Hipertensão arterial na gravidez: Quais os riscos? O que devo fazer?

A pressão alta na gravidez surge quando a pressão arterial está acima de 140/90 mmHg, especialmente em mulheres que nunca tiveram aumento da pressão arterial, podendo causar dores na nuca, dor na barriga, visão embaçada ou inchaço do corpo. O mal acomete um número considerável de grávidas e pode trazer consequências também para o bebê.
Felizmente, é possível assumir as rédeas do problema.
Saiba como!.

As causas de pressão alta na gravidez podem estar relacionadas com uma alimentação desequilibrada ou malformação da placenta. Além disso, a mulher tem maior risco de ter pressão alta na gravidez quando está grávida pela primeira vez, tem mais de 35 anos, é obesa ou diabética.

Normalmente, a pressão arterial na gravidez baixa na primeira metade da gestação, voltando ao normal ou podendo até subir ligeiramente na segunda metade da gravidez e mais perto do parto. Por isso, se a gestante tiver a pressão alta, principalmente depois das 20 semanas de gestação, deve consultar imediatamente o obstetra.

A pressão alta na gravidez pode ser perigosa, uma vez que pode levar ao desenvolvimento de pré-eclâmpsia, uma complicação grave que pode provocar o aborto caso não seja tratada adequadamente com alimentação equilibrada ou medicação.

A hipertensão gestacional é uma complicação que acompanha entre 5 e 7% das grávidas brasileiras. O aumento da pressão é um mal que pode comprometer a saúde e a vida tanto da mãe quanto do bebê. Alberto D’Auria, médico obstetra e diretor do Hospital Maternidade Santa Joana, na capital paulista, é taxativo: “Maus hábitos e alimentação desequilibrada.
Aí está a origem de praticamente todos os problemas de saúde”.
Para ele, ainda, o aumento da pressão durante a gestação se inclui nessa sentença.

Patrícia Miziara Montalvão, 26 anos, advogada, é um exemplo de como a união de maus hábitos alimentares pode ser fatal. Ela não poupou seu paladar, sempre voltado para comidas salgadas, durante a gestação, não fez restrições alimentares e não praticava atividades físicas, até mesmo porque nunca apresentou problemas de peso.
Patrícia estava no sexto mês da sua primeira gravidez quando, num exame de rotina de pré-natal, constatou o aumento da pressão.
Entre idas e vindas ao médico, picos da pressão de até 18/11 e várias tentativas em controlá-la com medicamentos, ela chegou ao limite entre a vida e a morte.
Patrícia mora em Santa Maria do Tocantins e teve que ser levada às pressas para Brasília.
A médica que a recebeu se assustou com seu estado: ela estava muito inchada e, assim que foi internada, começou a ter convulsões.
O parto foi induzido algumas horas depois: “Quando tiraram Ana Letícia e junto a placenta, na hora minha pressão se normalizou”, conta Patrícia.
“Mas não apontaram a placenta como a única causa da hipertensão.
Tive uma gravidez tumultuada, com muito estresse e hábitos alimentares péssimos.
Tinha desejo por tomate cru com sal todos os dias!”.

Entenda o que é a hipertensão gestacional, os motivos que caracterizam a doença e saiba o que você deve fazer para se prevenir:

O que é a hipertensão na gravidez?

O aumento da pressão sanguínea diagnosticado durante a gestação em mulheres que nunca haviam antes demonstrado o problema é classificado como doença hipertensiva específica da gestação (DHEG). Esse é um dos distúrbios mais comuns em grávidas e se apresenta de duas formas: como pré-eclâmpsia e eclâmpsia.

A pré-eclâmpsia é o aumento da pressão arterial acompanhada da eliminação de proteína pela urina. Normalmente, essa complicação começa depois da 20ª semana de gravidez. Quando não tratada adequadamente, pode culminar na própria eclâmpsia, a reta final da doença.
Ela se caracteriza pela pressão muito elevada escoltada de outros sintomas mais graves, como convulsões e inchaços.
Nesse estágio da DHEG, a vida da mãe e do bebê entra em risco.

Quais são as causas da hipertensão na gravidez?

Não existe uma única causa. Há o consenso de que o problema é resultado, entre outras coisas, da má adaptação do organismo materno a sua nova condição. Outros motivos são a alimentação desequilibrada, com o excesso de sal, e o sedentarismo.
“Mas os principais agravantes da hipertensão são mesmo os hábitos alimentares, embora o começo do problema esteja na formação da placenta”, explica o obstetra Alberto D’Auria.

Quais os sinais de que o problema está se tornando preocupante?

Além da pressão sanguínea muito alta, dores de cabeça e abdominais, escotomas (visão comprometida com pontos brilhantes) e inchaço em todo o corpo indicam que o quadro da gestante é sério e merece cuidados médicos de pronto.

Os sintomas da pressão alta na gravidez incluem:

  • Pressão arterial superior a 140/90 mmHg
  • Dores de cabeça constantes, especialmente na nuca
  • Dores fortes na barriga
  • Visão embaçada e sensibilidade à luz
  • Inchaço de partes do corpo, como pernas ou braços.

Na presença dos sintomas da pressão alta na gravidez é recomendado consultar o obstetra o mais rápido possível para iniciar o tratamento adequado e evitar complicações graves.

Dá para controlar a doença sem medicação?

Depende. Para isso, é preciso ficar de olho na alimentação e no ganho de peso. A dieta, por exemplo, deve ser rica em ácido fólico, já que esse nutriente tem ação vaso dilatadora, e pobre em sal, o gatilho para o disparo da pressão. Se mesmo com esses cuidados a pressão teimar em subir, aí os remédios anti-hipertensivos costumam ser necessários.

Mulheres que já tinham pressão alta antes da gravidez devem tomar cuidados extras?

Quem já era hipertensa deve, junto com o cardiologista e o ginecologista, estudar soluções para assumir as rédeas do problema durante a gestação. Muitas vezes, os especialistas optam por trocar o anti-hipertensivo que a mulher já tomava por outro medicamento da mesma classe e mais indicado para esse período.
E, claro, é preciso redobrar os cuidados com o aumento do peso e a alimentação.
Outra providência é aumentar a suplementação de ácido fólico.
As futuras mamães que já tinham hipertensão antes de engravidar não se enquadram nos casos de doença hipertensiva específica da gestação (DHEG), que, como o próprio nome entrega, geralmente se restringe a esse período.
No entanto, a partir do momento em que a pressão não para de subir, os sintomas e os procedimentos adotados pelos médicos são similares aos da pré-eclâmpsia e da eclâmpsia.

Existe um perfil de mulheres que desenvolvem a hipertensão gestacional?

Mulheres que engravidam tardiamente costumam ter maior chance de desenvolver o problema – cerca de 14% delas. “De modo geral, são mulheres que trabalham muito e esperaram a estabilidade para engravidar. Por isso também são mais estressadas, sofrem muita pressão e, comumente, ingerem muito café.
Esse é um público cativo da hipertensão na gestação”, relata o obstetra D’Auria.
A pré-eclâmpsia também tem maior incidência na primeira gravidez e, do mesmo modo, “gestações múltiplas têm grandes chances de desenvolver o problema”.

A pré-eclâmpsia pode prejudicar a formação do bebê?

A saúde do pequeno não é comprometida quando a mãe está com a pré-eclâmpsia. Mas, se não for tratada, e a gestante chegar ao estágio de eclâmpsia, o risco da perda da criança é alto.

Quais são os comprometimentos para a mãe?

Quando a pressão não consegue mais ser controlada com o auxílio de remédios e os outros sintomas da eclâmpsia estão evidentes, não existe outra saída: o nascimento do bebê precisa ser acelerado com um parto induzido. Caso contrário, o pequeno e a mãe correm o risco de morte.
“É importante considerar que 75% dos óbitos por hipertensão arterial na gravidez têm como causa a eclâmpsia”, alerta D’Auria.

Patrícia Miziara é mais uma vez o exemplo desse extremo. Ela chegou ao hospital com a pressão em 16/11 e extremamente inchada mesmo depois de duas semanas tentando diversos anti-hipertensivos. Assim que foi internada, vivenciou as primeiras convulsões, típicas da eclâmpsia.
“Se tivesse esperado mais seis horas para realizar o meu parto, segundo a médica, teria perdido meu bebê e a minha vida”, conta Patrícia.
Ela sobreviveu e não precisou sequer ficar hospitalizada.
Já Ana Letícia, sua pequena, ficou na UTI por mais três meses, lutando para sobreviver.

Quem teve hipertensão na gravidez tem maior chance de ter pressão alta ao longo da vida?

“Qualquer doença durante a gestação é um indício de uma predisposição. É uma ilusão pensar que o surgimento de algumas complicações seja totalmente aleatório”, diz D’Auria. “A exemplo disso estão os números do diabete gestacional. Cerca de 20% das mães desenvolvem a doença depois da gravidez”, completa.
É comum em pacientes que desenvolveram a doença hipertensiva específica na gravidez tenham a pressão normalizada ou pelo menos reduzida logo em seguida ao parto.
Mas, ainda assim, em muitos casos elas continuam com o anti-hipertensivo por cerca de 40 dias.

Hipertensão arterial na gravidez: Quais os riscos? O que devo fazer?

Pressão arterial na gravidez

Um dos procedimentos de rotina no seu pré-natal será a medição de sua pressão arterial. A atenção à pressão é especialmente importante na gestação por causa de um problema grave chamado pré-eclâmpsia, que também provoca a eliminação de proteína pela urina. A pressão arterial deve ser medida com frequência depois das 20 semanas de gestação.

Quando chegar ao sexto mês de gestação, você já terá produzido mais de 1 litro de sangue extra, e esse sangue todo precisa ser bombeado pelo coração para circular pelo corpo. A sobrecarga na atividade circulatória pode fazer com que você se sinta mais quente que o normal.
 O sangue extra é utilizado para levar nutrientes e oxigênio até o bebê através da placenta e do cordão umbilical, e para recolher as substâncias que o bebê eliminar.

A progesterona, hormônio que aumenta na gravidez, relaxa as paredes dos vasos sanguíneos, e é por isso que sua pressão tende a ficar baixa mais ou menos na metade da gestação. A pressão baixa faz com que algumas mulheres sintam tontura e até desmaiem se ficarem muito tempo de pé ou se levantarem rápido demais.

Sua pressão vai voltar ao normal nas últimas semanas da gravidez. O obstetra só se preocupa se a pressão subir para níveis considerados altos e permanecer elevada em várias medições diferentes.
 Se você já tinha pressão alta antes da gravidez (“hipertensão primária” ou “essencial”), seu médico pode prescrever medicamentos para mantê-la controlada durante a gestação, e seu bebê não será afetado.

Como sua pressão é medida?

Sua pressão será tirada e registrada em todas as consultas do pré-natal. A pressão consiste de duas medidas – a pressão “sistólica” (o número maior) é registrada durante a batida do coração, e a “diastólica” (o número menor), no intervalo entre os batimentos.
É por isso que sua pressão é formada por dois números, por exemplo 130/90 mmHg (tratada informalmente como 13 por 9).
Lembre-se: o que é normal para uma grávida pode não ser para outra.

A pressão diastólica – o número mais baixo da pressão arterial – será o mais monitorado pelo médico durante sua gravidez. Em termos gerais, a medição média para uma mulher jovem e saudável é de 11 por 7 ou 12 por 8.
Se sua pressão ficar acima de 14 por 9 em pelo menos duas ocasiões na mesma semana, e normalmente você tiver pressão arterial normal, o médico pode diagnosticar a pré-eclâmpsia.

As medições frequentes da pressão permitem que o médico perceba qual nível é normal para você. Dessa maneira, um episódio isolado de pressão alta pode não ter relevância. Talvez você só esteja nervosa naquele momento. Se seu médico desconfiar que você está com pressão alta, vai fazer a medição mais uma vez para confirmar.

O que acontece quando a pressão sobe?

Hipertensão arterial na gravidez: Quais os riscos? O que devo fazer?

Se sua pressão começar a subir, o médico deve pedir um exame de urina para definir o que fazer. Se o exame detectar presença de proteína na urina, você pode estar na fase inicial da pré-eclâmpsia, e vai precisar de consultas e exames pré-natais mais frequentes.

A pressão alta na gravidez aumenta o risco de pre-eclâmpsia, uma doença que costuma aparecer a partir da 20ª semana de gestação e que, quando não é tratada, pode evoluir para eclâmpsia, causando convulsões, coma e até morte da mãe e do bebê.

Nos casos em que não se consegue baixar a pressão arterial, mesmo com os remédios prescritos pelo obstetra, o parto deve ser induzido para evitar o risco de morte.

O que você pode fazer para evitar a pressão alta?

Não há muito o que você possa fazer para manter sua pressão baixa. Beber bastante líquido e não abusar do sal na alimentação é sempre positivo.
 O que se deve fazer para tratar a pressão alta na gravidez é repousar bastante durante o dia, beber 2 a 3 litros de água por dia e fazer uma alimentação equilibrada com pouco sal ou alimentos industrializados, como embutidos, salgadinhos de festa ou batata frita.
 Além disso, outras dicas que ajudam a baixar a pressão alta na gravidez incluem beber 1 suco de laranja por dia, praticar exercício físico leve, como caminhada, yoga ou hidroginástica, 2 a 3 vezes por semana, e evitar beber mais do que um café por dia.
 Porém, nos casos em que a pressão alta na gravidez não diminui com estes cuidados, o obstetra pode recomendar o tratamento com remédios para pressão alta.
Já nos casos mais graves, a grávida pode ter de deixar de trabalhar ou ficar internada no hospital, evitando o desenvolvimento de eclâmpsia.

Se você tiver os primeiros sinais de pré-eclâmpsia, nunca é demais tentar descansar o máximo possível e fugir do estresse, principalmente no trabalho.

Nunca falte a uma consulta do pré-natal, mesmo que não esteja se sentindo bem, e preste atenção para ver se sua pressão está sendo tirada. E, se numa eventualidade sua pressão subir e o médico preferir que você fique internada, arme-se de paciência e lembre que é pelo seu bem, e pelo do bebê.

Quem tem pressão alta pode ter parto normal? Quais os riscos?

Sim, quem tem pressão alta pode ter parto normal, desde que a pressão esteja sob controle. A preferência é pelo parto normal com analgesia, pois a dor faz com que a pressão suba mais. Se a pressão estiver descompensada e for esse o motivo para o nascimento do bebê, normalmente o médico opta pela cesárea.

Assista esses dois vídeos para saber mais:

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