Balão intragástrico – Como Funciona

Emagrecer está no topo da lista de desejos de muita gente. A medicina acompanha essa necessidade e, volta e meia, surgem novas técnicas para esse fim. Embora não seja um procedimento necessariamente novo, o balão intragástrico ajustável de longa permanência é uma das alternativas mais recentes do mercado.
Aprovada recentemente no Brasil, a diferença é que o balão pode ser insuflado outras vezes.
A técnica é semelhante à do balão intragástrico convencional: por meio de uma endoscopia, os médicos introduzem o dispositivo no estômago do paciente.
“A diferença é que podemos insuflá-lo outras vezes, o que faz com que ele dure mais tempo”, detalha Fernão Cury, gastroenterologista e especialista em cirurgia bariátrica.
Assim, o efeito de saciedade causado pelo balão (já que o objeto ocupa parte do estômago) é prolongado por até um ano, contra seis meses da técnica convencional.

Cury explica ainda que, uma vez implantado, o balão tende a se “acomodar” no organismo. Quando o corpo finalmente se acostuma com o obstáculo, aprende a burlá-lo. Como consequência, o procedimento perde o efeito e o objeto precisa ser retirado. O novo modelo permite que os médicos “preencham” novamente o balão, renovando o tratamento.
A reinsuflação pode ser feita de duas a três vezes. Apesar do termo “insuflação”, Fernão Cury explica que o balão não é preenchido com ar, mas com soro fisiológico e corante azul de metileno.

Eduardo Usuy Jr, gastroenterologista e diretor eleito da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva, explica que o procedimento não é novo, mas só agora é feito no Brasil. “O balão foi desenvolvido na Europa e já usado clinicamente há mais de 6 anos em milhares de pacientes europeus”, comenta.
Aqui, foi autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no fim do ano passado.
Ainda de acordo com o médico, embora relativamente simples, o procedimento demanda atenção de várias especialidades médicas.
“O paciente deve ser acompanhado com uma equipe multiprofissional, com nutricionista, psicólogo e educador esportivo, cuja função é a manutenção dos resultados conquistados, incentivar prática de atividades físicas e também para mudar hábitos de vida.
Devemos conscientizar que o emagrecimento é uma consequência e que tratamentos milagrosos não existem.
Persistência e força de vontade são sempre necessárias para chegar ao objetivo principal”, afirma.

Dieta

A dieta diária para quem coloca o balão intragástrico varia de 850 a 1200 calorias. Não é possível quantificar somente uma refeição, pois vai depender da forma como o paciente consegue ingerir. O importante é que a pessoa hidrate-se ao longo do dia.

O paciente mantém uma dieta líquida nos primeiro 21 dias após a colocação do balão. Nessa fase só é permitido tomar isotônicos, água de coco, picolé de frutas e chá. Após esse período, são acrescentados alimentos mais cremosos, como sopas. Depois de 30 dias, o paciente começa a ingerir alimentos sólidos, mas numa quantidade muito pequena.

De 100 pacientes que colocam o balão intragástrico, 75% conseguem cumprir a meta mínima, que é perder 10% de peso. Dos pacientes que conseguem emagrecer, 47% recuperam  peso após um ano da retirada do balão.

Alerta

O Conselho Federal de Medicina (CFM) diz que é proibido qualquer anúncio de procedimentos em jornais. Porém, a punição ao médico só ocorre se o CFM for comunicado. Isso pode ocorrer de três formas: através de denúncia, matéria publicada na imprensa ou quando um paciente que teve problema em decorrência do procedimento entra com ação contra o médico.
A partir disso, o CFM abre sindicância para apurar o caso.
O médico pode ser simplesmente advertido ou até cassado.