Labirintite: como tratar

Não há distinção de faixa etária para o aparecimento do problema. Quando tudo parece rodar ao seu redor e a sensação é de faltar o chão, convém investigar. Labirintite não se trata de um distúrbio de pessoas mais idosas, ao contrário do que se imaginava.
O otorrinolaringologista Mário Sérgio Munhoz, chefe da disciplina de Otoneurologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), confirma que não há distinção de faixa etária para o aparecimento do problema.

Na infância, ela aparece sob a forma da vertigem paroxística benigna, um equivalente de enxaqueca e vertigem. No adulto, surge como doença de Ménière, quando ocorre aumento do volume ou da pressão de um dos líquidos que preenchem o labirinto (endolinfa).
Já no idoso, ocorre a labirintopatia de maior frequência, que é vertigem posicional paroxística benigna, quando o simples movimento da cabeça pode desencadear a crise.

Labirintite: como tratarA perda de equilíbrio momentânea ou duradoura, também chamada de doença no labirinto, tem inúmeras causas. Segundo Munhoz, já foram descritas mais de 2 mil fatores implicados no aparecimento do problema. Os mais comuns são os distúrbios hormonais, infecções do ouvido, traumas e exposição a ruído excessivo.
Já na experiência de Alexandre Pieri, neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein, quando há uma causa defi- nida, ela é consequência de infecção viral ou bacteriana, e de trauma de crânio com fratura temporal.

Os órgãos responsáveis pelo equilíbrio e pela audição estão situados dentro do compartimento interno do conduto auditivo (orelha interna) e se comunicam com o sistema nervoso central por meio de terminações nervosas, como detalha o otorrinolaringologista Antonio Douglas Menon, do Hospital Sírio-Libanês.
Além das já mencionadas doenças infecciosas, inflamatórias, tumorais e mesmo alterações genéticas que ocasionam mudanças nessas estruturas anatômicas.
Essas patologias podem provocar sintomas como vertigem e tonturas.
A fase aguda pode durar de minutos ou horas a dias conforme a intensidade da crise.

O mundo de ponta-cabeça

Labirintite: como tratar

Maria Celeste, uma relações públicas de 46 anos, vinha de um longo período sem férias quando começou a faltar o chão. Era só olhar para qualquer coisa abaixo da altura dos olhos que o mundo começava a rodar. No pronto-socorro, foi examinada dos pés ao último fio de cabelo sem que nada de anormal fosse identificado.
A consulta clínica deu o veredicto: estresse em grau elevadíssimo.
Mais que um remédio para enjoo e tontura, a recomendação foi para tirar férias ou ao menos um período de descanso.

Além de repouso, recebeu as instruções de praxe em caso de crises agudas: evitar dirigir e outras situações de risco como andar sozinha até que o sintoma regrida. Depois de 15 dias, Maria Celeste sentiu de novo faltar o chão sob seus pés, fazendo sua cabeça rodar.
Segundo Douglas Menon, a literatura médica relaciona o estresse como uma das causas da doença de Ménière, caracterizada por vertigem com náuseas, vômitos, perda auditiva e zumbido.
Nesse caso, a frequência das crises podem ser mensais, anuais ou desaparecerem por dois ou três anos.

O principal sintoma da labirintite, seja qual for a idade, é tontura tipo rotatória, também chamada de vertigem. É acompanhada de barulho no ouvido e zumbidos na cabeça. “Outra consequência é a alteração quantitativa ou qualitativa da audição (eu não escuto, não entendo, o som me irrita).
Sintomas que aparecem associados aos principais são náuseas, vômitos, aceleração do coração, descontrole de esfíncteres e sudorese”, explica Mário Munhoz.
Também pode ocorrer perda de audição, sensação de plenitude auditiva (sensação de ouvido cheio ou tapado).
“Os ataques têm duração de horas, mas um certo grau de tontura e desequilíbrio podem persistir por dias”, informa Alexandre Pieri.

Labirintite: como tratar

Muito sensível

Labirintite: como tratar

De acordo com Munhoz, quatro em cada dez pessoas já tiveram algum tipo de tontura na vida – ou 42% da população, segundo o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. O problema é que os distúrbios do labirinto são altamente incapacitantes, o que se explica pelo papel que o órgão cumpre no organismo.
O labirinto, como explica o especialista, “é a porção interna do ouvido que tem a função de transformar a informação sonora em estímulo elétrico, para que ela possa ser levada ao sistema nervoso central, e de analisar o padrão de frequência dessa energia para identificar sons graves e agudos”.

A operação comandada por essa porção minúscula do conduto auditivo é delicada e muito eficiente. Consiste em levar para o cérebro, sob a forma de eletricidade, informações sobre nossa posição no espaço, como as frequências dos movimentos da cabeça e da força da gravidade.
Para manter nítida a imagem, o labirinto ainda determina uma movimentação ocular de correção.
Diante de tal complexidade, qualquer desarranjo nessa estrutura parecerá mesmo um pesadelo.
”Como lidamos com estruturas nervosas altamente sensíveis e especializadas, as palavras de ordem são prevenção e diagnóstico precoce”, recomenda Pieri.

Fechar diagnóstico

O principal item para o diagnóstico de labirintite é a história clínica cuidadosa, em que os vários aspectos das doenças envolvidas são caracterizadas.
“A consulta clínica é complementada com uma avaliação otoneurológica, que pode envolver diversos exames, aplicados em cascata, ou seja, os testes básicos indicam quais os demais que devam ser feitos.
Portanto, é um investigação personalizada, não existindo uma regra fixa”, detalha Munhoz.

Como o labirinto envolve audição e equilíbrio, independente da queixa, testes auditivos e de equilíbrio devem ser sempre aplicados em conjunto. O diagnóstico é fechado por meio de um exame clínico detalhado pelo otorrinolaringologista ou neurologista.
Segundo Alexandre Pieri, exames como tomografia ou ressonância podem ser necessários para excluir outras causas de tontura como o acidente vascular cerebral (AVC).

É fundamental, de acordo com Douglas Menon, identificar a causa e tratá-la adequadamente, sob pena de apenas adiar a reversão de um problema de saúde que interfere decisivamente no cotidiano dos pacientes.
“Quando a causa não é evidente, é preciso ficar atento, realizar novos exames e não deixar de fazer o diagnóstico porque existem doenças no sistema nervoso central que podem provocar manifestações no labirinto.
” Entre elas destacam-se esclerose em placas, tumores no nervo auditivo, no cerebelo e nas áreas do tronco cerebral, além de doenças imunológicas.

Tratar a causa

Como o labirinto envolve audição e equilíbrio, os testes de avaliação devem ser sempre aplicados em conjunto. O tratamento das crises é realizado com medicações sintomáticas que aliviam as náuseas e vômitos e medicações específicas que diminuem a excitabilidade do labirinto. Dependendo do remédio, as pessoas podem levar vida normal.
Hoje, a grande maioria das drogas de manutenção não restringe as atividades dos pacientes.

Após a crise, o ideal é consultar o médico para realizar uma reabilitação vestibular, que consiste em exercícios de movimentação ocular e equilíbrio. Os especialistas ouvidos nesta matéria esclarecem que o enfoque principal é na identificação e erradicação da causa da labirintite.
Remédios são importantes, mas devem ser usados por um determinado período de tempo.
Recursos como mudanças de hábitos alimentares e exercícios físicos sempre são necessários.
Mário Munhoz diz que tanto a reabilitação auditiva como a do equilíbrio corporal sempre precisa ser empregada e em alguns casos são o único tratamento disponível.

Crianças com queixas de tontura constante e desequilíbrio exigem uma avaliação clínica bastante detalhada, até mesmo porque alguns tumores podem provocar esses sintomas, alerta Douglas Menon.
Afastada a hipótese de vertigem postural ligada a dores de cabeça frequentes (enxaqueca), caso a queixa se mantenha, elas devem ser examinadas inicialmente por um otorrinolaringologista e, se necessário, também pelo neurologista.

Dicas para evitar tonturas

Mais que ser medicado, pessoas que apresentam labirintite precisam combater e erradicar as causas.
Acompanhe as principais dicas dos médicos:

  • Consulte um médico regularmente para manter os níveis de colesterol, triglicérides, glicemia, pressão arterial e outros indicadores clínicos sob controle -Na dieta diária, reduza ao máximo o consumo de açúcar e de gorduras.
    -Evite, previna e trate distúrbios metabólicos e hormonais.
  • Não abuse de sal, café, chocolate e outros alimentos com cafeína e/ou estimulantes.
  • Evite o fumo e o uso abusivo de bebidas alcoólicas.
  • Trate qualquer infecção que apareça, seja de causa viral ou bacteriana, porque ela pode repercutir, a distância, no seu equilíbrio
  • Evite grandes intervalos entre as refeições.
    O ideal, mesmo, é não passar três horas sem levar algum alimento à boca.
  • Não se exponha a ruído de lazer excessivo (shows, MP3 players etc.
    )
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Labirintite: como tratar

Na hora da crise

Os médicos recomendam que o paciente fique na posição em que se sentir melhor: sentado, deitado de costas ou de lado. Há quem goste de ficar sentado, mas a maioria prefere ficar em decúbito dorsal (de lado) com a cabeça um pouco levantada. Outra dica do médico Antonio Douglas Menon é o paciente observar as situações que costumam levar às crises.
Por exemplo, virar a cabeça várias vezes e rapidamente, baixá-la bruscamente ou quando ouve ruídos muito fortes.
Desse modo, a prevenção se baseia em evitar determinado movimento ou a exposição ao estímulo sonoro.

Qual a diferença entre vertigem e tontura?

A primeira vem do latim vertere e quer dizer rodar, ou perder o eixo do movimento corporal. A definição clássica de vertigem é alucinação do movimento. Já na tontura, como descreve o médico Antonio Douglas Menon, está presente a sensação de desequilíbrio e instabilidade, de pisar no vazio, de que vai cair.

Na vertigem, a sensação é a de que os objetos presentes em um ambiente estão rodando ao redor da pessoa ou esta sente os objetos girarem ao redor de si. Na tontura, prevalece a iminência da queda, da falta de solo e de insegurança em permanecer no lugar que se deseja estar.
Esses sintomas, associados ou não a náuseas, vômitos, sudorese, caracterizam a crise labiríntica típica.
Menon esclarece que sentir-se mal e ter a sensação de desmaio também podem ser sintomas de hipoglicemia, de hipotensão ou de uma síncope que nada têm a ver com o labirinto.

São situações em que a pessoa, por exemplo, permanece muito tempo sem se alimentar, fica muito tempo na mesma posição, sofre uma súbita diminuição nos níveis glicêmicos. Em casos assim, o mal estar costuma vir acompanhado de náusea, daí a confusão com a labirintite. A parte psíquica e emocional, como no caso do estresse, é muito importante.

Os hábitos alimentares também influem decisivamente para a eclosão de crises. Bebidas gasosas que contenham quinino também podem desencadear zumbido no ouvido, conforme outro exemplo citado pelo médico. Ele faz uma ressalva, porém: cada organismo reage de uma maneira diversa diante do estímulo a que está sendo submetido.
E essa variabilidade se aplica de maneira muito intensa no caso da labirintite.

Leque de medicações

São vários os tipos de medicamentos que podem ser indicados no tratamento da labirintite, exclusivamente a critério do médico:

  • Vasodilatadores: facilitam a circulação sanguínea e melhoram o calibre dos vasos muitas vezes reduzido pelas placas de ateromas;
  • Labirintossupressores: suprimem a tontura pela ação no sistema nervoso;
  • Anticonvulsivantes e antidepressivos (inibidores seletivos de recaptação da serotonina);
  • Drogas que atuam sobre outros sintomas, suprimindo a náusea, o vômito, o mal-estar.
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Uma vez estabelecida a causa e o tratamento adequado, a tendência é a doença desaparecer. Atualmente, se estudam terapias que possam repor as células nervosas, por meio de células-tronco ou intervenções genéticas. Em paralelo, as pesquisas estão mais centradas na reabilitação e nas novas medicações inibidoras do labirinto.

Os remédios não devem ser utilizados por mais de 60 dias consecutivos. Caso o paciente não encontre a cura para a doença dentro deste período, recomenda-se uma nova avaliação e uma nova abordagem de tratamento.

A labirintite é uma doença que pode atingir indivíduos de todas as idades, embora seja mais comum nas mulheres entre os 40 e os 60 anos de idade.

Remédio caseiro para labirintite

Um bom remédio caseiro para labirintite é o chá de ginko biloba, que irá melhorar a circulação sanguínea e poderá ajudar a combater os sintomas da doença. Mas isto não isenta a necessidade da toma dos medicamentos receitados pelo médico, pois a labirintite pode ter diversas causas.

Os sintomas da labirintite

  • tonturas;
  • dor de cabeça;
  • sensação de desmaio;
  • vômito;
  • suor frio;
  • palidez;
  • dificuldade na audição;
  • zumbido nos ouvidos;
  • Pressão nos ouvidos;
  • ansiedade;
  • dificuldade em andar numa linha reta.
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Estes sintomas podem durar algumas horas ou até mesmo dias, dificultando a vida do indivíduo. E para combatê-los o médico deverá fazer uma investigação minuciosa e identificar se realmente se trata de labirintite e indicar a melhor forma de tratamento, que pode variar de um indivíduo para o outro.

Tratamento para labirintite

A cura da labirintite pode ser alcançada com o correto tratamento que consiste em eliminar os sintomas e as causas da doença.

O tratamento para a labirintite é feito com a toma dos remédios receitados pelo neurologista ou otorrinolaringologista e com o uso de remédios caseiros e naturais, mas, além disso, recomenda-se:

  • comer de 3 em 3 horas;
  • evitar o açúcar branco e o mel;
  • evitar café e cafeína;
  • dormir com um travesseiro alto;
  • fazer leves caminhadas regularmente e
  • evitar alimentos industrializados.
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Os alimentos industrializados contém corantes e conservantes que podem desencadear uma crise de labirintite, e ,por isso, devem ser evitados, dando preferência a uma alimentação natural e hábitos de vida mais saudáveis.

Labirintite tem cura?

A cura da labirintite pode ser alcançada com o correto tratamento que consiste em eliminar os sintomas e as causas da doença.
 Os medicamentos são quase sempre indicados, mas além deles recomenda-se a reabilitação vestibular através da fisioterapia e alguns conselhos de alimentação, pois existem alguns alimentos que podem piorar as crises de labirintite como os doces e os industrializados e os que ajudam a melhorar a labirintite, como as frutas, legumes e água.
 Quando a labirintite é de fundo emocional, controlar o estresse e a ansiedade são de grande ajuda e algumas vezes pode ser necessário recorrer ao psicólogo.

O que é reabilitação vestibular?

É um programa de exercícios com o seguinte objetivo: reduzir os sintomas de desequilíbrio e tontura associado com patologia vestibular (doença ou desordem). Uma conduta muito comum é prescrever medicamentos para suprimir a função vestibular.
Entretanto, em longo prazo, estes supressores podem interferir na habilidade de realizar adaptações necessárias.
Além do mais, estas medicações podem causar cansaço extremo e limitar a capacidade do indivíduo de se manter ativo.
 A reabilitação vestibular é um tratamento através de exercícios que reduzem os sintomas da tontura por promover uma compensação do sistema nervoso central para com as lesões da orelha interna.
O programa tem como principais objetivos:.

– Reduzir tontura e sintomas visuais;

– Melhorar o equilíbrio estático e dinâmico (quando caminhando);

– Aumentar os níveis de atividade durante o dia-a-dia.

O programa inclui exercícios para:

  • Coordenar movimentos de cabeça e olhos;
  •  Estimular o sintoma da tontura para desta forma desensibilizar o sistema vestibular;
  •  Melhorar as habilidades para manter o equilíbrio e caminhar;
  • Melhorar resistência muscular
  • Os exercícios variam dependendo do tipo da lesão vestibular e os sintomas associados.

Quem necessita de reabilitação vestibular?

A reabilitação vestibular (RV) pode ajudar uma variedade de problemas vestibulares incluindo: VPPB (vertigem posicional paroxística benigna), as hipofunções unilaterais ou bilaterais (redução da função do ouvido interno em um ou em ambos os lados), doença de Ménière, labirintite e neurite vestibular.
Mesmo indivíduos com desordens da orelha interna que passaram por um período de tratamento medicamentoso – com pouco ou nenhum sucesso – podem se beneficiar.
A RV pode auxiliar pessoas com perda abrupta ou aguda da função vestibular seguida de cirurgias.

Esta terapia tem sucesso?

Existem várias evidências que a RV tem muito sucesso em reduzir os sintomas nas dezenas de desordens vestibulares – incluindo aqueles sintomas que possam aparecer depois de uma cirurgia.
O tratamento da VPPB utilizando manobras de reposição canalítica ( série de manobras com a cabeça que deslocam os cristais de cálcio que estão “fora do lugar” para a posição correta novamente) são, entretanto, mais efetivos que os medicamentos ou outras formas de exercícios.

Quanto tempo dura a labirintite

Em média, o tratamento da labirintite varia de 4 a 8 semanas e os sintomas da doença vão diminuindo aos poucos, mas pode ser que o indivíduo fique com sintomas residuais por alguns meses e saber o que está causando a labirintite é fundamental para a completa remissão dos sintomas da doença.

Como evitar as crises de tontura da Labirintite

Labirintite: como tratar

A labirintite é um distúrbio que causa tontura, vertigem e sensação de desmaio.
Para evitar as crises de tontura da labirintite recomenda-se:

  • Movimentar-se lentamente;
  • Alimentar-se corretamente dando preferência aos alimentos naturais;
  • Evitar movimentos bruscos;
  • Evitar locais muito iluminados;
  • Evitar assistir filmes em 3D no cinema ou jogos eletrônicos;
  • Evitar muitos estímulos visuais, como ver fogos de artifício ou frequentar discotecas;
  • Evitar locais muito barulhentos como shows ou jogos de futebol;
  • Usar sapatos confortáveis e que dão mais segurança, evite saltos;
  • Quando sentir-se tonto, recomenda-se sentar numa cadeira, numa boa postura e olhar fixamente para um ponto qualquer;
  • Evite fumar e beber bebidas alcoólicas ou estimulantes como café, chá preto ou coca-cola.
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Saber o que está causando a labirintite é fundamental para alcançar um controle atenuado da doença. Por isso, se o indivíduo notar que sempre que fica nervoso, os sintomas da labirintite aparecem, deve-se evitar situações de estresse e tentar manter-se calmo sempre que possível.