Miocardiopatia dilatada: síndrome clínica frequente e grave

Miocardiopatia dilatada, doença de Reynaldo Gianecchini na novela, tem alta incidência no mundo. Problema dificulta o bombeamento natural do sangue para o organismo. No Brasil, pesquisadores investem na busca de terapias para garantir melhor qualidade de vida aos pacientes.

A cena da atriz Carolina Dieckmann raspando os cabelos na novela Laços de família, exibida em 2000, tornou-se histórica e chamou a atenção de todo o Brasil para o drama das pessoas que sofrem com a leucemia.
Nove anos depois, as extensas sessões de fisioterapia da personagem de Alinne Moraes em Viver a vida contaram a recuperação de uma modelo que ficou tetraplégica depois de um acidente automobilístico.
Mais recentemente, os capítulos do folhetim de Manoel Carlos, ‘Em família’, deixaram os telespectadores bastante preocupados com a saúde de Cadu, personagem de Reynaldo Gianecchini.
Cansaço, falta de ar e um edema no tornozelo surgem como os primeiros sinais clínicos de uma doença, muitas vezes, silenciosa: a miocardiopatia dilatada.

O problema tem alta incidência em todo o mundo, e instituições de pesquisa brasileiras investem em novas estratégias para aumentar a qualidade de vida e prolongar a expectativa de pacientes, que, em alguns casos, têm como única esperança a longa espera por um transplante. A doença afeta diretamente o coração, fazendo com que ele “inche”.
Essa dilatação dificulta o bombeamento normal do sangue para o todo o organismo e, consequentemente, leva à insuficiência cardíaca.

Essa é a forma mais comum das miocardiopatias, com incidência anual de dois a oito casos por 100 mil habitantes nos Estados Unidos e na Europa, além de uma prevalência estimada de 36 indivíduos por 100 mil, considerando todas as faixas etárias.
O mal pode ter como causa uma série de fatores, inclusive uma predisposição genética, mas também pode não ter uma motivação explícita, como é o caso do tipo idiopático da doença.
Cadu, por exemplo, é jovem, pratica exercícios, segue uma dieta balanceada e, pelo que foi retratado até agora no folhetim, não tem qualquer histórico familiar de doença cardíaca ou infarto do miocárdio.
A doença do personagem se manifestará devido a uma infecção viral.

De acordo com o cardiologista do comitê de miocardiopatias da Sociedade Mineira de Cardiologia Estêvão Lanna Figueiredo, os micro-organismos que podem provocar a dilatação cardíaca são vírus respiratórios comuns, como o adenovírus, que causa conjuntivite, faringite, gastroenterites ou mesmo infecções assintomáticas ou leves, mas com multiplicação e dispersão do patógeno.
“O próprio vírus da gripe pode afetar o músculo cardíaco.
A pessoa pode ou não manifestar sintomas durante o quadro gripal.
Às vezes tem uma frequência aumentada, falta de ar, mas nem nota.

Quando o vírus ataca o miocárdio, o organismo começa a produzir anticorpos contra ele, como se interpretasse que o coração é um órgão estranho. Esse quadro inflamatório pode levar à dilatação cardíaca. “É uma das causas frequentes para a miocardiopatia dilatada.
Uma vez dilatado, o coração perde a capacidade de contração, uma de suas principais funções.

Segundo o cardiologista e diretor de promoção da saúde cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Carlos Costa Magalhães, a doença pode ser parcialmente controlada com remédios, mas alguns casos evoluem para uma complicação progressiva e podem necessitar de transplante.
“Muitas pessoas que têm a miocardiopatia dilatada conseguem manter uma vida saudável com medicamentos, que são tratamentos fáceis e ajudam muito.
No entanto, durante todo o processo a qualidade de vida tende a cair bastante”.
Magalhães detalha que o paciente não tem uma atividade física adequada.
Ações rotineiras, como caminhar, subir escadas e manter relações sexuais, tendem a ser um grande problema.

Novas estratégias A doença não tem cura, mas a busca pelo aumento da expectativa de vida do paciente é incessante. O Instituto Nacional de Cardiologia, no Rio de Janeiro, conduz uma pesquisa que avalia os efeitos da terapia celular no infarto agudo do miocárdio, na doença coronariana crônica, na doença de Chagas e também na miocardiopatia dilatada.
O Estudo Multicêntrico Randomizado de Terapia Celular em Cardiopatias envolve 1.
200 pacientes.

Os participantes foram divididos em quatro grupos, de acordo com a doença cardíaca. Em cada um deles a metade é submetida ao tratamento tradicional, com medicamentos. Os demais recebem injeções de células-tronco retiradas de suas próprias medulas ósseas.
A expectativa é de que, se a pesquisa demonstrar a eficiência da terapia celular, o Sistema Único de Saúde (SUS) passe a usar essa modalidade terapêutica.
Espera-se que os resultados possam ser observados no prazo de um a três anos.

Uma nova técnica cirúrgica desenvolvida por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo também promete aumentar a expectativa de vida de pessoas que têm o coração enfraquecido por conta da miocardiopatia dilatada. A intervenção foi idealizada pelo professor Luiz Boro Puig.
Com sua equipe, Puig analisou 20 pacientes, com idades entre 27 e 72 anos, na maioria homens portadores de miocardiopatia dilatada em estágio avançado.

Os cirurgiões observaram que o ventrículo esquerdo, originalmente em formato de cone, passa a ficar arredondado devido ao inchaço do miocárdio, levando também à insuficiência mitral. O anel dessa válvula aumenta de tamanho e deixa de funcionar corretamente.
Assim, uma parte do sangue volta para os pulmões em vez de seguir pela artéria para o restante do organismo.
A cirurgia substitui a válvula doente por uma prótese rígida e resistente feita com o pericárdio do boi, uma membrana cardíaca espessa.
Com o procedimento, o paciente pode ter sua expectativa de vida aumentada em até cinco anos.

Sintoma comum

O edema no tornozelo, que será o sinal clínico mais claro da doença no personagem do ator Reinaldo Gianechini, é um conhecido sintoma da insuficiência cardíaca, consequência da miocardiopatia dilatada. A insuficiência cardíaca é uma síndrome clínica frequente e grave, que mata 10% de seus portadores ao ano.
Dados do Ministério da Saúde mostram que no Brasil existem mais de 2 milhões portadores de insuficiência cardíaca.
São registrados cerca de 250 mil novos casos por ano.

O que é Miocardiopatia dilatada?

Miocardiopatia dilatada é uma doença do músculo do coração que impede o bombeamento adequado de sangue para o corpo, causando complicações como arritmias, coágulos de sangue e morte súbita. A miocardiopatia dilatada afeta principalmente o ventrículo esquerdo, uma importante câmara de bombeamento do seu coração.
O ventrículo esquerdo torna-se ampliado (dilatado) e as fibras musculares se esticam ao máximo, tendo dificuldade maior de se encurtar e comprimir o sangue para fora.
Imagine outro músculo – o bíceps – em situação semelhante.
O que dá mais trabalho: dobrar o cotovelo com o braço a 90 graus ou com ele completamente esticado, hiperextendido? Com o coração é a mesma coisa: contrair os músculos com eles mais esticados é mais difícil.

A miocardiopatia dilatada não necessariamente causa sintomas, mas para algumas pessoas pode ser fatal. A miocardiopatia dilatada é uma causa comum de insuficiência cardíaca, a incapacidade do coração de fornecer oxigênio para os tecidos e órgãos do corpo.

A miocardiopatia dilatada pode afetar pessoas de todas as idades, incluindo bebês e crianças. Os tratamentos podem estar disponíveis para a causa da miocardiopatia dilatada, ou para melhorar o fluxo sanguíneo e reduzir os sintomas.

Causas

A miocardiopatia dilatada ocorre quando o coração não bombeia sangue de forma tão eficiente quanto um coração saudável. A dilatação do órgão faz com que o músculo cardíaco se enfraqueça. Muitas vezes, a causa de miocardiopatia dilatada não pode ser determinada. Esses casos são chamados de miocardiopatia dilatada idiopática.

Existem numerosas condições que podem causar a dilatação do ventrículo esquerdo.
Algumas causas conhecidas de miocardiopatia dilatada são:

  • Genética: alguns genes estão ligados à miocardiopatia dilatada
  • Defeitos congênitos: alguns defeitos cardíacos que estão presentes no momento do nascimento podem causar miocardiopatia dilatada
  • Infecções: vírus, fungos, parasitas ou bactérias em nosso corpo podem agredir o miocárdio (músculo cardíaco) causando miocardite.
    Um exemplo é a doença de Chagas
  • Doenças autoimunes: algumas doenças imunológicas podem causar miocardiopatia dilatada por uma agressão causada pelo próprio organismo
  • Álcool: ele pode agredir diretamente o coração como agente tóxico, mas pode causar também por deficiência de Vitamina B1 (vulgarmente chamado de Beribéri), que favorece o aparecimento de miocardiopatia dilatada
  • Medicamentos: é possível ter miocardiopatia dilatada pelas ações tóxicas de quimioterápicos utilizados no tratamento de cânceres, uso crônico de corticoides e outros medicamentos por ação tóxica direta.
  • Exposição a toxinas: a doença também ser causada pela exposição a metais e alguns compostos tóxicos, como chumbo, mercúrio e cobalto.

Fatores de risco

Hipertensão e taquicardia: A hipertensão arterial é uma das principais causas de cardiopatia dilatada, por ação crônica da pressão elevada do sangue circulante, que leva a deterioração dos vasos sanguíneos e endurecimento destes, proporcionando maior resistência ao trabalho cardíaco.
A taquicardia pode ser causa ou consequência de miocardiopatia.

Aterosclerose: Essa é uma doença que causa formação de placas de gorduras (ateromas) nas paredes dos vasos sanguíneos, endurecendo-os e levando a obstruções arteriais, que podem ocorrer nos vasos do coração (coronárias) causando infartos subclínicos.
Isso pode levar a perda de músculo viável (que está vivo, mas com as funções comprometidas) do coração, dilatando suas cavidades.

Tanto a insuficiência cardíaca, que é o fechamento inadequado da válvula do coração, como a estenose, que representa sua abertura diminuída dessas válvulas, podem sobrecarregar a função do coração.
Isso acontece porque elas causam uma sobrecarga de volume (quando parte do sangue retorna ao coração por fechamento inadequado) ou sobrecarga de pressão (quando o coração se esforça intensamente para ultrapassar a válvula que não abre direito, como um maior desafio a ser ultrapassado).
Ambas as condições exigem um maior esforço do coração para funcionar, podendo levar à dilatação.

Histórico de infarto: O infarto é causado pela obstrução completa de uma artéria coronária, levando a menor oxigenação do músculo cardíaco e perda de músculos, com formação de cicatrizes fibróticas que têm menor capacidade de se contrair. Isso causa uma dilatação das câmaras cardíacas, podendo levar miocardiopatia dilatada.

Distúrbios metabólicos: Doenças que afetam o metabolismo do nosso corpo, como problemas na tireoide ou diabetes, também podem favorecer o surgimento da miocardiopatia dilatada. O hipertireoidismo e o hipotireoidismo podem causar miocardiopatia por sobrecarga cardíaca.
O diabetes funciona da mesma forma, além de causar maior índice de infarto, outro fator de risco para a miocardiopatia.

Deficiências nutricionais: A deficiência de vitamina B1 pode causar miocardiopatia e a absorção excessiva de ferro dos alimentos também pode favorecer o problema.

Doenças neuromusculares: Embora mais raramente, doenças como a distrofia muscular podem favorecer a miocardiopatia dilatada por perda de força muscular.

Outros fatores: Outros fatores já citados, como alcoolismo, uso de certos medicamentos, infecções por vírus, bactérias, parasitas ou fungos, histórico familiar e exposição a toxinas também aumentam o risco de miocardiopatia, além de serem causas diretas do problema.

Na consulta médica

Se você acha que pode ter miocardiopatia dilatada ou está preocupado com os fatores de risco, faça uma consulta médica. Se a miocardiopatia a dilatada é detectada precocemente, o tratamento pode ser mais fácil e eficaz. Eventualmente, você pode ser encaminhado para um cardiologista.

Para agilizar a consulta e aproveitar ao máximo o tempo, você já pode ir preparado, com algumas informações importantes já anotadas. Aqui estão algumas orientações para ajudar você a se preparar e saber o que esperar do seu médico.

  • Anote quaisquer sintomas que você está enfrentando, inclusive os que podem parecer sem relação com miocardiopatia dilatada
  • Anote informações pessoais importantes, incluindo um histórico familiar de doença cardíaca, AVC, pressão alta ou diabetes, e todas as solicitações importantes ou mudanças de vida recentes
  • Faça uma lista de todos os medicamentos, vitaminas ou suplementos que você está tomando
  • Leve um amigo ou membro da família com você, se achar necessário.
    Às vezes pode ser difícil absorver ou lembrar todas informações fornecidas a você durante uma consulta, e duas cabeças funcionam melhor do que uma.

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O médico provavelmente lhe fará uma série de perguntas. Estar pronto para respondê-las pode reservar tempo para você tirar suas dúvidas.
Por isso, tente levar anotado ou esteja preparado para as seguintes questões:

  • Quando você começou a sentir os sintomas?
  • Eles são contínuos ou ocasionais? O que desencadeia o sintoma?
  • Quão graves são os seus sintomas?
  • O que, se alguma coisa, parece melhorar os seus sintomas?
  • O que, se alguma coisa, parece piorar os seus sintomas?
  • Algum de seus parentes de sangue tem miocardiopatia dilatada ou outros tipos de doenças do coração?

Diagnóstico de Miocardiopatia dilatada

Se você tiver sintomas associados à insuficiência cardíaca ou arritmia – como falta de ar ou cansaço – o seu médico irá pedir exames para verificar a função do seu coração, identificar as possíveis causas de sua doença e decidir sobre o tratamento.
Para alguns dos exames, o médico pode encaminhá-lo para um cardiologista ou técnicos especializados.
Os resultados de alguns exames podem ajudar o médico a decidir o diagnóstico.

Exame físico: O médico irá rever os seus hábitos de vida (como exercício, dieta, histórico de fumo e consumo de álcool), as recentes mudanças no peso, quaisquer sinais e sintomas que você observou e sua história de doenças cardíacas e outras condições médicas em sua família.
 O médico também vai verificar se há sinais como batimentos cardíacos irregulares, sons cardíacos anormais (sopros cardíacos), acúmulo de fluidos nos pulmões, inchaço nas pernas ou pés ou frieza nos membros devido à má circulação sanguínea.

Exames de sangue: O seu médico pode pedir uma série de exames de sangue que podem mostrar evidências de mau funcionamento do coração ou fatores que podem causar miocardiopatia dilatada. Esses testes podem revelar se você tem uma infecção, um distúrbio metabólico ou toxinas no sangue que podem causar miocardiopatia dilatada.

Radiografia do tórax: O médico pode pedir uma radiografia de tórax para verificar o seu coração e pulmões.
Embora essas imagens não forneçam informações suficientes por si só para fazer um diagnóstico, elas podem revelar anormalidades na estrutura e tamanho do coração, além de poderem detectar fluidos dentro ou em torno de seus pulmões.
A radiografia de tórax pode fornecer um registro de base do seu coração mais do que verificar as alterações consequentes dessa situação.

Eletrocardiograma: Também chamado de ECG, o eletrocardiograma registra os sinais elétricos que viajam pelo do seu coração. O médico pode procurar por padrões que mostram um ritmo cardíaco anormal ou problemas com o ventrículo esquerdo.
O médico pode pedir-lhe para usar um dispositivo ECG portátil conhecido, como um monitor Holter, para gravar o seu ritmo cardíaco durante um dia ou dois.

Ecocardiograma: O ecocardiograma utiliza ondas sonoras para produzir imagens do coração. Este teste comum permite que o médico veja seus ventrículos apertando e relaxando e as válvulas abrindo e fechamento em ritmo com o seu batimento cardíaco.

O ecocardiograma é a principal ferramenta para o diagnóstico de miocardiopatia dilatada. Se você tiver miocardiopatia dilatada, o médico será capaz de observar o alargamento do ventrículo esquerdo. O ecocardiograma também pode revelar quanto sangue é ejetado do coração a cada batida e se o sangue está fluindo na direção certa.

Teste ergométrico: O médico pode te pedir para realizar uma prova de esforço, andar em uma esteira ou andar de bicicleta estacionária. Eletrodos conectados a você durante o teste vão ajudar o médico a medir a frequência cardíaca e uso de oxigênio.
Esse tipo de teste pode mostrar a gravidade dos problemas causados pela miocardiopatia dilatada.

Tomografia computadorizada ou ressonância magnética: Em algumas situações, o médico pode solicitar uma tomografia computadorizada (TC) ou uma ressonância magnética (RM) do seu coração.
Esses exames podem verificar o tamanho e a função das câmaras de bombeamento do seu coração e fornecer pistas sobre as causas da miocardiopatia dilatada.

Cateterismo cardíaco: O seu médico pode pedir um procedimento chamado cateterismo cardíaco. Um estreito tubo longo é enfiado através de um vaso sanguíneo para o coração com a utilização de raio-X para guiar o cardiologista.
O teste pode ser usado para ver suas artérias coronárias em um raio-X, medir a pressão em seu coração e coletar uma amostra de tecido muscular para verificar se há danos que demonstrem um risco para miocardiopatia dilatada.

Converse com o médico: Anote perguntas para fazer ao médico. Liste suas perguntas a partir de mais importante para o menos importante, pois se o tempo esgotar você já obteve as informações relevantes. Para miocardiopatia dilatada, algumas perguntas incluem:

O que é provavelmente está causando meus sintomas ou condição?

Quais são as outras causas possíveis para os meus sintomas ou condição?

Que tipos de testes que eu preciso?

Qual é o melhor tratamento?

Quais os alimentos que devo comer ou evitar?

O que é um nível adequado de atividade física?

Qual a periodicidade dos exames de acompanhamento?

Devo dizer a meus familiares para fazerem exames?

Quais são as alternativas para a abordagem primária que você está sugerindo?

Tenho outras condições de saúde. Como posso gerenciá-las?

Existem restrições que eu preciso fazer?

Devo consultar uma outra especialidade?

Existe uma alternativa genérica para o medicamento que você está prescrevendo?

Há algum livro ou outro material que eu posso levar para casa comigo? Quais sites você recomenda visitar?

Tratamento de Miocardiopatia dilatada

Os objetivos do tratamento para a miocardiopatia dilatada são para controlar as causas – quando conhecidas -, melhorar a circulação sanguínea, reduzir os sintomas e evitar mais danos ao coração.

Medicamentos

Os médicos costumam tratar a miocardiopatia dilatada com uma combinação de medicamentos. Dependendo de seus sintomas, você pode precisar de dois ou mais remédios. Diversos tipos de fármacos têm-se revelado úteis no tratamento da insuficiência cardíaca e miocardiopatia dilatada. Estes medicamentos incluem:

Inibidor da enzima de conversão da angiotensina (IECA): os inibidores da ECA são um tipo de vasodilatador, uma droga que aumenta ou dilata os vasos sanguíneos para diminuir a pressão arterial, melhorar a circulação sanguínea e diminuir a carga sobre o coração.
São compostos inibidores da enzima que converte a angiotensina I em angiotensina II, que por sua vez é um potente vasoconstritor.
Ao inibir essa enzima, os IECAs produzem vasodilatação periférica, diminuindo a pressão arterial.
Os IECA causam uma tosse irritante em algumas pessoas, por isso é importante discutir esse efeito colateral com o seu médico.
Mudar para outro inibidor de ECA ou um bloqueador do receptor da angiotensina II pode aliviar a tosse.

Bloqueadores dos receptores da angiotensina II: esses medicamentos têm tantos benefícios quanto os IECA, uma vez que bloqueiam a ação da angiotensina II, mas não causam uma tosse persistente. Eles podem ser uma alternativa para pessoas que não toleram inibidores de ECA

Betabloqueadores: eles diminuem o seu ritmo cardíaco, reduzem a pressão arterial e previnem alguns dos efeitos nocivos dos hormônios do estresse, substâncias que pode deixar a insuficiência cardíaca pior e desencadear ritmos cardíacos anormais.
Os betabloqueadores podem reduzir os sinais e sintomas de insuficiência cardíaca e melhorar a função do coração.

Diuréticos: eles fazem você urinar com mais frequência, ajudando na eliminação de eletrólitos como o sódio e o cloro pela urina. Isso ajuda no controle da hipertensão arterial e insuficiência cardíaca. As drogas também diminuem o fluido nos pulmões, para que seja possível respirar mais facilmente.
Porque alguns diuréticos fazer seu corpo perder potássio e magnésio, o médico também pode prescrever suplementos destes minerais.
Se você está tomando um diurético, o seu médico provavelmente irá monitorar os níveis de potássio e magnésio no sangue com exames regulares.

Antagonistas da aldosterona: são chamados medicamentos diuréticos poupadores de potássio. Eles têm a mesma ação dos diuréticos padrão, com a diferença de preservares os níveis de potássio no sangue em vez de excretá-los pela urina.
Eles também podem ajudar o coração trabalhar melhor, reverter cicatrizes do coração e ajudar as pessoas com insuficiência cardíaca grave a viver mais tempo.
No entanto, converse com seu médico sobre o uso desse medicamento, uma vez que ele pode elevar o nível de potássio no sangue.

Digoxina: é uma droga também conhecida como digitálico. Ela aumenta a força das contrações musculares e tende a diminuir o batimento cardíaco, ajudando a reduzir os sintomas de insuficiência cardíaca e melhorando a sua capacidade de viver com miocardiopatia dilatada

Anticoagulantes: o médico pode prescrever medicamentos que diluem o seu sangue, ajudando portanto a prevenir coágulos sanguíneos.

Dispositivos

Os dispositivos implantáveis usados para tratar a miocardiopatia dilatada incluem:

Marcapasso ressincronizador cardíaco: também conhecido como marcapasso biventricular, o aparelho estimula os dois ventrículos – esquerdo e direito – de modo que todos ou a maioria dos músculos ventriculares contraiam-se em conjunto.
Isto permite que seu coração bombeie o sangue mais eficazmente, melhorando os sintomas da insuficiência cardíaca.
Ele utiliza estímulos elétricos para coordenar as ações dos ventrículos.

Cardiodesfibrilador implantável (CDI): são aparelhos que monitoram o ritmo cardíaco.
Semelhante ao marcapasso, eles monitoram os batimentos cardíacos e reconhecem uma arritmia quando ela aparece, avaliando sua gravidade e, quando indicado, interrompem a arritmia por meio de estímulo elétrico ou estimulação rápida – como um desfibrilador.
Os CDIs também funcionam como marcapasso quando necessário.

Dispositivos de assistência ventricular esquerda: eles são implantados no abdômen ou no peito e ligados ao coração para ajudar a bombear o sangue.

Transplante de coração

Você pode ser um candidato para um transplante de coração se os medicamentos e outros tratamentos já não são eficazes. Apenas o médico poderá dizer se você tem indicação ou não para um transplante de coração.

Convivendo/ Prognóstico

Se você tiver miocardiopatia dilatada, essas estratégias podem ajudar:

  • Não usar drogas ilegais ou beber álcool em excesso.
    Procure psicoterapia ou outros tratamentos para se recuperar de abuso de drogas ou álcool
  • Tome seus medicamentos como indicado
  • Faça uma dieta bem equilibrada e mantenha um peso saudável, uma vez que o peso extra faz o coração trabalhar mais.
    Uma dieta saudável cheia de frutas, legumes e grãos integrais é bom para o coração e o resto do seu corpo.
    Pergunte ao médico se é necessária a ajuda de um nutricionista.

Complicações possíveis

O alargamento do ventrículo esquerdo e da sua incapacidade de bombear o sangue pode causar qualquer as seguintes complicações:

Insuficiência cardíaca: A miocardiopatia dilatada pode causar má circulação sanguínea do ventrículo esquerdo, levando a insuficiência cardíaca.

Regurgitação: A dilatação do ventrículo esquerdo pode tornar o fechamento das válvulas cardíacas mais difícil, causando um fluxo retrógrado de sangue. Isso faz com que o coração faça um bombeamento menos eficaz, que pode levar à insuficiência cardíaca.

Edema: A miocardiopatia dilatada pode causar acúmulo de líquido nos pulmões, abdômen, pernas e pés, porque o seu coração não conseguirá bombear sangue de forma tão eficaz como um coração saudável.

Arritmias: Mudanças na estrutura do coração e alterações na pressão sobre as câmaras do coração pode causar problemas de ritmo cardíaco.

Parada cardíaca súbita: A miocardiopatia dilatada grave pode fazer o seu coração parar de bater de repente.

Embolia: Acúmulo de sangue no ventrículo esquerdo pode levar à formação de coágulos sanguíneos (êmbolos), que podem entrar na corrente sanguínea e cortar o fornecimento de sangue para os órgãos vitais, aumentando o risco de infarto, AVC ou outras complicações cardíacas.

Prevenção

Se você eliminar hábitos de vida que podem contribuir para a miocardiopatia dilatada, você pode prevenir ou minimizar os efeitos da doença:

  • Se você fuma, pare
  • Evite bebidas alcoólicas ou beba com moderação
  • Não use drogas
  • Mantenha uma dieta saudável
  • Mantenha um peso saudável
  • Siga um programa de exercícios.

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Miocardiopatia dilatada: síndrome clínica frequente e grave

Processo de identificação de grupo de risco pode salvar pessoas da morte súbita. Doença mata mais que câncer de pulmão e de mama, drogas e acidentes automobilísticos juntos. A morte do ator José Wilker, que sofreu um infarte fulminante no último sábado, chamou a atenção para os sinais que podem indicar o risco de mal súbito.

A morte súbita – doença que mata mais que câncer de pulmão e de mama, drogas e acidente automobilístico juntos – é um dos temas que serão debatidos, a partir do próximo dia 9 (sexta-feira), no 31º Congresso de Cardiologia da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj).
O evento se estenderá até o dia 12 (segunda-feira).

Segundo informou nesta segunda-feira (7) a presidenta da Socerj, Olga Ferreira de Souza, embora não haja estatística brasileira, estima-se que essa doença cause a morte de 250 mil a 300 mil pessoas por ano no Brasil. “Um pouco menos que nos Estados Unidos”, comentou. Lá, a morte súbita mata de 350 mil a 450 mil pessoas por ano.

As pessoas que apresentam risco de morte súbita são pacientes que já sofreram infarto; têm uma disfunção no coração, uma doença no músculo cardíaco, ou seja, o coração crescido; ou apresentam alguma cardiopatia e outras doenças que ocorrem no músculo do coração.
Um número menor de pessoas com risco engloba pacientes jovens com arritmia de origem genética.
“Se você calcular o número de pessoas que têm infarto no Brasil, ou evoluem para insuficiência cardíaca, esse número é enorme.
Daí essa estatística que nos assusta de morte súbita”, enfatizou a especialista.

De acordo com a presidenta da Socerj, 50% dos pacientes que infartam, morrem antes de chegar ao hospital para receber o primeiro atendimento. “Porque a causa da morte é uma arritmia. Nós tratamos de 50%, os sobreviventes, porque dá tempo de chegar com dor, com alguma coisa que a gente consegue entender”.

O 31º Congresso de Cardiologia da Socerj pretende debater como identificar esses pacientes de maior risco, seja o jovem que quer desenvolver alguma atividade física, quer ser atleta, seja aquele que já tem uma doença. Ao fazer a identificação do grupo de risco, Olga Ferreira de Souza disse que é possível prevenir a morte súbita.
Basta que o paciente implante de um marcapasso chamado cardioversor-desfibrilador.

Trata-se de um aparelho pequeno, implantado através de uma veia, que leva o eletrodo até o coração. “Ele fica no tecido subcutâneo, não aparece, e reconhece quando existe uma arritmia no coração. Se essa arritmia ameaça a vida, por critérios que a gente programa no aparelho, ele emite um choque e reverte a arritmia.
Ele consegue prevenir a morte súbita”.

Segundo a cardiologista, esse procedimento já vem sendo usado no mundo todo há alguns anos, inclusive na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). “Ainda é uma tecnologia cara, mas faz a diferença. Salva vidas entre os pacientes de maior risco”, esclareceu.

A identificação desse grupo de risco é que não vem sendo feita, salientou. O congresso quer alertar para a importância dessa investigação, para que os pacientes possam se beneficiar dessa terapia. “Pelo sistema de saúde complexo, nosso, nem todo mundo tem acesso a essa investigação e ao tratamento com essa tecnologia”.
A ideia é disseminar o trabalho de identificação do grupo de risco, entre os especialistas, reiterou a presidenta da Socerj.

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