Antioxidantes podem ajudar na subfertilidade masculina

Já de muito tempo sabemos que a qualidade do sêmen do homem moderno é pior do que aquela dos nossos antepassados. Isto se deve a uma série de fatores cumulativos que prejudicam a produção dos espermatozoides: estresse, sedentarismo, poluição, substâncias químicas nos alimentos, agrotóxicos, excesso de gorduras saturadas, etc. Estes fatores, de um modo geral, aumentam a presença de substâncias oxidantes, como os radicais livres em vários sistemas do organismo, inclusive nos testículos – onde são produzidos os espermatozoides.

 

Os radicais livres são compostos químicos que podem levar a lesão ou morte celular. Estão relacionados a vários processos degenerativos do nosso organismo, como envelhecimento, neoplasias e disfunções de vários sistemas orgânicos. Estudos já comprovaram que homens que possuem maior concentração de radicais livres em seus testículos têm pior qualidade seminal e risco maior de sub-fertilidade.

Uma estratégia para reduzir estes radicais livres é aumentar a concentração de substâncias antioxidantes, que combatem os radicais livres, no organismo. E como conseguir isto? A melhora dos hábitos de vida é uma opção lógica: redução do estresse, não fumar, praticar atividade física, reduzir ingestão de gorduras saturadas, enlatados e alimentos artificiais, e, em casos selecionados, ingerir substâncias com conhecida capacidade antioxidante. Exemplos de antioxidantes são a vitamina E, Vitamina C, Folatos, Zinco, Carotenóides, entre outros tantos.

Estudo recente publicado agora em janeiro de 2011 pela organização Cochrane sugere que o uso de substâncias antioxidantes (vitaminas e outros elementos) como suplemento alimentar pode melhorar a fertilidade de casais nos quais o homem tem diminuição da produção e função de seus espermatozoides.

A organização Cochrane é reconhecida internacionalmente pela alta qualidade científica de suas publicações. No caso em questão, foi realizada a revisão e compilação de dados de 34 ensaios clínicos, com mais de 2.800 casais estudados. Os ensaios clínicos são considerados o “padrão-ouro” dos estudos científicos pois permitem a comparação da eficácia de dois tipos diferentes de tratamentos numa mesma população de pacientes.

Algumas considerações:

– O significado do efeito do tratamento, que diz respeito diretamente ao resultado clínico encontrado ainda é discreto. Os casais sub-férteis estudados que não estavam usando antioxidantes tiveram uma taxa de gravidez espontânea durante o período de acompanhamento de 3%. Nos casais cujo homem ingeriu anti-oxidantes, a chance de gravidez foi de 12%. Mesmo havendo aumento de 4 vezes na taxa, 12% ainda é uma chance muito baixa de gravidez espontânea.

– Os estudos ainda não elucidaram quais as substâncias antioxidantes mais eficazes, em qual dose, e por quanto tempo devem ser utilizadas.
Fundamental ainda também que os estudos esclareçam se esta melhora de fertilidade com uso de antioxidantes ocorreria também nos casais submetidos a tratamentos de reprodução assistida, como a inseminação intrauterina e a fertilização in-vitro.

Portanto, nada de começar a tomar por conta própria vitaminas para melhorar sua fertilidade. Continua valendo a máxima da medicina: cada caso é um caso. O uso indiscriminado de substâncias antioxidantes é perigoso e deve ser evitado. O melhor sempre é que o casal procure o especialista em medicina reprodutiva para orientação e condução do seu caso.