Males do frio: infarto e AVC são riscos reais
Não só doenças respiratórias dão o ar da graça no inverno: infarto e AVC são riscos reais. Temperatura baixa provoca a constrição dos vasos sanguíneos e, consequentemente, o aumento da pressão arterial. Que no inverno há uma maior incidência de diversas doenças respiratórias, todo mundo sabe. O frio, no entanto, pode estar associado a problemas de saúde que podem ser até fatais, como infarto e AVC isquêmico. Ambos estão ligados à obstrução de artérias vasculares, causando necrose em uma região do coração ou do cérebro, respectivamente.“A temperatura baixa interfere, na medida em que provoca a constrição dos vasos sanguíneos e, consequentemente, o aumento da pressão arterial”, explica o cardiologista José Leôncio de Andrade Feitosa, diretor-geral do Instituto Nacional de Cardiologia.
Segundo o médico e uma pesquisa do British Medical Journal, o risco de infarto chega a aumentar em 30% e de AVC isquêmico, em 20%. O número de infartos no inverno aumenta quase 30% em relação às outras épocas do ano. Os dados são de uma pesquisa publicada pelo British Medical Journal, periódico científico inglês. O estudo concluiu que o aumento do risco de infarto em ambientes com temperaturas mais baixas podem ser um indicador de aumentos na mortalidade relacionados ao frio.
Segundo o cardiologista Stephan Lachtermacher, da unidade cardiointensiva do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), no Rio de Janeiro, o risco é maior principalmente em pessoas mais velhas e com doença na artéria coronária.
Isso diminui o diâmetro do vaso, o que coloca em risco as artérias.
A segunda hipótese se baseia na vasoconstrição (que é a contração dos vasos sanguíneos) para manter o equilíbrio térmico do corpo.
Uma terceira hipótese é que, com o frio, o sangue pode ficar mais viscoso, mais denso.
“Por isso, é necessário ingerir mais líquido, até mais que durante o verão.
Para um adulto saudável, uma quantidade razoável indicada é manter a ingestão de 1,5 litro a dois litros por dia”, disse Lachtermacher.
Líquidos
Nas cidades brasileiras mais frias, o cardiologista recomenda que as pessoas mantenham-se mais agasalhadas e consumam bebidas mais quentes como chá ou até um achocolatado.Para uma pessoa saudável, o cardiologista ainda recomenda beber diariamente uma dose de taça de vinho tinto (120ml) que é benéfico para o coração, “mas de forma moderada”, orienta.
Para evitar o excesso de peso que não faz bem ao coração na estação mais fria do ano, o ideal, segundo o nutricionista do INC, Marcelo Barros, é substituir os alimentos muito calóricos por versões mais light.
Exercícios
“No inverno, as pessoas tendem a comer mais e fazer menos exercícios físicos”, admite Barros. No entanto, é importante manter prática de atividade física para manter o corpo aquecido. A orientação é praticar pelo menos 30 minutos de exercícios diários ou uma média de 150 minutos por semana bem distribuídos, como três vezes de 50 minutos.“É a atividade física que vai manter o corpo aquecido e fazer com que a pessoa tenha menos necessidade de comer para se esquentar”, afirma o nutricionista.
Logo depois de praticar exercícios físicos, o organismo libera substâncias que garantem a saciedade por cerca de 40 minutos.
Alimentação
Como nem todo mundo mantém a ingestão de saladas no inverno, a sopa quente é uma boa pedida, salienta o especialista. Especialmente sopas de legumes como berinjela, cenoura, abóbora e até sopa com aveia. Contudo, é preciso evitar sopas cremosas, que geralmente levam creme de leite.Em média, uma sopa de legumes tem entre 200 e 250 calorias por porção; já quando se acrescenta creme de leite, o valor calórico pode chegar a 400 calorias por prato.
“Uma sopa de legumes vai bem com azeite de oliva extra virgem, que tem antioxidante e diminui o processo inflamatório.
O azeite tem a gordura monossaturada que aumenta o HDL, o colesterol bom, e ajuda a controlar a taxa de glicose no sangue”, sugere Barros.
Para substituir o pão com manteiga no café da manhã, vale fazer uma “bruschetta abrasileirada” com pão francês, azeite de oliva e orégano, podendo-se acrescentar alguns cubinhos de tomate. Nas massas, o problema é o molho. “Uma massa com molho de tomate ou al pesto com manjericão é o recomendável, mas evite molho quatro queijos e molho branco. O molho quatro queijos tem gordura saturada que aumenta três vezes o colesterol ruim, o LDL, no sangue”, diz Barros. Um indivíduo pode consumir no máximo até 7% de gordura saturada por dia.
“O colesterol alto é silencioso e não tem sintomas.
Metade das pessoas que morrem de causa súbita do coração tem colesterol alto e não sabia”, adverte o especialista.