Lúpus tem Cura? Entenda está doença

Assim como a maioria das outras doenças autoimunes, o lúpus eritematoso sistêmico é considerada uma enfermidade “democrática”: atinge homens, mulheres, crianças, idosos, bebês, adolescentes. Muitas vezes, o problema se manifesta por meio de manchas vermelhas na pele. Nem sempre, porém, o lúpus é tão visível: silencioso, pode afetar diversos órgãos.
A doença, que costuma aparecer entre 20 e 45 anos, acomete mais mulheres do que homens.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), uma a cada 1,7 mil brasileiras sofre do mal.
Não há números absolutos sobre a quantidade de pessoas afetadas pela enfermidade no país, mas a estimativa da SBR é que aproximadamente o problema atinja 65 mil pessoas.

David Pedrosa, reumatologista do Hospital Santa Luzia, explica que, em linhas gerais, o lúpus é uma doença causada por uma inflamação sistêmica. “O sistema imunológico causa um distúrbio contra vários tecidos do corpo”, detalha. “É uma ruptura do equilíbrio que causa uma inflamação”.
Em outras palavras, o corpo se comporta como se estivesse rejeitando a si mesmo: os anticorpos interpretam elementos e processos naturais do próprio corpo como se fossem agentes externos – ou seja, algo que deve ser combatido.
“Isso gera todo o quadro clínico de inflamação articular, na pele e em órgãos como rins e pulmões.

A manifestação da doença em partes diferentes do corpo faz com que o lúpus provoque sintomas muito variados. De cansaço a convulsão (caso a doença atinja o cérebro), o leque de sinais do problema é bastante amplo. “Dificilmente, você vai encontrar um paciente igual ao outro”, comenta David Pedrosa.
“A manifestação sistêmica vai depender do órgão atingido.
Por isso, o diagnóstico é tão difícil, porque cada paciente terá um conjunto de sintomas diferentes.

Reposição hormonal aumenta risco de surgimento de lúpus

Prescrita para aliviar os desconfortos da menopausa, a terapia de reposição hormonal pode aumentar o risco de desenvolvimento do lúpus eritematoso, uma doença autoimune caracterizada pela inflamação do tecido conjuntivo. A relação foi constatada por pesquisadores de uma instituição colombiana e publicada na revista científica Plos One.

Os cientistas do Centro de Estudos de Doenças Autoimunes da Universidade do Rosário, na Colômbia, revisaram mais de 7 mil estudos feitos em todo o mundo, tanto com mulheres saudáveis quanto com pacientes afetadas por lúpus submetidas ao tratamento de reposição hormonal ou que ingeriram anticoncepcionais.
“Uma mulher que fizer terapia de reposição hormonal tem 1,96 vez mais o risco de desenvolver lúpus do que uma mulher que não fizer”, explicou Adriana Rojas, uma das integrantes do estudo.

Os pesquisadores, no entanto, alertam que o fato de uma mulher ser tratada com hormônios não quer dizer que ela terá lúpus eritematoso, pois o surgimento dessa doença depende da confluência de fatores genéticos, ambientais e imunológicos. “O tema ainda não está resolvido.
É preciso realizar mais estudos que consigam responder se os hormônios têm relação com o desenvolvimento do lúpus ou a exacerbação dele”, disse Angela María Ruiz, também integrante da equipe de pesquisadores.

Focados em avanços que melhorem as terapias para amenizar o lúpus eritematoso, cientistas da Universidade de Houston, nos Estados Unidos, apostam em um composto retirado de plantas sintéticas, o CDDO, para criar um classe de medicamentos que provoque menos efeitos adversos que as opções atuais. O desenvolvimento do lúpus é uma reação de duas etapas.
Primeiro, o sistema imunológico desenvolve anticorpos que atacam o próprio DNA do corpo, em seguida, atacam os rins. Descobrimos que CDDO pode bloquear ambos os passos”, detalha Chandra Mohan, um dos integrantes do estudo.

O composto já foi testado em animais, mas não em humanos. “A parte mais interessante da pesquisa é que o CDDO é originalmente de origem vegetal. Por isso, é relativamente natural e tem menos chance de efeitos colaterais”, diz Mohan. Nos últimos 50 anos, não foram aprovados novos remédios para o tratamento do lúpus.
Os pacientes são geralmente tratados com esteroides, que ao mesmo tempo que atrasam a progressão da doença, aumentam o risco de infecção, causam fraqueza muscular, estreitamento dos vasos sanguíneos e osteoporose.

Sintomas diversificados

Há dois tipos de lúpus: o cutâneo, caracterizado pelas manchas geralmente avermelhadas na pele, principalmente nas áreas que ficam expostas à luz solar; e o sistêmico, quando um ou mais órgãos internos do corpo são acometidos pela doença. Há sintomas comuns à maioria dos pacientes, como febre, emagrecimento, fraqueza e desânimo.
E existem aqueles que estão mais ligados à parte do corpo atingida – inflamação da pleura, no caso dos pulmões.
Pode correr em pessoas de qualquer idade, raça e sexo, mas é mais comum em mulheres com idade entre 20 e 45 anos, mestiças e negras.
A estimativa é que haja 65 mil pessoas com a doença no Brasil e 5 milhões em todo o mundo.

Convivendo com lúpus

Se você tem lúpus, é importante ter cuidados com a saúde, especialmente com a saúde do coração, a fim de prevenir problemas cardíacos mais graves no futuro. Além disso, é igualmente importante fazer uma análise frequente da imunização e testes para verificar também a saúde dos ossos (presença ou não de osteoporose) e outras doenças.
A psicoterapia e os grupos de apoio podem ajudar a aliviar a depressão e as alterações no humor que venham a ocorrer em pacientes com a doença.

Siga algumas dicas que podem melhorar sua qualidade de vida e ajudar no tratamento:

  • Descanse bastante. Pessoas com lúpus frequentemente sentem-se cansadas, mas não é um cansaço normal. É fadiga, um sintoma da doença que precisa ser tratado. O melhor remédio, neste caso, é o descanso
  • Tome cuidado com o sol.
    Você deve utilizar roupa protetora, óculos escuros e protetor solar quando estiver exposto ao sol
  • Exercite-se.
    Exercícios físicos regulares podem ajudar na recuperação de uma crise causada pelo lúpus, a reduzir o risco de ataque cardíaco, tratar sintomas de depressão e no bem-estar geral do corpo
  • Não fume.
    O consumo do cigarro aumenta os riscos de doenças cardiovasculares e pode também piorar os efeitos do lúpus
  • Mantenha uma dieta saudável.
    Coma muitos grãos, frutas e vegetais.
    E, se tiver alguma restrição por causa do tratamento ou por causa da doença em si, não saia da dieta.

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A recuperação do indivíduo depende da gravidade da doença. O resultado para pessoas com lúpus melhorou nos últimos anos.

Complicações possíveis

Se não tratado corretamente, o lúpus pode causar complicações graves a diversos órgãos importantes do nosso corpo. Veja:

Rins: A falência dos rins está entre as principais causas de morte por complicações de lúpus. Irritação, coceira generalizada, dores no peito, náuseas, vômito e edemas estão entre os sintomas de que o lúpus chegou aos rins.

Cérebro: Você pode apresentar alguns sintomas específicos se o cérebro tiver sido afetado, como dor de cabeça, confusão, tontura, mudanças de comportamento, alucinações, derrames cerebrais (AVC) e convulsões.

Vasos sanguíneos: Anemia, aumento no risco de sangramentos e inflamação dos vasos (vasculite) estão entre as principais complicações possíveis decorrentes de lúpus.

Pulmões: Lúpus também pode levar à pleurisia, que pode causar dor durante a respiração.

Coração: Pode ocorrer também a inflamação dos músculos do coração e artérias e pericardite. As chances de ter um ataque cardíaco e outras doenças cardiovasculares também aumentam significativamente.

Ter lúpus também pode acarretar em outros problemas, como:

Infecção: as chances de uma pessoa com lúpus desenvolver algum tipo de infecção aumentam muito, pois tanto a doença quanto o tratamento comprometem o sistema imunológico. As infecções mais comuns são no trato urinário e respiratório, por fungos, salmonela e herpes.

Câncer: o surgimento de tumores e de agravamento ao câncer também é uma das possíveis complicações do lúpus.

Necrose avascular: ocorre a morte das células que revestem os ossos, causando pequenas fraturas e o rompimento de muitas articulações, em especial as do quadril.

Complicações na gravidez: as mulheres que sofrem de lúpus e engravidam geralmente são capazes de manter a gravidez e dar à luz um bebê saudável, desde que não sofram de doença renal ou cardíaca grave e que o lúpus esteja sendo tratado adequadamente.
Portanto, a presença de anticorpos de lúpus pode aumentar o risco de perda na gravidez.

 

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