de cura.
Há pessoas que, após a operação, passam a suar exageramente em outras regiões do corpo.
É a chamada hiperidrose compensatória.

As tentativas de usar remédios contra a hiperidrose não são novidade. Substâncias da mesma família da oxibutinina são testadas há décadas, sem muito sucesso devido aos efeitos colaterais. O avanço obtido pelo grupo brasileiro foi testar a oxibutinina e minimizar as reações adversas.
“Dor de cabeça e boca seca eram as principais reclamações”, conta Wolosker.
Além disso, a oxibutinina provou ser uma solução para quem desenvolve a forma compensatória da doença.
Por isso há expectativa pelo uso do tratamento por outros especialistas.
De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, Guilherme Pitta, o órgão aguarda apenas a publicação dos estudos para divulgar a nova diretriz aos seus associados.
“Com a comprovação científica da eficiência do método, podemos orientar outros médicos a usá-lo também”, diz Pitta.

Conclusão: Tanto pacientes masculinos como femininos com HP e HA apresentaram uma melhora significativa no nível da hiperidrose e em QV após tratamento com oxibutinina. Mais estudos são necessários para analisar os resultados desse medicamento em longo prazo.

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