Cistite: como evitar?

A cistite é muito comum, ocorre em 3% das meninas e 1% dos meninos até os 10 anos de idade. As mulheres em atividade sexual farão, no mínimo, um episódio de cistite a cada dois anos. A incidência de infecção urinária em homens é muito menor do que nas mulheres. Em média, ocorrem 5 a 8 casos de cistite por 10.
000 homens, quase sempre resultantes de fatores obstrutivos (malformações, cálculos), diabetes mellitus e rim policístico.

Comum entre as mulheres, a crise de repetição representa um grande incômodo, mas o tratamento é simples e à base de antibiótico. Ir ao banheiro várias vezes no dia e sentir dor ao urinar são os primeiros sinais da infecção.

As infecções do trato urinário ou cistites estão entre os problemas mais comuns a afetarem o sexo feminino. Especialistas afirmam que cerca de 50% das mulheres vão ter o problema pelo menos uma vez na vida.
“Dessas, 25% terão cistite de repetição”, afirma Jorge Milhem, presidente da Comissão de Uroginecologia da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

A cistite de repetição é caracterizada quando há mais de dois casos de infecção no semestre ou três durante o ano. Questões anatômicas – proximidade entre a vagina e o ânus, bem como um canal uretral menor – são as principais responsáveis pela reincidência entre as mulheres e, na maioria dos casos, o tratamento é simples e feito com antibióticos. “Elas podem ter a crise simplesmente por serem do sexo feminino”, garante Carlos Sacomani, diretor da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).

Infecção urinária ou cistite?

Para não confundir, saiba que a infecção urinária é uma denominação mais generalizada, referente a uma infecção que se manifesta em qualquer parte do trato urinário. Mas, dependendo do local que atinge, recebe um nome específico.
Assim, quando a infecção está na uretra (canal que leva a urina da bexiga para o meio externo), a doença recebe o nome de uretrite. Se atingir a bexiga, trata-se de uma cistite.

O que é cistite?

Toda infecção ou inflamação na bexiga é denominada cistite. Mas, na maioria dos casos, a doença é infecciosa e causada por uma bactéria chamada Escherichia coli, que habitualmente vive no intestino e é importante para a digestão dos alimentos. Adultos e crianças estão sujeitos à infecção, porém meninas e mulheres adultas são as mais atingidas.

Isso porque nelas a distância entre a uretra e o ânus é muito curta, o que favorece infecção.
Após um período de multiplicação, essa bactéria pode invadir a uretra e se localizar na bexiga, causando uma cistite infecciosa. Essa situação é mais fácil de acontecer nas mulheres, devido principalmente, a causas anatômicas.

Outros tipos de agentes infecciosos podem também causar cistite como, por exemplo, o bacilo de Koch. Nesse caso, temos uma cistite tuberculosa. Em pacientes imunodeprimidos (pacientes aidéticos-soropositivos ou portadores do vírus HIV) ou sob quimioterapia, é comum as cistites por fungos. Existem cistites não infecciosas, de causa inflamatória.

Pacientes que se submetem à radioterapia de órgãos pélvicos (útero, próstata) podem adquirir uma inflamação vesical que é chamada de cistite rádica. Outro tipo de cistite não rara é a cistite intersticial de causa desconhecida.
É uma inflamação crônica , insidiosa, com a tendência de diminuir a capacidade da bexiga, trazendo dor e desconforto para a paciente.

As cistites infecciosas são causadas por fatores anatômicos predisponentes, por fatores constitucionais e genéticos, por instrumentação do aparelho urinário (uso de sondas uretrais), por cirurgias sobre o aparelho urinário, por doenças do aparelho urinário (“pedras”), pela atividade sexual, pela presença de corrimento vaginal.

Quando acontece

“Existem três fases em que a doença se manifesta com mais frequência na mulher”: no período escolar, a menina está mais sujeita ao problema porque ainda não tem uma higiene adequada. A adolescente ou a mulher adulta jovem, quando inicia a atividade sexual.

E no climatério, a cistite ocorre com mais assiduidade por causa da queda das defesas naturais em decorrência da baixa produção dos hormônios”, diz o urologista Adriano Francisco Cardoso Pinto. Além desses, há outros fatores que favorecem uma maior incidência de cistite.

Mulheres com queda de resistência por causa de diabetes, de uma deficiência no sistema imunológico (como a Aids), ou mesmo de constantes corrimentos vaginais, são mais atingidas pela doença. Outras podem ser mais suscetíveis ao problema por causa das relações sexuais, já que a pressão do pênis pode causar atrito na área genital, favorecendo o surgimento de infecções.

Cistite: como evitar?

Sintomas da cistite

Os sintomas normalmente são dolorosos e incômodos

Em geral, os sinais mais comuns do problema são: aumento da frequência das micções (como é denominado o ato de urinar), vontade urgente de urinar, dor na bexiga, ardência, dor e dificuldade ao urinar. Podem aparecer também dores lombares e no baixo ventre. O aumento de temperatura por causa da infecção é mais comum em crianças.
A urina pode apresentar um odor característico e até mesmo sangue: “Esse sintoma indica uma cistite mais agressiva, ao ponto de irritar bastante a mucosa da bexiga, o que causa o sangramento”, informa Adriano.

Como é feito o diagnóstico

O histórico do paciente ajuda o médico a descobrir primeiro se é realmente uma cistite e, segundo, onde a infecção se localiza. Depois, o exame tipo I de urina dá uma ideia ao profissional da quantidade de leucócitos (glóbulos brancos), e das hemácias (glóbulos vermelhos) presentes.
Entretanto, o exame mais importante é a urocultura com antibiograma, um teste que determina se a cistite é infecciosa ou não.
No caso positivo, identifica a bactéria causadora do problema.

Tratamento fácil

Felizmente, as cistites infecciosas apresentam bom prognóstico. O problema é a sua repetição principalmente em mulheres, onde na maioria das vezes não se encontra uma causa evidente. Em muitos casos, o médico necessita fazer uso prolongado de antibióticos em doses pequenas e diárias para evitar a repetição.

A cistite intersticial é um desafio para o urologista, pois sua causa é desconhecida, logo o tratamento fica prejudicado. Cada ano surgem novas drogas sem, entretanto, haver um benefício significativo para os pacientes. As cistites rádicas são menos frequentes do que anos atrás, visto a modernidade dos aparelhos de radioterapia.

Na maioria das vezes, a cistite não é considerada uma doença grave: “Se o número de bactérias presentes for pequeno, o próprio organismo se incumbe do problema”, diz Cardoso Pinto.
Entretanto, em muitas ocorrências de cistites infecciosas agudas é necessário o uso de antibióticos, que serão escolhidos de acordo com o tipo de bactéria encontrada no exame laboratorial de urina.
Se o tratamento for seguido à risca, a probabilidade de cura é grande.
Por isso, é tão importante tomar os medicamentos receitados pelo médico, respeitando o tempo recomendado por ele mesmo que os sintomas tenham desaparecido logo no início.

Ao desconfiar da infecção, o primeiro passo é fazer um exame de urina para detectar o tipo de bactéria causadora do problema. “Somente depois será prescrito o antibiótico para o tratamento, que pode durar três dias.
Analgésicos também podem ser indicados para atenuar a dor”, Como explica o urologista do Hospital Vita Batel, Rogério de Fraga.
O uso inadequado de antibióticos podem agravar o problema. A doença pode evoluir e atingir o rim, causando pielonefrite, cujos sintomas são dor nas costas na altura dos rins, febre alta, calafrios e toxemia (presença de toxinas no sangue).

Interromper o tratamento também pode ser perigoso, pois torna as bactérias resistentes. Cerca de metade das mulheres que procuram o médico por conta da cistite apresenta de duas ou mais infecções urinárias ao ano.

Prevenção

Para prevenir: atenção especial à higiene

  • Beba bastante água para que o líquido ajude a expelir as bactérias da bexiga;
  • Urine com frequência. É contraindicado reter a urina na bexiga por longos períodos.
    Urinar depois das relações sexuais também favorece a eliminação das bactérias;
  • Evite roupas íntimas muito justas ou que retenham calor e umidade, porque facilitam a proliferação das bactérias;
  • Evite o consumo de cigarro, álcool, temperos fortes e cafeína que irritam o trato urinário;
  • Troque os absorventes higiênicos com frequência para evitar a proliferação de bactérias na região genital;
  • Evitar o uso de sprays, desodorantes, perfumes ou duchas íntimas;
  • Tratar a prisão de ventre, se houver;
  • Evitar o uso de calças apertadas (jeans); preferir o uso de roupa íntima de algodão,
  • Alimentar-se corretamente; ingerir frutas, verduras, legumes e outros alimentos ricos em fibras,
  • Beber muito líquido, para promover um aumento da diurese e consequente aumento da frequência urinária, que ajuda a expulsar (lavar) bactérias da bexiga.
    Para tanto, quaisquer líquidos, exceto os irritantes para a bexiga, são indicados (água, água de coco, chás, sucos, refrescos etc.)
  • Procurar obedecer os avisos de esvaziar a bexiga.
    Quando a vontade de urinar manifestar-se, evitar prender, segurar ou adiar a micção por muito tempo.
    Quanto mais tempo a urina com bactérias permanecer dentro da bexiga, mais tempo de multiplicar-se terão estas bactérias
  • Evitar o uso de preservativos não-lubrificados
  • Visitar o ginecologista para tratar possíveis corrimentos ou inflamações vaginais concomitantes e seguir as orientações do seu médico quanto ao tratamento de outras enfermidades existentes.
  • Redobre os cuidados com a higiene pessoal.
    mantenha limpa a região da vagina e do ânus.
    Depois de evacuar, passe o papel higiênico de frente para trás e, sempre que possível, lave-se com água e sabão.

Causas da Cistite

A cistite é causada por germes, em geral bactérias que entram pela uretra e chegam até a bexiga. Essas bactérias podem levar a infecções, mais comumente na bexiga. A infecção pode se espalhar para os rins. Na maioria das vezes, o corpo consegue eliminar as bactérias na urina.
No entanto, às vezes as bactérias podem ficar presas na parede da uretra ou da bexiga ou crescer tão rapidamente que algumas bactérias permanecem na bexiga.

As mulheres tendem a ter mais infecções que os homens porque têm uma uretra mais curta e próximo ao ânus. Por esse motivo, as mulheres têm maior probabilidade de ter infecções depois da atividade sexual ou ao usar um diafragma como .
Os itens a seguir também aumentam as chances de desenvolver cistite:

  • Um tubo chamado cateter urinário inserido na bexiga
  • Bloqueio da bexiga ou da uretra
  • Diabetes
  • Próstata aumentada, estreitamento de uretra ou algo que bloqueie o fluxo da urina
  • Perda de controle intestinal (incontinência intestinal)
  • Idade avançada (principalmente em pessoas que vivem em asilos)
  • Gravidez
  • Problemas para esvaziar a bexiga (retenção urinária)
  • Procedimentos que envolvem o trato urinário
  • Permanecer imóvel por um longo período (por exemplo, ao recuperar-se de uma fratura de quadril)
  • Alergia a componentes usados em produtos de higiene íntima tais como sabonetes, cremes, loções, óleos, sais para banho etc.
  • A menopausa também aumenta o risco de infecções no trato urinário
  • Usar diafragma como contraceptivo
  • Anormalidades obstrutivas ou estruturais do trato urinário como fístulas, cistocele, divertículo da uretra, tumores, estreitamentos, cálculos etc
  • Gravidez, onde o risco para o desenvolvimento de cistite é dobrado
  • Preservativos não-lubrificados traumatizam as paredes vaginais e aumentam o risco de cistite.

O sexo e a cistite

A atividade sexual frequente aumenta o risco de cistite. Cerca de 80% dos casos ocorrem nas 24 horas que se seguem ao coito.

Um súbito aumento da frequência da atividade sexual aumenta o risco de cistite, especialmente se a mulher usar diafragma. Mulheres que se relacionam sexualmente pela primeira vez ou que o fazem intensa e frequentemente, especialmente após um período longo de abstinência, podem desenvolver cistite.
Esses casos são chamados de “cistite da lua-de-mel”.

A cistite aguda bacteriana costuma ser bastante incômoda e, não raro, faz com que a paciente procure ajuda médica prontamente.

Dúvidas frequentes sobre infecção urinária e cistite

As cistites constituem um problema urinário não só para as mulheres grávidas ou que iniciam a vida sexual. Elas também são problemas sérios na vida das crianças.

É muito importante que, feito um diagnóstico de cistite numa criança, sejam avaliadas as condições de suas vias urinárias para verificar se não existe malformação na bexiga ou nos ureteres que favoreça a instalação da doença.
Mesmo que a criança seja assintomática, episódios de febre e perda de peso podem ser sinal de infecções urinárias de repetição responsáveis por lesões renais importantes.

Tanto as meninas quanto os meninos precisam fazer esse estudo?

Os meninos, sempre. Em relação às meninas, há um pouco de controvérsia, mas eu recomendo investigar a anatomia das vias urinárias para saber se não há alguma alteração como o refluxo vesicuretral, ou seja, o retorno para os rins de parte da urina que estava na bexiga.
Esse problema pode ser provocado por uma anomalia nos ureteres e, se não for tratado, resultará em lesões renais graves.
Às vezes, nos deparamos com adultos que apresentam perda ou insuficiência da função renal por causa do refluxo vesicuretral que não foi diagnosticado na infância.

Na infância, as infecções urinárias também são mais frequentes nas meninas do que nos meninos?

São mais frequentes nas meninas.

E na adolescência, como é a distribuição dos casos?

Sempre a mulher apresenta maior risco de infecção. Está provado que aumenta a incidência de infecção urinária, quando a adolescente começa a ter vida sexual ativa. Estudos realizados com jovens americanas confirmam invariavelmente esse achado.
Embora a relação sexual seja um fator facilitador, há mulheres com vida sexual ativa que nunca tiveram esse tipo de infecção.
Isso leva a crer que exista uma associação entre atividade sexual e predisposição genética.

Grande parte das uretrites são sexualmente transmissíveis. É o caso da gonorreia e das infecções por clamídea. Já as cistites não são doenças sexualmente transmissíveis, embora também possam estar relacionadas com o ato sexual.

É bom que isso fique claro. As cistites não são transmitidas sexualmente tanto que a infecção pode acometer crianças. Por outro lado, embora o pico da infecção ocorra em mulheres jovens entre 30 e 40 anos, a incidência de cistites é alta em senhoras de mais idade.

Qual é o risco de as mulheres grávidas contraírem cistite?

Mulheres grávidas têm predisposição maior para as infecções urinárias. Por isso, o pré-natal deve incluir exame de cultura de urina. Se o resultado for positivo, quanto antes for iniciado o tratamento, melhor para o controle da doença.

Por que a incidência de cistite aumenta nas mulheres mais velhas?

Talvez aumente por alterações provocadas pela menopausa. No entanto, as alterações neurológicas por que passam homens e mulheres idosos também influem. Muitos são obrigados a conviver com certas limitações que favorecem a prevalência de infecções urinárias, como incontinência urinária, uso de fraldas e permanência no leito.

Quando entram na menopausa, um dos fatores de risco para a infecção urinária, algumas mulheres começam a apresentar cistites de repetição. A investigação mais rigorosa das vias urinárias se justifica para essas mulheres?

No primeiro episódio de cistite da mulher, o ideal é fazer uma avaliação clínica completa e, não identificando nenhum outro problema, o médico prescreve o tratamento. Todavia, se a infecção recidivar, é recomendado uma avaliação mais detalhada das vias urinárias para saber se existe um fator desencadeante, alguma obstrução, talvez.
Como os homens, depois de certa idade, podem apresentar cistite provocada por problemas prostáticos, a investigação mais rigorosa deve ser indicada para eles.

Nos quadros clássicos de cistite, com dor e dificuldade de micção, é fácil diagnosticar e prescrever o tratamento. Quando a paciente é assintomática e os sinais de infecção aparecem num exame de urina de rotina, qual a conduta que se deve adotar?

O tratamento da infecção urinária assintomática, também chamada de bacteriúria assintomática, é um assunto de extrema importância para ser discutido. Mulheres grávidas e os pacientes que serão submetidos à sondagem, a cateterismo das vias urinárias, devem ser tratados.

Os outros, estamos autorizados a não tratar. Na verdade, é um erro tratar a bacteriúria assintomática.Veja o que acontece se o indivíduo sem sintomas, que descobriu ser portador de infecção urinária por um exame de rotina, receber tratamento.

Depois de duas ou três semanas com medicação, um novo exame apresentará resultado negativo.
Dali a alguns meses, porém, a taxa de recolonização das bactérias pode voltar a crescer muito e ele será tratado de novo.

Repetindo essa conduta, em pouco tempo, teremos criado uma bactéria altamente resistente que não responderá à ação dos medicamentos. Pacientes assintomáticos devem ser informados que têm uma bactéria, aparentemente uma colonização delas, e que o uso de antibióticos, em vez de ajudar, pode prejudicá-los e muito.
Eles precisam de orientação, acompanhamento e monitorização e não devem automedicar-se.

Como é dada essa orientação?

Em geral, isso acontece com a mulher. O médico deve dizer-lhe que, apesar de assintomática, ela tem uma bactéria nas vias urinárias e que deve entrar em contato com ele se sentir dor ou ardor para urinar, febre ou mal-estar. No caso do paciente idoso acamado e debilitado, a orientação é dada à família.

Se ele apresentar febre, calafrios, rebaixamento do nível de consciência e ficar torporoso, o médico deve ser avisado logo, porque a infecção pela bactéria pode estar dando sintomas. Enquanto não aparecerem esses eventos, não se introduz o tratamento para não criar bactérias ultrarresistentes que tornarão o quadro muito mais difícil e complicado.

Em que situações é indicada uma avaliação do sistema urinário mais criteriosa depois de um episódio de cistite?

O médico está autorizado a tratar a adolescente ou a mulher jovem com cistite sem recomendar a avaliação criteriosa. No entanto, dependendo do grau de ansiedade da paciente, pode-se prescrever um ultrassom das vias urinárias, exame não invasivo que permite verificar se existe alguma alteração anatômica.

Nos homens, a primeira infecção urinária e, nas mulheres, infecção urinária recidivante requerem investigação mais detalhada até para programar uma estratégia adequada de tratamento.

Há mulheres que relacionam estresse com infecção urinária. Isso procede?

Não existe nenhum estudo consistente que estabeleça relação entre estresse e infecção urinária. Todavia, se não é causada por estresse, ela gera muito estresse. É incômodo ter cistite uma vez por mês ou a cada dois meses, com dor e desconforto, fazer exames e tratamento.

A situação é tão desgastante que, quando a mulher jovem começa a ter cistite de repetição, uma das medidas que se tem mostrado eficaz é manter pequenas doses de antibióticos por semanas, às vezes por meses, como profilaxia.
Embora seja uma proposta de tratamento de que nem sempre as mulheres gostam, parece que ajuda a reduzir o aparecimento e o número das infecções.

O tratamento das infecções urinárias é feito com antibióticos ou quimioterápicos.
Quantos dias esses medicamentos devem ser prescritos no primeiro episódio de uma infecção aparentemente benigna?

O tratamento clássico para cistite não complicada em mulher são três dias de antibiótico. Considera-se um exagero manter a medicação por sete ou quatorze dias. Existem tratamentos com dose única, mas apenas 70% dos pacientes se beneficiam com ele e uma falha de 30% não pode ser desconsiderada.

No entanto, mulheres grávidas e pacientes que vão passar por intrumentalização cirúrgica, têm cálculo renal ou apresentam sinais de que a infecção está ascendendo e suspeita de pielonefrite, devem ser tratados por mais tempo.

Qual a porcentagem de cura com três dias de tratamento?

Mais de 90% dos casos.

Basta o exame de urina ou é necessário pedir o antibiograma para prescrever o tratamento?

Mulher jovem com os sintomas clássicos de cistite sem complicações, o médico está autorizado a tratar sem pedir exames para confirmar o diagnóstico. Basta a história clínica da paciente para indicar três dias de antibiótico. Se ela reagir bem, assunto está encerrado.

Nas infecções recidivantes, para paciente conhecida que não apresenta nenhum tipo de alteração, pode ser prescrito o mesmo tratamento por três dias sem necessidade de avaliação laboratorial.
Caso haja alguma dúvida, exame de urina acompanhado de antibiograma ajuda a identificar a bactéria e a prescrever o antibiótico mais adequado.

Quando esse tratamento empírico não surte efeito, suspende-se o antibiótico e colhe-se urina para exame a fim de verificar se a bactéria é resistente e escolher o remédio mais eficaz.

O procedimento é o mesmo para os homens?

Normalmente, os homens com infecção urinária são tratados com medicamentos durante sete dias e pede-se a investigação das vias urinárias. No entanto, se o paciente estiver com os sintomas da cistite clássica, não espera 48 horas pelo resultado do exame de urina para identificar a bactéria.
Inicia logo o tratamento empírico e depois peço uma avaliação para entender melhor as causas da infecção.

Na prática, há médicos que chegam a prescrever sete ou quatorze dias de tratamento, embora para a maioria dos pacientes não haja necessidade de mantê-lo por tempo tão prolongado.

Quatorze dias é o tempo indicado para tratar pielonefrites, embora o médico esteja autorizado a tratá-las por dez dias se o paciente estiver evoluindo bem. Manter a medicação por sete dias é uma opção para as infecções urinárias em homens e mulheres que tenham algum outro fator de risco associado.

Como diferenciar a cistite da pielonefrite?

Nem sempre é simples. Às vezes, começamos a tratar pensando que era cistite e, em poucas horas, percebemos que é uma infecção urinária mais grave. A pielonefrite costuma provocar dor nas costas na altura dos rins, febre alta, calafrios, toxemia. De alguma forma, mulheres com cistite sentem-se mais dispostas, apesar dos sintomas.

Com pielonefrite, ficam indispostas, com toxemia, calafrios, febre, náuseas e alimentando-se mal, um quadro clínico que chama mais a atenção.

Cistite pode provocar febre?

Pode dar febre baixa e sangue na urina. Por isso, ás vezes não é fácil diferenciar a cistite da pielonefrite.

Existem algumas medidas caseiras muito antigas para aliviar o desconforto das cistites? Banho ou bolsa de água quente ajudam?

O ideal é o calor local. Analgésico comum também ajuda nesse momento. Existem medicamentos próprios para as vias urinárias – alguns são antissépticos – que proporcionam certo conforto. Quando o paciente consulta o médico e começa a tomar antibiótico, em algumas horas apresenta melhora significativa.

Resumindo: calor local, analgésico e entrar em contato com o médico para que prescreva o antibiótico adequado, se necessário, são medidas eficazes para aliviar os sintomas da cistite.

A ideia de que as mulheres podem pegar infecções urinárias em banheiros públicos tem algum fundamento?

Não, e isso precisa ficar bem claro. Não existe a menor relação entre o uso de toalhas, piscina, etc. e infecção urinária, uma doença que não é contagiosa.

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