Otosclerose – O que é, Sintomas e Tratamentos

Entre as inúmeras causas que acarretam a perda auditiva, a otosclerose é a menos conhecida. O tratamento é cirúrgico.

Se você está escutando um zumbido por algum tempo, ele pode ser o primeiro sinal de que a saúde do seu ouvido requer cuidados. Ignorado, esse barulho insistente indica danos que, se não tratados a tempo, são irreversíveis para a audição.
No mundo, 300 milhões de pessoas sofrem de alguma perda auditiva, e uma das principais razões é o descaso com os primeiros indícios do problema.
Dados da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia apontam que as pessoas demoram cerca de sete anos para procurar um especialista após perceber algum dano à audição e ainda levam mais dois anos para escolher um tratamento.
Tal descuido pode levar à surdez precoce.

Entre as inúmeras causas que acarretam a perda auditiva, a otosclerose é a menos conhecida. Comum em caucasianos, rara entre orientais e negros, trata-se de uma doença genética que provoca uma perda auditiva gradual até total comprometimento.
Apesar de não ser comum – menos de 0,5% da população mundial apresenta o problema -, não tem cura e se pronuncia em homens e mulheres (maioria), a partir dos 20 anos.
“Todos os ossos do nosso organismo são vivos e compostos por minerais de cálcio.
Como uma estrutura viva, há uma arquitetura interna do osso que deve ser mantida e, por isso, todas as horas, células do nosso organismo renovam esse cálcio.
Mas, em uma pessoa com otosclerose, há uma alteração nessa renovação, o que provoca calos no osso do ouvido médio, comprometendo a audição”, explica Caio Athayde Neves, cirurgião otorrinolaringologista.

Apesar de ter esse componente genético e hereditário, há casos da doença em quem não apresenta histórico familiar. Felizmente, há possibilidade de tratamento cirúrgico, que consiste na retirada do estribo – um dos ossos do ouvido médio – e a implantação de uma prótese.
Para o diagnóstico, é necessária uma análise do histórico clínico e exames de audiometria.
O médico também pode requisitar uma tomografia.
Porém, só a cirurgia é capaz de confirmar se o paciente tem otosclerose.
A operação pode ser feita em pacientes de qualquer idade e o risco de complicação é de menos de 1%.
“Só não conseguimos melhorar 100% o zumbido.

Há casos que pacientes preferem usar o aparelho auditivo ou que nem mesmo a cirurgia pode recuperar a audição, se a perda estiver avançada. Ainda assim, se o especialista aconselhar a cirurgia, o resultado é satisfatório. “A tendência é que você perceba uma pequena alteração da audição, até mesmo porque uma prótese nunca substituirá um osso.
Mas a chance de recuperar a audição é alta”, conclui Caio Athayde.

O que é otosclerose?

A otosclerose ou otospongiose é uma doença hereditária, degenerativa do osso que forma o ouvido interno, levando à fixação de um ossículo do ouvido médio chamado estribo e dificultando a transmissão do som. O estribo é originalmente móvel e o seu movimento transmite o som para o ouvido interno. Quando ele se fixa, há perda de audição.
A doença se manifesta em duas fases: a primeira é chamada de Otospongiose (o osso está imaturo, não está fixado) e a segunda é a Otosclerose propriamente dita (o osso está maduro e já se fixou).
A doença pode também afetar isoladamente a cóclea (porção do ouvido interno que contém terminações nervosas responsáveis pela audição).
Nesse caso, é chamada de Otosclerose Coclear.
Normalmente alguém em sua família já teve este problema.
Algum de seus descendentes também podem vir a ter este problema.

Na otosclerose o que acontece é que ocorre alterações no osso chamado estribo que fazem com que ele se imobilize e transmita menos o som para a cóclea. Estas alterações também podem ocorrer em regiões da cóclea levando a surdez da cóclea.
A otosclerose normalmente é mais comum em mulheres do que em homens, é rara na raça negra, aparece normalmente na faixa etária entre 20 e 30 anos, piora quando a portadora fica gravida.
Na maioria dos casos (70%) ela afeta um só ouvido.
A surdez é progressiva, isto é vai piorando com o tempo, lentamente ou rapidamente.
Quando a pessoa atinge uma faixa etária acima de 50 anos piora muito e pode chegar até a surdez total.

Otosclerose do estribo: usualmente as alterações no osso se espalham no estribo e impedem ou diminuem sua movimentação. Isto impede a transmissão da vibração sonora para a cóclea. Este tipo de otosclerose é corrigível com cirurgia.

Otosclerose da cóclea: quando as alterações no osso se espalham pela cóclea afetam as células que transformam a energia mecânica do som em energia elétrica que será transmitida para o cérebro. Esta forma de otosclerose não tem tratamento cirúrgico.

Para saber qual o tipo de otosclerose o seu médico otorrinolaringologista vai pedir alguns exames, entre eles, audiometria.

*Clique na imagem para aumentar o tamanho do texto, caso seja necessário.

As dúvidas mais comuns

Quais são as causas da doença?

A causa é um distúrbio no metabolismo do flúor/cálcio. Ocorre em pessoas da mesma família, com prevalência para o sexo feminino após a puberdade.

Quais são os sintomas da otosclerose?

O sintoma principal da otosclerose é perda de audição uni ou bilateral progressiva, zumbidos e raramente tonturas.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é feito pela história clínica e exames complementares, como a audiometria (tipo de exame que mede a quantidade de audição), cujo resultado pode ser hipoacusia de condução (dificuldade do som de chegar ao ouvido interno) ou hipoacusia neurossensorial (quando a doença afeta o ouvido interno).
A impedanciometria (exame que serve para saber se o estribo está ou não fixo) mostra uma curva tipo “AS” com ausência do reflexo do estribo, indicando um sistema tímpano ossicular rígido, ou seja, a alteração no exame indica que o estribo está fixado.
Em alguns casos, quando suspeita-se de Otosclerose Coclear, é necessário o exame do ouvido pela tomografia computadorizada.

Como é o tratamento?

O tratamento depende da fase da doença. Na fase otospongiótica o tratamento é clínico utilizando flúor e cálcio e na fase otosclerótica é cirúrgico (estapedectomia ou estapedotomia). Naqueles casos em que está contraindicado a cirurgia, devem-se prescrever os aparelhos de audição denominados “aparelhos de amplificação sonora individual” (AASI).

Existem alguns tratamentos médicos (remédios) que podem fazer a doença estacionar ou ter evolução mais lenta. Consulte seu médico otorrinolaringologista. O remédio não faz a audição melhorar.

Aparelho auditivo pode ser usado para qualquer tipo de otosclerose. Quando a doença se dá no estribo existe a possibilidade de cirurgia ela se chama estapedectomia. A cirurgia consiste na troca do estribo por uma prótese artificial.
Esta cirurgia tem o objetivo de substituir um pequeno osso do ouvido que se chama estribo por uma prótese de plástico ou metal.
É realizada com um microscópio através do canal externo do ouvido.
Pode-se também ser feito um pequeno corte junto ao orifício do conduto auditivo externo.
A cirurgia pode ser feita com anestesia geral ou anestesia local e sedação.

Há formas de prevenção? Quais?

Existem trabalhos mostrando que o uso pré-puberal de flúor/cálcio pode evitar ou minimizar a doença. Em crianças que moram em cidades nas quais a água é tratada com flúor ou quando se faz fluoretação nos dentes, deve-se tomar cuidado para não provocar uma hiperfluorose que pode trazer complicações desagradáveis.

A cirurgia é sempre necessária nos casos de otosclerose? Quais podem ser os riscos da cirurgia?

Deve-se sempre, em casos de otosclerose, indicar o tratamento cirúrgico, exceto na situação citada acima. A cirurgia é feita com anestesia local e sedação. Nas mãos de um cirurgião experiente, as complicações são raras e giram em torno de 1%.
As principais são: perda total da audição, perda parcial da audição (hipoacusia neuro – sensorial afeta o ouvido interno), crises labirínticas com tonturas náuseas e vômitos, perfuração timpânica, zumbido residual e até paralisia facial.
Em toda cirurgia existem riscos e complicações que são raras mas podem acontecer e todos os pacientes devem ter conhecimento.
Nesta cirurgia estamos explicando o que pode acontecer em alguns casos.
Qualquer dúvida pergunte ao seu médico que ele lhe explicará com detalhes.

Riscos e complicações da cirurgia

Tontura: tontura leve pode ocorrer nos primeiros dias da cirurgia, podendo permanecer por algumas semanas. Muito raramente temos tontura que persiste por muito tempo. Se isto acontecer existem medicamentos que controlam esta tontura.

Distúrbio de gosto: alguns pacientes sentem gosto ruim na boca por alguns dias após a cirurgia muito raramente pode ficar permanente.

Perda da audição: toda cirurgia no ouvido pode haver alguma perda da audição, sendo raro (menos de 2%) os casos de perda auditiva importante. Em alguns casos pode não haver melhora da audição de como estava antes da cirurgia.

Zumbido: Zumbido quer dizer barulho no ouvido. Em casos raros ele pode aparecer após a cirurgia.

Perfuração no tímpano: é muito difícil que uma perfuração no tímpano aconteça na cirurgia. Quando isto acontece normalmente o tímpano cicatriza sozinho ou o médico faz uma cirurgia para fechar a perfuração.

Fraqueza na face: Outra complicação rara é a fraqueza na face, que quando acontece após esta cirurgia normalmente dura poucos dias.

Artigos Relacionados