Urina e fezes: o que eles revelam sobre você?

A cor, a consistência, a quantidade e até o odor das fezes e da urina são valiosos sinais na hora de avaliar como anda a sua saúde.

Talvez você nem sequer preste atenção, mas, cá entre nós, deveria ficar atento às suas fezes e urina. Afinal, tudo aquilo que é expelido pelos rins e intestinos pode revelar informações importantes sobre nossos hábitos alimentares e, sobretudo, a quantas anda a nossa saúde.
“No caso das fezes, por exemplo, sua cor, assim como sua forma e consistência refletem a qualidade da alimentação ou indicam alguma doença que pode estar se instalando no corpo”, explica a nutricionista funcional Mariana Duro (SP).
Já a urina, dependendo da coloração e da frequência, informa se estamos bebendo água o suficiente e até serve de alerta quando doenças como diabetes e insuficiência cardíaca estão se manifestando.

Conheça o teu organismo

Para quem, mesmo assim, acha esquisita a ideia de prestar atenção aos próprios resíduos, vale lembrar que esse é um conselho dos próprios médicos.
“Conhecer o ritmo e as características do organismo faz parte do que chamo programa particular de atenção à saúde, no qual seremos os primeiros a perceber alterações que possam refletir que algo no nosso organismo não anda bem”, afirma Fábio Yamashiro, médico assistente da disciplina de gastroenterologia da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp- Botucatu).
Para incluir esse hábito em sua rotina e dar início a esse processo de investigação pessoal, confira as dicas a seguir.
A sua saúde agradece!

O material líquido

Composição: A urina é composta de água, mas também contém substâncias como ácido úrico, sais e ureia. Essa última é que dá a cor e odor típicos deste líquido.

Quantidade: “Um adulto com uma dieta saudável pode produzir entre um a dois litros por dia, e tem urina com coloração amarela clara, sem espuma, e sem dor ao urinar”, explica Yamashiro.

Frequência: Um dos sintomas do diabetes é o aumento da vontade de beber água. Em consequência, as idas ao banheiro se tornam mais frequentes.

Cor e odor

Amarelo forte: a coloração intensa e o odor mais acentuado da urina são os principais sinais de que se está ingerindo pouco líquido.

Avermelhada ou com sangue: é mais frequente, segundo Yamashiro, em casos de infecções urinárias, cálculos nos rins e também doenças renais.

Amarelo bem claro: pode ser sinal de infecção na uretra ou bactérias presentes na urina, especialmente se o odor é mais forte, diz Mariana.

Escura: “a bile é excretada pela urina e em quadros de hepatites observamos seu escurecimento, tornando-se com cor de coca-cola”, diz o médico Yamashiro.

A influência da alimentação

Alguns alimentos e medicamentos são capazes de intensificar a cor e o odor do líquido secretado pelos rins. “A beterraba, por exemplo, contém um pigmento chamado betalaína, capaz de tornar a urina avermelhada, e o mesmo ocorre com o consumo exagerado de amora”, explica a nutricionista funcional Mariana.
Já o betacaroteno, presente na cenoura e no mamão, segundo ela, dá um tom alaranjado, enquanto as vitaminas do complexo B e os aspargos podem deixá-la esverdeada.

O Material sólido

Composição: As fezes são formadas por resíduos de alimentos não digeridos. “São compostas também por bactérias da nossa flora intestinal e produtos da descamação do nosso intestino, que se renova diariamente”, explica o médico Yamashiro.

Quantidade: “Isso dependerá dos hábitos alimentares e do quanto se ingere de alimentos”, explica a nutricionista Mariana. Devem ser sólidas e macias. A quantidade varia de pessoa a pessoa.

Frequência: Não há uma regra exata para a quantidade de evacuações. Segundo Yamashiro, a frequência varia de três vezes ao dia a três vezes por semana. Se esse ritmo intestinal mudar, aí, sim, vale a pena investigar.

Cor

Castanho-escura: Fezes normais apresentam a coloração castanho-escura. Qualquer tipo de mudança nesse aspecto pode ser sinal de que algo não vai muito bem com o organismo. Se isso ocorrer, procure um médico.

Esbranquiçadas: “Alguns problemas no sistema biliar, que é o sistema de drenagem da vesícula, fígado e pâncreas, costumam deixar as fezes mais pálidas”, conta a nutricionista Mariana. Nesse caso, doenças como hepatite, cistos hepáticos e cirrose merecem ser investigados.

Pretas: são um forte indício de sangramento na parte superior do sistema digestivo, onde ficam o esôfago, estômago e duodeno. “As úlceras gástricas, por exemplo, ao sangrarem, modificam a coloração das fezes, tornandoas pastosas e de cor escura”, explica Fábio Yamashiro.

Avermelhadas: também sinalizam sangramento, desta vez, na parte inferior do trato gastrointestinal, que envolve o intestino grosso, o reto e o ânus. “O consumo excessivo de alimentos avermelhados como a beterraba, por exemplo, também pode deixar as fezes nesta coloração”, diz Mariana.

Consistência

Duras e secas: quando elas têm a forma de bolinhas rígidas e são difíceis de eliminar, pode ser sinal de prisão de ventre, causada pelo baixo consumo de água ou por falta de fibras.
“Alimentos ricos em carboidratos simples ou com elevado potencial alergênico (leite e glúten), podem desestruturar a flora intestinal de algumas pessoas e causar este sintoma”, explica a nutricionista Mariana.

Moles e aquosas: além de indicar diarreia, esta consistência sinaliza problemas no estômago, intestinos e fígado, entre outros. “Uma das causas pode ser a má alimentação, com o consumo excessivo de doces e alimentos gordurosos ou estragados, além do estresse emocional”, afirma a nutricionista.

Espumosas e gordurosas: “quadros de insuficiência pancreática crônica podem ser percebidos pela presença de fezes desse tipo e que flutuam no vaso, associadas ou não à presença de gordura livre que também flutua na água”, explica o gastroenterologista Yamashiro.
Esse quadro, segundo ele, pode ser visto também em pessoas que usam medicamentos anti-obesidade.

Para driblar a constipação

O segredo número um para fugir da incômoda prisão de ventre é respeitar o ritmo do intestino. Ou seja: quando ele quiser funcionar, nada de adiar a ida ao banheiro.
“Não respeitar com frequência seu organismo pode levar a um quadro de constipação chamada funcional, no qual o estímulo de evacuar inibido constantemente leva à redução das evacuações”, explica Yamashiro.
Uma alimentação rica em fibras e a ingestão adequada de água também são fundamentais para prevenir esse problema.

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