O uso abusivo de remédios controlados

Desde a morte repentina de Michael Jackson, um assunto tem chamado a atenção: o consumo indevido de remédios controlados. Um relatório do Departamento Internacional de Controle de Narcóticos, ligado à ONU, comprovou que esse é um problema mundial.
O consumo abusivo de medicamentos controlados é tão grande que já supera a heroína, o ecstasy e a cocaína somados.
 Outros artistas famosos como Brittany Murphy, Heathcliff Ledger e até Carmen Miranda também foram vítimas do excesso de remédios.
Esse mal não atinge apenas as celebridades.
 O relatório da ONU mostra que o uso abusivo de medicamentos controlados está crescendo em todo o mundo.
Os maiores consumidores são: Estados Unidos, Argentina e Brasil.
 Esses medicamentos estão divididos em três categorias: os ‘benzodiazepínicos’, calmantes, que tiram a ansiedade; as anfetaminas, que reduzem o apetite e fazem a pessoa ficar agitada; e os opióides, analgésicos que aliviam a dor e dão uma sensação de bem estar.
 ”O nosso mundo é competitivo, onde a ansiedade faz parte do dia-a-dia.
As pessoas não querem enfrentar essa ansiedade, elas acham que se tiver algum uso de drogas isso pode ser minimizado”, explica o professor de psiquiatria da USP, Arthur Guerra de Andrade.

“O uso irracional de medicamentos é um problema sério e precisa ser combatido e sanado”, afirma o presidente da Anvisa, Dirceu Raposo. ”O que as pessoas em geral pensam é o seguinte: ‘essa droga faz mal para os outros, para mim, não, eu vou usar por pouco tempo.
E quando menos eles esperam, pronto, tem este quadro de dependência”.
 Remédios controlados são conhecidos também como tarja preta, são medicamentos mais pesados, fortes, têm efeito mais imediato e efeitos colaterais.
São usados para doenças de um grau de risco maior ou para doenças num nível avançado.
 Recebem esse nome por conter uma faixa preta na embalagem, sinalizando que, no ato da compra, há a necessidade de apresentação de receita médica e que, também, apresentam riscos médicos; portanto, deve ser usado moderadamente.

Preste atenção nas caixinhas dos remédios

Semelhantemente ao “faixa preta”, existem os remédios faixa vermelha e os sem faixa. O tarja vermelha também necessita da apresentação de receita médica no ato da compra, mas não apresenta um risco de vida, como o tarja preta.
Dentro dos remédios de tarja vermelha, existem os que exigem retenção da receita médica (que são geralmente os com mais efeitos colaterais) e os sem retenção da prescrição médica.
Já os sem faixa podem ser vendidos sem a apresentação da receita médica.
 A receita médica se trata de um documento, assinado pelo médico, que segue um padrão e que serve para autorizar ou indicar a compra de um medicamento ao farmacêutico.

O significado das tarjas dos medicamentos

Os medicamentos possuem uma ampla ação e atuam em diversos sistemas no nosso organismo, desde os mais simples até os mais complexos. De qualquer forma provocam alterações no nosso organismo, portanto são classificados conforme o grau de risco que o seu uso pode oferecer à saúde do paciente.
Os medicamentos presentes no mercado brasileiro estão classificados de acordo com a cor da tarja  que a embalagem traz.
Esta classificação tem como objetivo esclarecer o consumidor em relação aos riscos que tal remédio oferece à saúde, visto que existem medicamentos altamente tóxicos que só podem ser consumidos seguindo prescrição médica.
Quando isto não ocorre, os danos podem ser bem superiores aos males que se pretendia curar.
 Para esta classificação, foi adotado o critério de tarjas (faixas), que são facilmente identificadas nas embalagens dos medicamentos:.

A ausência de tarja  na embalagem, remédio de venda livre, não tarjados ou OTC – Over the Counter: sua venda é livre. São medicamentos com poucos efeitos colaterais ou contra-indicações, desde que usados corretamente e sem abusos.
Estes medicamentos dispensados sem a prescrição médica são utilizados para o tratamento de sintomas ou males menores, como: resfriados, azia, má digestão, dor de dente, pé de atleta e outros.
É importante ressaltar que esses produtos estão isentos de prescrição médica, porque a instância sanitária reguladora federal considerou que suas características de toxicidade apontam para inocuidade ou são significativamente pequenas.
Porém, sua utilização deve ser feita dentro de um conceito de automedicação responsável.

Tarja vermelha sem retenção da receita: São vendidos mediante a apresentação de receita. Na tarja vermelha está impresso: “Venda sob prescrição médica”. Estes medicamentos tem contra-indicações e podem provocar efeitos colaterais graves.
Os medicamentos de tarja vermelha correspondem a 65% do mercado de medicamentos e para a maioria desses produtos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já exige prescrição médica para a compra de medicamentos de tarja vermelha, como anti-inflamatórios e hormônios (pílulas anticoncepcionais e repositores), mas, na prática, a medida não é aplicada pela maior parte das farmácias.
44% dos remédios comprados para a automedicação estão nesse grupo de medicamentos.

Tarja vermelha com retenção da receita: são os medicamentos que necessitam de retenção da receita, conhecidos como medicamentos que causam mais efeitos colaterais. Os antibióticos e alguns psicotrópicos estão nesta lista – de retenção da receita.
 Na tarja vermelha está impresso “venda sob prescrição médica – só pode ser vendido com retenção de receita”.
Alguns destes medicamentos, como alguns psicotrópicos de tarja não-preta, ou seja, que não causam dependência, precisam ser comprados com receita em duas vias, onde a primeira via (original) fica retida e nela constam o nome e endereço do comprador, do paciente, do médico e da farmácia.
A venda de antibióticos em farmácias de todo o Brasil deverão ser vendidos apenas com receita médica e uma das vias ficará obrigatoriamente retida no estabelecimento – a outra, devidamente carimbada pela farmácia, fica com o paciente como comprovante do atendimento.
Os antibióticos e alguns psicotrópicos estão nesta lista – de retenção da receita.
 As normas da Anvisa já estipulam que medicamentos tarja vermelha sejam vendidos “sob prescrição médica”.
 A intenção é enrijecer o controle a partir de 2013.
Em comunicado oficial, a agência afirma que a obrigatoriedade da receita ameniza os riscos de efeitos colaterais nos pacientes que consomem livremente estes medicamentos atualmente.
O foco seria fundamentalmente controlar a venda deliberada de antibióticos e anti-inflamatórios, mas inclui também as drogas para hipertensão e os hormônios como prescritos.

Tarja preta: são os medicamentos que exercem ação sedativa ou que ativam o sistema nervoso central, portanto também fazem parte dos chamados psicotrópicos.
A tarja preta indica os fármacos que podem causar dependência química, esses só podem ser comprados mediante apresentação de notificação de receita do tipo “B”, a qual fica retida na farmácia após a compra do medicamento e está submetida à fiscalização da vigilância sanitária e polícia federal.
 Na tarja vem impresso “venda sob prescrição médica – o abuso deste medicamento pode causar dependência”.
Desde 2008 todas as farmácias do Brasil são obrigadas a usar formulário digital para venda de medicamento com “tarja preta”.
Os estabelecimentos também terão de transmitir semanalmente informações sobre a comercialização desses produtos para a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) por meio eletrônico.
 A implantação do sistema é tida como grande avanço.
Antes da implantação do software, os registros eram feitos de forma manual, e demoravam até um ano para chegar à Anvisa, além de serem suscetíveis a fraudes e erros.

Tarja amarela: esta tarja deve constar na embalagem dos medicamentos genéricos e deve conter a inscrição “Medicamento Genérico”, na cor azul. Um medicamento genérico é um medicamento com a mesma substância ativa, forma farmacêutica e dosagem e com a mesma indicação que o medicamento original, de marca.
E principalmente, são intercambiáveis em relação ao medicamento de referência, ou seja, a troca pelo genérico é possível.
 É mais barato porque os fabricantes de genéricos, ao produzirem medicamentos após ter terminado o período de proteção de patente dos originais, não precisam investir em pesquisas e refazer os estudos clínicos que dão cobertura aos efeitos colaterais, que são os custos inerentes à investigação e descoberta de novos medicamentos, visto que estes estudos já foram realizados para a aprovação do medicamento pela indústria que primeiramente obtinha a patente.
Assim, podem vender medicamentos genéricos com a mesma qualidade do original que detinha a patente a um preço mais baixo.

Cuidado! Ao comprar seu medicamento, ouça sempre a orientação de um médico, que é o profissional habilitado a cuidar de sua saúde.

Outro esquema de cores é usado para a prescrição médica. Ela serve para dividir tipos diferentes de drogas, os medicamentos receitados. Os amarelos são entorpecentes, os azuis são psicotrópicos e imunossupressores e os retinoides de uso sistemático são de cor branca.
 No processo de compra do remédio tarja preta, o paciente deve ir ao médico e, após diagnosticado o problema, ele concede uma prescrição médica.
O paciente deve apresentar a receita para o farmacêutico no momento da compra, essa receita fica na farmácia, para se evitar que esse remédio possa ser comprado desordenadamente e causar dependência química devido a sua potência.
 Esse controle é feito de forma digital desde o ano de 2008, de forma a dificultar ainda mais a compra desses remédios, apresentado a mesma prescrição.
Antes desse ano, o registro era feito manualmente num documento que era entregue à entidade responsável por esse controle, a ANVISA.
Hoje, os registros digitais ainda são controlados pela mesma entidade.
 A necessidade de fazer esse controle foi a prática da automedicação e também por ocorrer casos em que pacientes que foram indicados para uso do remédio e que, no decorrer do tratamento, ficaram viciados, tomando doses maiores do que o recomendado e levando a sérios danos à saúde ou até à morte.

Remédios para Emagrecer e para Depressão

Os remédios tarja preta mais procurados são geralmente os que servem para emagrecer e para depressão. No primeiro caso, algumas pessoas, com fins estéticos, burlam receitas médicas para poder comprá-los, o que é totalmente contra-indicado.
Esses remédios só são receitados para pessoas que têm IMC em torno de 30 kg/m2 e, mesmo nesses casos, o médico costuma receitar outros medicamentos para combater os efeitos colaterais causados pelos mesmos.
Além da dependência química, a prática de usar por conta própria pode causar taquicardia, insônia, moleza, nervosismo, boca seca e outros.
 Os remédios tarja preta para depressão são procurados por pessoas que sofrem com transtorno de ansiedade, síndrome do pânico, insônia e a própria depressão.
Com esses sintomas, a necessidade de usar medicamentos é forte.
Pessoas conseguem receitas médicas ou mesmo outra forma de adquirir o remédio e passam a usá-lo indiscriminadamente.
Remédios para tratar desses problemas e com tarja preta costumam ter, como efeitos colaterais, esquecimentos, sono, dificuldade de se concentrar, além da dependência química.

Portanto, é importante reforçar a ideia de que os remédios de tarja preta ou controlados são medicamentos que são aplicados em último caso, quando o médico não pode mais usar outros medicamentos. Não deve ser usado sem a consulta prévia de um profissional, pois cada organismo reage de uma forma específica a uma droga.
Um profissional sabe qual a melhor hora de receitar tal remédio, assim como a dose certa e todos os outros detalhes condizentes.
Seu uso é limitado e, por isso, não deve ser usado de forma exagerada para que se mantenha a saúde, no lugar de prejudicá-la.

Comércio ilegal

A tentação acaba fazendo com que as pessoas sem acesso a psiquiatras recorram ao comércio ilegal de medicamentos. De acordo com o Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania do governo estadual paulista, neste ano, a ritalina apareceu, pela primeira vez, entre os remédios apreendidos nas operações policiais.
 Segundo Paulo Alberto Mendes Pereira, delegado-assistente da 2ª Delegacia de Saúde Pública da capital, uma operação de 5 meses, que monitorou conversas telefônicas e emails, culminou, em maio passado, com a prisão de 7 pessoas acusadas de vender medicamentos com comércio proibido ou controlado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Nós identificamos pessoas que compraram o medicamento de forma clandestina e já ouvimos alguns que disseram que era para o filho.
Mas recebemos essa informação com reserva, porque a pessoa que vai comprar um produto controlado, para o filho, faz isso de maneira legal, com receituário”, diz o policial.

Muita atenção

Comprar um medicamento que exige receita de forma clandestina pode configurar porte de entorpecente para uso próprio.

Calmantes lideram entre drogas controladas

No Brasil, ansiolíticos são os mais vendidos na categoria que inclui psicotrópicos, antidepressivos e emagrecedores. Dados são da Vigilância Sanitária, que elencou os remédios de receita controlada mais consumidos desde 2007.

Um boletim técnico elaborado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) quantificou pela primeira vez em detalhes o consumo de drogas vendidas com receita controlada que podem causar dependência.

Os ansiolíticos dominam a lista, que inclui todos os remédios de venda controlada, como emagrecedores, antidepressivos e anabolizantes. Os princípios ativos mais consumidos no país entre 2007 e 2010 foram clonazepam, bromazepan e alprazolam -cujas marcas de referência são, respectivamente, Rivotril, Lexotan e Frontal.

O uso abusivo de remédios controlados

A partir desse documento, será possível identificar o comportamento de uso dessas substâncias e eventuais abusos. “É sabido, não só no Brasil, que muitas vezes se recorre ao medicamento para resolver problemas não solucionáveis por ele”, afirma Dirceu Barbano, diretor-presidente da Anvisa.
 Para ele, o uso de ansiolíticos e antidepressivos tem sido observado em níveis agudos e, talvez, inadequados.
 Mais de 10,5 milhões de caixas do clonazepam foram dispensadas em 2010, segundo informaram 41 mil farmácias cadastradas no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados.
 O número é crescente desde 2007, mas é preciso relativizar a tendência, já que também é crescente o número de farmácias no sistema.
 A Vigilância Sanitária estima que o sistema deve ter alcançado quase o total das farmácias em 2010, o que deverá permitir comparações a partir de agora.

Uso exagerado

“O uso de medicamentos em saúde mental com uma finalidade ansiolítica é frequente. Tem explicação epidemiológica? Que recado passa?”, questiona Barbano. O boletim, diz, não se propõe a fazer essas avaliações, mas permite que a agência, os médicos e a sociedade se debrucem sobre o tema.
 Para Elko Perissinotti, vice-diretor do Hospital-Dia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, a venda das drogas está ligada à dependência do efeito causado por elas, que ele chama de “bem-estar nocivo”.
 ”Hoje, as pessoas, mesmo sem indicação, tomam um remédio desses à noite para conseguir dormir.
É um desastre.
E procuram seus médicos, nem sempre um psiquiatra, para ter a receita.
” Os médicos também têm parte da culpa.
“Eles usam um atalho perigoso.
Prescrever esse remédio é cômodo porque o resultado é rápido e sem efeitos colaterais.
” Matéria publicada na Folha em janeiro de 2011 já apontava para o aumento do consumo dessas substâncias: entre 2006 e 2010, as vendas do clonazepam cresceram 36%, segundo a IMS Health, que audita o setor.
 A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas avaliou que o boletim “reforça a relevância das estratégias de controle dos psicofármacos”.

Especialista tira dúvidas sobre uso de medicamentos controlados

O psiquiatra Thiago Fidalgo, da Unifesp, responde às dúvidas mais comuns:

Tomo calmante há alguns anos, mas acho que não preciso mais e não quero ficar dependente. Qual é a melhor forma de parar com a medicação?

A primeira coisa é saber que não dá pra parar de repente. Porque se isso acontecer, o paciente vai passar muito mal, vai dar mais pânico e a pessoa vai achar que é dependente. Tem que ser feito com acompanhamento médico e de forma gradual. Existem duas formas de fazer isso.
Uma delas é um remédio que tem um efeito mais forte e que dura menos tempo por um que tenha um efeito mais prolongado.
E juntamente com isso, fazer a redução gradual da quantidade do medicamento.
Mas claro que só um médico pode avaliar como essa redução deve ser feita.
E esse processo é longo.
Existem casos como o do Antonio, registrado no programa, que pode levar mais de um ano.

Faço uso do Lexapro, Exodus, Seroquel e Aprazolam há dois anos e só durmo se tomar o medicamento. Como perceber se já estou dependente da medicação? Por quanto tempo posso tomar antes de virar dependente?

Existem alguns critérios para saber se existe a dependência. Um deles é a tolerância. A pessoa precisa de doses cada vez maiores da medicação para ter o efeito desejado e a dose habitual se torna insuficiente. Outro ponto é a abstinência, ou seja, o paciente sente muita falta da medicação e não consegue pensar em outra coisa senão no remédio.
Outro sintoma é quando aquilo começa a provocar efeitos na sua vida social.
A pessoa deixa de fazer alguma coisa por conta do remédio ou gasta muito tempo do dia tentando conseguir o medicamento.
É muito comum no plantão de posto de saúde ter gente que vai no sábado à noite só pra conseguir uma receita.
Então, se a pessoa tiver pelo menos três desses sintomas por um tempo determinado, ela pode ser considerada dependente.
Mas também é importante ter um médico para fazer esse diagnóstico.

Outra coisa importante: somente os medicamentos que são tarja preta podem causar dependência. Anti-depressivo, de tarja vermelha, não causam dependência química (alguns do medicamentos citados são tarja vermelha).

Faço uso do Rivotril há três anos e sei que não é aconselhável tomar com álcool. Porém, no fim de semana, eu não tomo o remédio e bebo. Isso pode dar problema?

Isso não é bom. Porque para o tratamento ter sucesso, ele não pode ser interrompido. Então, não dá para parar todo final de semana para beber. O que poderia fazer é conversar com o médico para tentar negociar. Por exemplo, reduzir a dose do remédio no final de semana para poder beber um pouco.
E o médico tem que ver a quantidade de bebida que ele poderia ingerir tomando o remédio.
Mas parar o tratamento todo fim de semana não dá.

Minha filha tem 10 anos e desde pequena é muito agitada, teimosa e agressiva com colegas de escola. O neuropediatra diagnosticou hiperatividade e receitou Metilfenidato (Ritalina).
 Tenho sofrido muito em vê-la tão pequena tomando estes remédios, mas o médico disse que o prejuízo social é bem maior que o efeito colateral e que não causa dependência.
Será?
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A Ritalina é um medicamento que pode ajudar muito em problemas como déficit de atenção e hiperatividade. Então, se diagnóstico do médico estiver correto, não há por que se preocupar, pois o remédio vai trazer muitos benefícios. No caso da Ritalina, quando a pessoa tem de fato o déficit de atenção, o remédio ajuda a regular.
Mas se a pessoa não tiver o problema, a medicação vai causar uma agitação, uma sensação de euforia.
Por isso, algumas pessoas tomam para ir para balada ou pra ficar acordada por muitas horas.
E isso é um uso abusivo e que pode causar dependência.
Tem pessoas que estão estudando para concursos e tomam antes da prova.
Isso pode até atrapalhar a concentração em vez de ajudar.

Meu pai tem Parkinson e vem tomando Prolopa, além de anti-depressivos e ansiolíticos, de tarja preta. Me preocupo porque sei que podem causar dependência. É fato que o Parkinson pode necessitar de outros medicamentos combinados?

No caso de tratamentos de doenças neurológicas crônicas como o Parkinson e Alzheimer, é preciso fazer uma avaliação dos riscos. Porque às vezes, ficar sem o medicamento pode ser pior. Tem pacientes de Parkinson que podem ficar agressivos se retirar os anti-depressivos ou ansiolíticos.
E isso pode trazer um problema muito grande para o paciente e pra família.
Então, o médico sempre avalia os riscos e os benefícios do tratamento.
Especialmente se o paciente já tiver idade avançada e sofrer de uma doença degenerativa.

Há quatro anos, fui diagnosticada por um psiquiatra com Síndrome do Pânico. E hoje, tomo o Rivotril esporadicamente, quando estou mais ansiosa. O problema é que não consigo nem sair de casa sem ter o medicamento por perto. Sou uma viciada nesta medicação? Como faço para me livrar disso?

É bem comum o paciente estabelecer esse tipo de vínculo com a cartela de Rivotril, uma espécie de dependência psicológica. Provavelmente, ele já precisou muito do remédio durante uma crise de pânico, mas ele não é mais necessário. Não é uma dependência química. Essa sensação de segurança do remédio é falsa.
Ela está segura para sair de casa sem tomá-lo, mas precisa estar mais segura de si mesma.
Neste caso, o mais indicado é a psicoterapia para lidar com o fato de sair de casa sem o remédio.

Minha esposa tomava Prozac há 10 anos sob orientação médica. Ao ficar grávida, suspendeu por conta própria, ficou com crise de abstinência e voltou a tomar após o segundo mês de gestação. Isso pode trazer algum risco?

O Prozac é o mais seguro dos anti-depressivos, mas nenhum é indicado para uma gestante. Ela precisa procurar o mais rápido possível um psiquiatra para pedir uma orientação. O vai e vem de medição não tem risco para a gravidez, mas pode ser ruim para a gestante. E tomar sem acompanhamento médico é um problema.
Não é recomendado fazer uso de anti-depressivo na gravidez, especialmente no primeiro e no último trimestre.

Sou dependente do Clonazepan e isso já afeta a minha memória. Se eu parar de usar o medicamento, a memória pode melhorar?

Depende da sua idade e de quanto tempo tomou o medicamento. O Clonazepan afeta sim a memória e, por isso, evitamos dar para pacientes com mais de 60 anos. Quanto menos tempo o paciente tiver tomado o remédio e quanto mais jovem ele for, maior a chance de recuperar a memória. É bem variável.
Em geral, antes dos 60 anos, o quadro de redução de memória é muito leve.