Vacinas – HPV, Hepatite B,Catapora e Coqueluche
Imunização contra hepatite B e coqueluche está mais acessível. Duas outras novas vacinas, contra HPV e catapora, também farão parte da oferta. Pelo menos R$ 1,3 mil. Esse era o valor que um brasileiro adulto desembolsava para se proteger contra dois vírus perigosos, com consequências graves para a saúde: o vírus da hepatite B, que atinge as células do fígado, e o papilomavírus (HPV), que pode causar câncer de colo do útero.Há menos de um mês, no entanto, o Ministério da Saúde ampliou a vacinação para a hepatite B para pessoas com até 49 anos.
Antes, somente aqueles com menos de 30 podiam tomar as doses pela rede pública, gratuitamente.
Já as meninas de 10 e 11 anos podem se imunizar contra o HPV, gratuitamente, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), desde de 2014.
Esse acesso ampliado e novo na rede é visto com otimismo por especialistas, que esperam, ainda para este ano, a entrada das vacinas para catapora e coqueluche no SUS. É aos poucos que as prevenções para as doenças se tornam gratuitas no Brasil, onde, de acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), Renato Kfouri, há uma das maiores coberturas vacinais do mundo. “Nesse aspecto o Brasil é imbatível”, defende.
Há 14 anos, por exemplo, entrava no calendário de imunização nacional a vacina para hepatite B.
Segundo lembra Renato, as doses foram, primeiro, aplicadas em bebês.
“Com o passar do tempo, passou a ser estendida a crianças maiores; em seguida, aos adolescentes, depois chegou aos adultos de até 29 anos”, destaca.
Hoje, aqueles com até 49 anos, que têm interesse em se vacinar, podem ir a qualquer posto de saúde para receber as três doses.
De acordo com o ministério, a medida beneficia um público-alvo de 150 milhões de pessoas – 75,6% da população. Pelo mesmo caminho segue a vacina para o HPV. Relativamente nova no mercado, a imunização chega a custar, nas clínicas particulares, até R$ 1 mil por três doses. Em 2014, ela passou a ser oferecida, gratuitamente, pelo SUS. Porém, inicialmente, para um público restrito: apenas meninas de 11 e 10 anos.
Na visão de Renato Kfouri, esse acesso é apenas um primeiro passo e a tendência é que essas doses sejam ampliadas para outras idades.
“Começar por essas jovens é estratégico.
Isso porque esse é o grupo prioritário e as doses funcionam melhor nessa idade.
Elas ainda não se expuseram na vida sexual”, defende, dizendo que a prioridade por mulheres é porque o mal é mais cruel com elas, que, contaminadas pelo vírus, podem desenvolver o câncer de colo do útero.
“É uma vacina relativamente nova, então, não temos certeza de até quando ela pode durar.
Há estudos que mostram que a durabilidade é de, pelo menos, 20 anos.
Mas isso virá com o tempo”, aposta. Foi assim com a hepatite B, no qual o vírus só aparece em humanos. Por isso, de acordo com especialistas, ao se conseguir vacinar cada vez mais uma parte da população contra o mal é possível que, daqui a alguns anos, ele seja erradicado no país. “Muitos de nós adquirimos a doença, mas o próprio organismo elimina e cura.
No entanto, algumas pessoas ficam portadoras crônicas e mantêm a doença viva”, conta Renato.
Quanto mais cedo se adquire a hepatite, mais chances a pessoa tem de se tornar um portador crônico.
“Um bebê tem 90% de probabilidade; já o adulto, 5%.
Por isso, a vacinação começou com recém-nascidos”.
Renato diz que, depois da campanha de imunização em crianças, já não há mais casos novos no país em menores de 14 anos.
“Por isso, foi-se ampliando a vacina aos poucos.
Doses futuras
Neste segundo semestre, entrarão na rede pública duas vacinas que são esperadas com ansiedade por especialistas: a de coqueluche para gestantes e catapora. A primeira será a vacina DTPa (tríplice acelular contra difteria, tétano e coqueluche) e surgiu a partir de dados do órgão sobre os avanços da coqueluche no país – os casos passaram de 2.258 em 2011 para 4.453 em 2012.Dos registros no ano passado, 97% aconteceram em bebês menores de seis meses, idade em que a criança ainda não desenvolveu total proteção contra a doença.
A vacinação inicial é feita em três doses: a primeira aos 2 meses, a segunda aos 4, e a terceira aos 6 meses, disponíveis nos postos de saúde.
Hoje, as grávidas só podem tomar em clínicas particulares. Também entra no calendário básico de saúde a vacina contra catapora. De acordo com o Ministério da Saúde, a tetraviral – uma versão atualizada da tríplice viral – irá imunizar, em uma só injeção, contra sarampo, caxumba, rubéola e catapora. Atualmente, a imunização contra a catapora é feita pelo SUS apenas quando há casos de surtos.
A primeira dose da vacina será dada no primeiro aniversário, com reforço aos quatro anos.
Às crianças que já tomaram a primeira dose da tríplice ou mesmo para adultos que não sabem se tomaram ou não a vacina, o SUS irá oferecer somente a tríplice.
Isso porque, como a primeira dose não foi dada, tomar somente a segunda dose da vacina contra a catapora não é suficiente para uma imunização completa.
HPV
O condiloma acuminado é uma doença sexualmente transmissível causada pelo papilomavírus humano (HPV). Atualmente, existem mais de 100 tipos do vírus – alguns deles podendo causar câncer, principalmente no colo do útero, no ânus e na boca (devido à prática de sexo oral).O exame de prevenção do câncer ginecológico, o Papanicolaou, pode detectar alterações precoces no colo do útero e deve ser de rotina para todas as mulheres.
A infecção pelo HPV normalmente causa verrugas de tamanhos variáveis.
No homem, é mais comum na cabeça do pênis e na região do ânus. O exame deve ser pedido durante consulta ao urologista.
Na mulher, os sintomas mais comuns surgem na vagina, vulva, ânus e colo do útero.
As lesões também podem aparecer na boca e na garganta.
Tanto o homem quanto a mulher podem estar infectados pelo vírus sem apresentar sintomas.
Calcula-se que existam cerca de 630 milhões de pessoas infectadas no mundo por um dos tipos de HPV.
No mundo, 280 mil morrem da doença a cada ano, cerca de 8 mil no Brasil.
Hepatite B
Pode ser transmitida por relações sexuais sem camisinha; de mãe para o filho durante a gestação, parto ou a amamentação; ao compartilhar material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos); material de higiene pessoal ou de confecção de tatuagem e colocação de piercings; ou por transfusão de sangue contaminado.
A maioria dos casos não apresenta sintomas, mas os mais frequentes são cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
O diagnóstico é feito por meio de exame de sangue específico.
Catapora
A doença, que tem o nome científico de varicela, é uma infecção altamente contagiosa e causada pelo vírus varicela-zóster. A transmissão é feita pelas vias respiratórias, por partículas transportadas pelo ar contaminadas com o vírus.Os sintomas costumam aparecer de 10 a 21 dias depois da infecção e incluem dores de cabeça leves, febre moderada, perda de apetite e mal-estar.
Dois a três dias depois dos primeiros sinais, surgem erupções avermelhadas com coceira.
O tratamento pode ser atópico ou com o uso de medicamentos.
Entre 2000 e 2011, foram registradas 69.
525 internações por catapora no país. Crianças de 15 meses que já tenham recebido a primeira dose da tríplice viral vão passar a ser vacinadas também contra catapora, incluída na vacina tetra viral, que protege ainda contra a rubéola, caxumba e sarampo. A nova vacina (injetável) substitui a segunda dose da tríplice viral. Com a inclusão, a ideia é reduzir em 80% as internações pela doença. Por ano, cerca de 9 mil pessoas são internadas e mais de 100 morrem por causa da catapora. A vacina tetra viral tem 97% de eficácia e raramente causa reações alérgicas.
A previsão do ministério é que a vacina esteja disponível em todas os 34 mil pontos de vacinação até o final do mês. De acordo com o Ministério da Saúde, as doses já foram repassadas para as secretarias estaduais de Saúde, mas estado e município define como e quando será feita a imunização. A pasta recomenda que os pais ou responsáveis se informem no posto de saúde mais próximo de casa.
Coqueluche
A coqueluche é uma doença bacteriana que atinge o sistema respiratório e cujas complicações – convulsões, pneumonias e encefalopatias – podem levar o indivíduo à morte. Causada pelas bactérias Bordetella pertussis e B. parapertussis, é disseminada por meio de gotículas de saliva e, no organismo, lesa os tecidos da mucosa.Os primeiros sintomas são semelhantes aos da gripe e consistem em tosse, coriza, febre e olhos irritados.
O próximo estágio se desenvolve cerca de duas semanas depois, e tem como característica acessos de tosses sucessivas, que podem ser acompanhadas de muco.
O tratamento é feito sob orientação médica e consiste basicamente no uso de antibióticos.
Imunização ampliada
Em 2013, a idade subiu para 49 anos.
A medida já está valendo nos postos de vacinação. A vacina é a medida de prevenção mais segura e eficaz contra a hepatite B. A proteção é garantida após a aplicação de três doses. A segunda dose deve ser aplicada 30 dias após a primeira e a terceira, seis meses após a primeira, informa o Ministério da Saúde. As hepatites são doenças que atacam o fígado. Estimativas do ministério apontam que 2,3 milhões de brasileiros são portadores das hepatites, sendo (800 mil) do tipo B e (1,5 milhão) do tipo C. A produção da vacina de hepatite B é feita pelo Instituto Butantan, em São Paulo.