Tipos de parto e seus benefícios

Especialistas explicaram  os diferentes tipos de parto, assim como suas vantagens e desvantagens. Confira!

Nove meses é o tempo que o corpo da mulher leva para dar todas as condições necessárias à chegada de uma nova vida. A eliminação do tampão mucoso, contrações cada vez mais fortes e em intervalos menores e o rompimento da bolsa amniótica com perda de líquido ou sangramento vaginal são alguns dos sinais de alerta que anunciam achegada do bebê.

Mas, antes de a futura mamãe vivenciar o tão esperado momento, é fundamental que ela tenha escolhido o tipo de parto de sua preferência.
De acordo com o ginecologista e obstetra Domingos Mantelli Borges Filho (SP), são inúmeras opções, e tal decisão deve ser tomada em conjunto com o obstetra, que irá analisar qual alternativa é melhor e mais segura para a mãe e o bebê.
“O obstetra é a principal fonte de informações de qualidade para a mulher”, reforça a ginecologista e obstetra Bárbara Murayama (SP).

Para entender melhor cada tipo de parto, especialistas no assunto explicaram as vantagens e desvantagens de cada um deles.

Parto normal (vaginal)

“É a forma mais convencional do bebê nascer. O procedimento pode ser realizado com analgesia, que ajuda a controlar a dor. Além disso, é possível acompanhar o ritmo cardíaco da mãe e do bebê  e o parto pode ser estimulado com medicamentos”, explica Domingos Mantelli.

Segundo a ginecologista e obstetra Erica Mantelli (SP), o parto vaginal auxilia na respiração do bebê, pois seu tórax sofre uma compressão ao passar pelo canal vaginal, expelindo o líquido amniótico dos pulmões.
Dentre os benefícios maternos estão a liberdade de movimento e posição durante o trabalho de parto, recuperação rápida, menor perda sanguínea, descida mais rápida do leite e menor risco de infecção hospitalar.
“A dor é a principal desvantagem, pois a gestante tem de fazer muito esforço para que o bebê nasça.
Muitas vezes, o médico necessita fazer um pequeno corte na região muscular entre a vagina e o ânus, para auxiliar a passagem do bebê”, diz Domingos.

Parto natural

“É a maneira mais natural do bebê nascer, sem anestesia e indução. A mulher sofre as dores do parto e o médico pode proceder à ruptura da bolsa para que o parto se desenvolva mais depressa”, explica Domingos Mantelli.

Para Erica, este é o tipo de parto mais saudável: sem uso de medicamentos, sem cortes e pontos, sem risco de anestesia ou reação aos remédios. “A gestante fica com seus movimentos livres, sem a necessidade de ficar na cama e com acesso venoso.
A amamentação começa mais rápido e em maior quantidade, além de estimular mais o vínculo afetivo da mãe e do filho.
A mulher se recupera muito rápido e em pouco tempo consegue andar, amamentar e cuidar de seu bebê”, garante.

Vale ressaltar que, neste tipo de procedimento, a gestante não recebe remédios para alívio da dor e, por não ser realizado o corte no períneo, pode haver a dificuldade para sair a cabeça do bebê.
“A demora do nascimento pode prejudicar a saúde da criança, que pode apresentar dificuldades para respirar e ainda trazer consequências graves, como aspiração do mecônio (fezes do bebê) e diminuição da oxigenação cerebral.
O parto natural em ambiente não hospitalar também pode ser muito arriscado, pois em uma situação de risco e emergência, o ambiente não está apto para dar todo o suporte necessário”, alerta Erica.

Parto cesárea

“No parto cesárea, realiza-se um corte na parede abdominal, camada a camada até chegar ao útero. Corta-se o útero e retira-se o bebê. Feito isso, retira-se a placenta, e após revisão e limpeza da cavidade abdominal, fecha-se todas as camadas abertas”, explica Bárbara Murayama.
A obstetra explica que a cesariana é realizada principalmente quando o médico e a gestante entendem que o parto via abdominal irá proporcionar um melhor resultado materno e/ou fetal do que o parto vaginal, sendo indicada em casos como posição do feto não adequada para o parto normal, falha na evolução do trabalho de parto ou quando a mulher já realizou duas ou mais cesáreas.

Seus benefícios? “É rápido, com hora marcada, indolor e sem contrações, e permite que a família inteira se programe para o nascimento!”, afirma Domingos. “Mas, por outro lado, trata-se de uma cirurgia invasiva e a cicatrização é mais demorada, podendo ocorrer a formação de queloides ou hérnias.
Entre todos os partos, a cesariana é a que a que apresenta a recuperação mais difícil, por ser bem mais lenta e dolorida”, pondera o médico.

Parto de Cócoras

“Trata-se de um parto normal que acontece na posição de cócoras, com a gestante agachada. É indicado apenas nos casos em que o bebê está de cabeça para baixo (posição cefálica), em gestações sem complicações em que a mãe apresenta pressão arterial normal, e para gestantes que são calmas e colaborativas”, aponta Erica Mantelli.

Domingos explica que a recuperação é rápida e a mulher não necessita de medicamentos para aliviar a dor, pois os movimentos são livres. “A posição de cócoras faz aumentar a ação da gravidade, intensificando as contrações e auxiliando a saída do bebê”, completa Erica.
Mas, caso ocorram complicações no período de saída da cabeça do bebê, o médico não consegue controlar o parto, tendo muitas vezes que recorrer a uma cesariana de emergência.

Parto Leboyer

Também conhecido como “nascimento sem violência”, o Leboyer foi introduzido no Brasil em 1974 pelo ginecologista e obstetra Cláudio Basbaum, que nos explica como funciona este tipo de parto: “Caracteriza-se pelo uso de pouca luz, silêncio no ambiente e, principalmente após o nascimento, massagem suave nas costas do bebê, que é acomodado gentilmente no seio da mãe, sem ser dependurado pelos pés e sem a famosa palmada que o faz chorar e abrir os pulmões.
A transição respiratória é feita de forma suave, esperando o cordão parar de pulsar.
A amamentação ocorre ainda na sala de parto, seguido de um banho (imersão em água morna numa pequena banheira) ao lado da mãe, e que também pode ser dado pelo pai sob supervisão da equipe médica”.
O intuito, portanto, é minimizar ao máximo o trauma que o bebê sofre ao sair do útero da mulher.

Indicado para gestações tranquilas e sem complicações, Cláudio aponta que estudos realizados com “bebês-Leboyer” na Universidade da Sorbonne na França geram crianças mais seguras, precocemente autônomas em suas habilidades e emocionalmente mais equilibradas.
Para Erica Mantelli, uma das maiores desvantagens é que nem todo hospital possui equipe capacitada para esse tipo de assistência.
A recuperação é um pouco mais lenta, podendo variar de 15 a 20 dias.

Parto na água

Cláudio Basbaum explica que este parto, como diz o próprio nome, ocorre dentro da água, de forma que o bebê saia suavemente de um líquido quentinho (líquido amniótico da bolsa que envolve o feto) direto para outro também aquecido, evitando grandes diferenças de temperatura.
A mãe fica imersa em uma banheira com água na temperatura corpórea (37ºC), cobrindo toda a sua barriga e genitais.

“Indicado para casos de gestação sem complicações e bebês na posição cefálica, o parto na água é menos traumático para o bebê, e a água quente conforta a mamãe e a relaxa durante os intervalos das contrações”, aponta Erica Mantelli.
Entre suas desvantagens está a maior dificuldade para conter o sangramento e lacerações no períneo, além do aumento do risco de infecções.
A recuperação também é um pouco lenta, podendo variar de 15 a 20 dias.

Parto humanizado

“É uma maneira mais humana de realizar o parto, podendo este ser normal ou até mesmo uma cesariana. A preferência é pelo parto realizado de forma natural, respeitando a fisiologia materna, sem grandes intervenções.
Visa o conforto materno, deixando a gestante livre e no ambiente de sua escolha, podendo ser realizado em ambiente hospitalar ou extra-hospitalar (residência).
Trata-se de, sobretudo, individualizar a assistência de acordo com cada gestante e suas condições, compartilhando com ela todas as decisões tomadas, deixando-a segura sobre tudo o que está ocorrendo”, detalha Erica.

O parto humanizado cria um ambiente seguro para a gestante, que pode interagir com seu acompanhante, receber massagens, carinho e apoio psicológico.
“A gestante tem participação ativa, estreitando laços afetivos em um ambiente de sua escolha, onde o bebê fica a maior parte do tempo com a mãe e é amamentado nos seus primeiros minutos de vida”, conta Erica.

O parto humanizado em ambiente não hospitalar é um assunto que gera muita polêmica. “Isso porque, infelizmente, mesmo gestações tranquilas podem apresentar complicações e riscos que só conseguem ser solucionados em ambientes capacitados.
A demora em tomar a decisão de interromper o parto normal e optar pela cesariana compromete a saúde materna e do bebê, trazendo consequências graves e por vezes irreversíveis”, alerta Erica.

Parto sem dor

O parto sem dor consiste na aplicação de anestesia peridural para anular as dores do parto, mantendo a contração uterina, além do uso métodos de relaxamento e psicoterapia para aliviar tensões e ansiedade, deixando a gestante preparada para o grande momento.
“A recuperação é rápida e o parto não é um trauma para a mulher, já que ela não sente dores físicas e está psicologicamente preparada para o parto, podendo aproveitar o momento para se conectar com o bebê e interagir com seu acompanhante”, revela Erica.

Infelizmente nem todos os hospitais disponibilizam este tipo de parto, que além de estrutura hospitalar, exige equipe médica capacitada a técnicas de relaxamento e exercícios respiratórios para auxiliar a mamãe neste momento tão importante. O parto sem dor é contraindicado para mulheres que sofrem de insuficiência cardíaca.

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