Remédios para emagrecer. Será que vale a pena usá-los?

Perder aqueles quilinhos indesejados é um dos grandes desejos da maioria das mulheres. E o remédio para emagrecer se torna uma tentação para elas. Mas será que vale a pena? Veja os prós e contras e todos os detalhes dessa “mágica”.

Você realmente precisa?

Noradrenalina, esse é o nome da “mágica”. Um hormônio que age no centro da fome, lá no cérebro, controlando o apetite. E as anfetaminas cuidam dessa tarefa, aumentando a quantidade desse hormônio no seu corpo. Anfepramona, fenproporex e manzidol compõem a família dessa substância química, que ganhou fama por combater a obesidade controlando a gula.
O problema é que junto com um apetite magrinho vem uma lista extensa de reações desagradáveis – boca seca, alterações de humor, dor de cabeça, insônia, taquicardia, euforia, falta de ar, hipertensão, irritação, dependência (quanto mais você toma, mais precisa), prisão de ventre, depressão, crises de ansiedade e pânico, como adverte Elisaldo Carlini, do Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas).
Pois é, nada inofensivas, as anfetaminas só deveriam ser indicadas para pacientes com índice de massa corpórea (IMC) maior de 30 ou aqueles com IMC entre 26 e 30 com histórico de colesterol alto, pressão alta ou diabetes.
Uma garota que mede 1,65 metro e pesa 70 quilos – gordinha para entrar numa calça tamanho 40 – tem IMC igual a 26.
“O remédio é importante para casos em que a saúde pode ficar comprometida por conta do excesso de peso”, ressalta Claudia Cozer, endocrinologista da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), em São Paulo.
Pense bem se vale a pena se seu problema não passa de 10 quilos.

Será que vale a pena?

Mau hálito, tremedeira, insônia… Você arriscaria passar por tudo isso em troca de um corpo enxuto? Se esses argumentos não convencem, anote aí mais um: ao parar de ingerir as pílulas, grande parte das garotas que escolheram o caminho dos remédios recuperou os quilos perdidos. E não é só isso, o ponteiro da balança subiu mais do que antes.
Confiar a sua transformação a um medicamento quase sempre acaba em frustração.
“Quem recorre aos remédios sem mudar seu estilo de vida, ou seja, adotar uma alimentação equilibrada e dar um basta no sedentarismo, fica à mercê do efeito sanfona, pior, do efeito espiral, já que o ganho de peso é ainda maior”, adverte Henrique Suplicy, presidente da Abeso.
Táki Cordás, psiquiatra do Ambulatório de Anorexia e Bulimia do Hospital das Clínicas, também em São Paulo, explica: “Quando você suspende a droga, o apetite aumenta”.
Sem falar que o emagrece-e-engorda não rende apenas estrias e flacidez na pele, mas pode provocar também problemas para o seu coração.
“As grandes oscilações no peso são mais nocivas à saúde do que um pequeno excesso de gordura”, avisa Alfredo Halpern, do Ambulatório da Síndrome Metabólica e Diabetes do Hospital da Clínicas de São Paulo.

Um milagre duradouro?

Sejamos francas: colocar todas as suas esperanças de conquistar um contorno mais sexy nessas pílulas é plantar seu próprio desapontamento. A magia pode durar pouco. E, normalmente, quem opta por esse caminho sai enfraquecida, com a autoestima abalada para encarar mais uma vez o difícil processo de emagrecimento (isso ninguém quer, ninguém merece!).
A gente aposta que estas três atitudes – acreditar em você mesma, comer direito e malhar – continuam sendo a melhor saída para o seu visual e para a sua saúde.

O que tem nas farmácias?

– Anfetaminas

Essa família inclui três principais substâncias vendidas por vários laboratórios farmacêuticos: anfepramona (Hipofagim, Inibex e Dualid), fenproporex (Desobesi-M, Inobesin, Lipomax) e mazindol (Absten-Plus, Diazinil, Dobesix).
Agem no centro da fome, controlando o apetite, e são indicadas para obesos que não conseguiram emagrecer com dieta e exercício.
A Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), que aprova e veta os medicamentos, considera os derivados de anfetamina uma opção terapêutica apenas mediante acompanhamento médico constante.

– Sibutramina

Considerada mais moderna que a anfetamina, a sibutramina aumenta a saciedade, ou seja, você se satisfaz com menos comida. Funciona como se acionasse um botão no cérebro para reduzir a compulsão alimentar. Também produz alguns efeitos colaterais – dor de cabeça, insônia, boca seca, agitação.
Nas farmácias, Reductil e Plenty são os dois nomes mais conhecidos.

– Orlistat

Diferentemente dos dois citados acima, essa substância não age no sistema nervoso e sim no intestino, fazendo com que o organismo absorva apenas 30% das gorduras ingeridas. Comercializado pelo nome Xenical, sua vantagem é não causar dependência. Entretanto, pode provocar crises de diarreia se a pessoa consumir grande volume de alimentos gordurosos.
É indicado para mulheres que não podem usar os inibidores de apetite por algum motivo de saúde ou que não sofrem para controlar a vontade de comer.

Confira as histórias de quem testou remédios para emagrecer

A pesquisa realizada pelo Cebrid, em São Paulo e Brasília, em 2002, revelou que:

  • 50% usam fórmula manipulada à base de derivados de anfetaminas com mais de quatro substâncias associadas – prática condenada pelo Conselho Federal de Medicina
  • 60% tinham IMC menor que 30, classificação para sobrepeso e não obesidade
  • 69,6% das paulistas tomaram o remédio por mais de três meses (mais que o tempo recomendado pelos médicos)
  • 72% das entrevistadas já tinham se submetido a outros tratamentos à base de medicamentos
  • 97,5% contaram que tiveram vários efeitos colaterais

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A seguir, confira algumas histórias de mulheres que não resistiram à mágica dos remédios para emagrecer:

“Minha experiência com inibidores de apetite não foi muito boa, não. Ou melhor, foi boa enquanto durou. Emagreci tudo que desejava. Mas depois que parei, já viu… O remédio dá uma falsa sensação de sucesso, porque quem toma emagrece sem esforço.
Mas, além do efeito sanfona, o próprio tratamento não foi fácil – tinha tremores, queda de pressão e muita, muita sede.
A gente aguenta essas coisas quando está obcecada por emagrecer.
Parei, porque fui morar fora do Brasil e não tinha como conseguir a receita.
A compulsão voltou e meu metabolismo ficou lento.
Ganhei 13 quilos, 6 a mais do que tinha perdido”.

Camila Medeiros di Domenico, 25 anos, atriz, São Paulo

“Em 2001, com 12 quilos acima do peso, comecei a tomar remédios para emagrecer. Como trabalhava em uma farmácia, aumentei por conta própria as doses prescritas. Em um ano, perdi 20 quilos. Estava sempre muito irritada, agitada, tinha insônia. Fiquei viciada. O médico disse que eu era louca e fui obrigada a parar.
Tive crises de abstinência: sofria com dores de cabeça e depressão.
Passei a tomar antidepressivos para me curar do vício.
Saí dessa fase radical, mas continuo querendo as fórmulas: hoje tomo a dose permitida e combino com alimentação saudável e exercícios”.

Michele, 23 anos, estudante de direito, São Paulo

“Usei esses remédios ‘milagrosos’ logo depois da gestação. Tinha engordado 30 quilos! Tomei as fórmulas, emagreci, engordei, emagreci e fiquei nessa brincadeira por meses. Resolvi parar porque não estava vendo resultado. Ainda não cheguei no peso que gostaria, mas estou tentando comer direito.
Quero que o corpo mais enxuto venha como conseqüência de uma vida saudável”.

Celle, no Clube da Gordinha.

“Como minha mãe sempre usou remédio para manter o peso, comecei a tomá-los bem cedo, com 14 anos. O efeito sanfona era constante e o mau humor imenso. Só parei quando uma amiga da minha mãe (que utilizava a mesma fórmula) adoeceu. Joguei tudo fora!”

Érica Nascimento, 23 anos, estagiária de direito, Osasco

Cuidado com as fórmulas manipuladas

Elas são as mais procuradas por quem quer se livrar rapidamente dos quilos extras. Você pede ao doutor, ele prescreve uma receita para emagrecer e pronto – não demora mais de 15 minutos e está resolvido. “Trata-se de um pacto entre médico e paciente.
Ele dá o remédio sem pedir nenhum exame e ela, em contrapartida, não se queixa dos efeitos colaterais”, alerta Elisaldo Carlini, diretor do Cebrid.
Assim como os comprados em farmácias, os medicamentos manipulados têm, sim, o seu valor – quando bem indicados e tomados sob constante supervisão do médico.
O perigo das fórmulas emagrecedoras está em associar a anfetamina a qualquer outra substância – uma prática condenada pelo Conselho Federal de Medicina.
Mais grave ainda quando o próprio médico vende o remédio no consultório.
“É comum colocar no mesmo comprimido laxante, diurético, ansiolítico e hormônios da tiroide – um coquetel extremamente perigoso para a saúde”, censura Elisaldo Carlini.
“As fórmulas prontas são uma charlatanice.
Dão a impressão que emagrecem por causa do laxante e do diurético.
Mas você perde água, desidrata, só que não queima um único grama de gordura.
E ainda se arrisca a ter uma disfunção na tiroide”, conclui Alfredo.

A obesidade é considerada uma doença crônica que se instala de forma lenta e progressiva no organismo através do acúmulo de depósitos de gordura normalmente, associado a uma ingestão calórica excessiva e à baixa atividade física.
Do mesmo modo, que a obesidade demora para aparecer, o seu tratamento também exige tempo para a obtenção de resultados permanentes e que não comprometam à saúde.
Por não compreenderem esse processo de perda lenta de peso e desejarem uma solução rápida e fácil para o problema, algumas pessoas acabam fazendo uso de medicamentos, importando-se apenas com a perda de peso e não se dando conta das conseqüências do uso inapropriado de tais substâncias.
Como todo medicamento, os utilizados no tratamento da obesidade também devem ter a indicação e a supervisão de um profissional especializado, não devendo ser usados indiscriminadamente, mesmo porque o tratamento medicamentoso da obesidade somente é recomendado em casos especiais como, por exemplo, quando a obesidade está associada a outras doenças (hipertensão arterial, diabetes mellitus, doenças cardiovasculares, colesterol sanguíneo elevado).

Além disso, é bom ressaltar que os resultados só serão satisfatórios e definitivos, se houver a associação do medicamento com planejamento alimentar e exercício físico. Caso contrário, a tendência é voltar ao peso antigo, com a suspensão do uso.
Quem quer realmente emagrecer deve ter em mente que a luta contra a obesidade implica em superar as dificuldades, não permitindo que os empecilhos acarretem em desânimo e falta de motivação.
Os obstáculos não podem fazer da perda de peso uma meta inatingível.
A disciplina, a força de vontade e a determinação devem estar sempre presentes para que o objetivo tão esperado, de conseguir chegar no peso desejado, seja alcançado.
Para quem está seguindo um planejamento alimentar com o intuito de perder peso, resistir a um doce oferecido por um amigo ou a uma pizza com a família no final de semana parece uma tarefa árdua.
No entanto, é importante saber que a restrição é por tempo limitado até a meta ser atingida.
A partir daí, o consumo poderá voltar ao normal, desde que a pessoa tenha aprendido a se satisfazer sem precisar mais exagerar na quantidade.

Abaixo, explicando com mais detalhes, estão relacionados os tipos de medicamentos mais utilizados no tratamento da obesidade, divididos por categorias, de acordo com a ação no organismo e os efeitos colaterais por eles causados, para você ficar bem informado sobre o assunto.

 Mais um alerta contra as fórmulas de manipulação

Essas fórmulas consistem numa mistura de substâncias ditas “naturais”, passando a falsa idéia de serem inócuas ao organismo. Alguns exemplos de tais componentes são: anfetaminas, diuréticos, laxativos, ansiolíticos (remédios que diminuem a ansiedade) e hormônios da tireóide.
A promessa de emagrecimento, sem a alteração dos hábitos alimentares faz com que muitas pessoas adquiram esses produtos achando terem encontrado a solução para o problema do excesso de peso.
Contudo, desconhecem que com a interrupção do seu uso freqüentemente ocorre à volta ao peso antigo, de forma rápida, caracterizando o famoso e prejudicial efeito “sanfona”, além da presença comum de desidratação, irritação e sonolência como principais efeitos colaterais.
A mudança comportamental é a chave para a manutenção do peso! O uso de medicamentos, apesar de aparentemente ser eficaz no início promovendo uma perda rápida de peso, acaba na maioria das vezes permitindo um retorno ao peso anterior assim que é interrompido a sua utilização pois, não é capaz de modificar os erros alimentares instituindo hábitos saudáveis na alimentação.
Isso sem contar os efeitos colaterais que normalmente estão presentes.
Mesmo para os casos em que os medicamentos são indicados e necessários, como os já citados anteriormente, a ação conjunta da educação alimentar e da atividade física é imprescindível para o sucesso do tratamento.
Em se tratando de obesidade, não existem fórmulas mágicas nem soluções imediatas e fáceis.
O indivíduo deve estar ciente que para conseguir um resultado duradouro e satisfatório à saúde, o mais indicado é uma mudança de comportamento com a correção de hábitos alimentares inadequados e o aumento do gasto energético, através do exercício físico.

Não há segredos no combate à obesidade, existe sim, um empenho permanente para superar todos os obstáculos encontrados e chegar na reta final, com um corpo esbelto e saudável! Portanto, antes de tomar qualquer tipo de remédio para emagrecer, pense nas consequências para o seu organismo. Será que vale a pena?

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